22 de Novembro de 2024

Terapia celular reverte danos nas córneas


Uma equipe de cientistas do Hospital Mass Eye and Ear, nos Estados Unidos, criou uma terapia celular capaz de reverter danos nas córneas usando células do próprio paciente. A primeira fase de testes do tratamento, descrita, ontem, na revista Science Advances, foi considerada um sucesso pelos pesquisadores. Eles constataram que, a curto prazo, a inovação foi segura e bem tolerada pelos voluntários.

De acordo com o artigo, pessoas que sofrem queimaduras químicas e outras lesões oculares podem desenvolver deficiência de células-tronco límbicas, uma perda irreversível de células no tecido ao redor da córnea. Essa condição vem acompanhada de perda da visão, dor e desconforto. Porém, sem as células límbicas e uma superfície ocular saudável, não é possível fazer um transplante artificial de córnea, o padrão atual de reabilitação visual.

O novo tratamento, por sua vez, consegue reestruturar a córnea, tornando o transplante viável ou até mesmo descartando a necessidade de fazê-lo. A terapia — chamada de transplante autólogo de células epiteliais do limbo cultivadas ou CALEC — foi realizada em quatro pacientes. Na abordagem, células-tronco do olho saudável de um paciente são removidas durante um pequeno procedimento de biópsia e, em seguida, expandidas e cultivadas, servindo como base para o tecido normal voltar a crescer.

Após duas a três semanas de cultivo, o enxerto CALEC é transplantado para o olho com danos na córnea. Nos testes, após um acompanhamento de 12 meses, os participantes tiveram a superfície ocular restaurada. Com a melhora promovida pelo tratamento, dois deles conseguiram ser submetidos a um transplante da estrutura, enquanto os outros relataram melhorias significativas na visão, sem necessidade de serem submetidos a outras abordagens.

Todos os voluntários tinham sofrido queimaduras químicas significativas em um dos olhos. Um homem de 46 anos e outros de 52 puderam receber uma córnea artificial. O mais velho, porém, não teve a primeira biópsia bem-sucedida e, três anos depois, o CALEC foi repetido e surtiu o resultado esperado. Os outros dois voluntários que não precisaram fazer transplante — pacientes com 31 e 36 anos — também apresentaram resultados significativos, como a possibilidade de ampliar os movimentos das mãos pela melhora da visão.

Segundo os pesquisadores, os resultados iniciais sugerem que o CALEC pode oferecer esperança às pessoas que sofrem com perda de visão e dor relacionadas a lesões graves na córnea. "Os especialistas são prejudicados pela falta de opções de tratamento com alto perfil de segurança para ajudar pacientes com queimaduras químicas e lesões que os impossibilitam de fazer um transplante de córnea artificial. Esperamos que, com mais estudos, o CALEC possa, um dia, preencher essa lacuna de tratamento crucialmente necessária", afirma, em nota, Ula Jurkunas, diretora- associada do Cornea Service no Mass Eye and Ear e autora principal da pesquisa.

Um dos autores do estudo, Jerome Ritz conta, em nota, que foi um desafio desenvolver um processo para a criação de enxertos de células-tronco límbicas que atendesse critérios do órgão regulador americano, a Food and Drug Administration (FDA), para engenharia de tecidos. "Tendo desenvolvido e implementado esse processo, foi muito gratificante ver resultados clínicos encorajadores na primeira coorte de pacientes inscritos neste ensaio clínico", avalia o também professor de medicina na Harvard Medical School.

Conforme o artigo, os cientistas estão finalizando a próxima fase do ensaio clínico. A nova etapa conta com 15 pacientes, que estão sendo acompanhados por 18 meses para uma avaliação mais aprofundada da eficácia geral do procedimento. A esperança dos pesquisadores é de que o CALEC possa, um dia, se tornar uma opção de tratamento para pacientes que anteriormente conviviam por longo tempo com os problemas causados pelas lesões oculares.

Cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, descobriram que o filtro de luz azul, aplicado em lentes de óculos, provavelmente não faz diferença para o cansaço visual provocado pelo uso de telas ou para a qualidade do sono. A conclusão — descrita, nesta semana, na revista Cochrane Database of Systematic Reviews — considera a análise de 17 estudos. "Nos últimos anos, há um debate sobre se as lentes de óculos com filtro de luz azul têm mérito na prática oftalmológica (...) Os resultados de nossa revisão, com base nas melhores evidências disponíveis, mostram que as evidências são incertas para essas alegações", enfatiza, em nota, Laura Downie, autora sênior do artigo. A equipe também não encontrou evidências consistentes de efeitos colaterais adversos devido ao uso desse tipo de lente. Os relatados tendiam a ser leves, pouco frequentes e temporários, como dores de cabeça. Os autores indicam a realização de ensaios clínicos de acompanhamento a longo prazo em com populações de perfis mais diversos.

Fonte: correiobraziliense

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