O armazenamento de energia em grande escala tem se mostrado um desafio para a transição energética. O Nordeste é o grande responsável pela geração eólica e solar fotovoltaica do país. A capacidade instalada é 82,6% da nacional com as duas fontes de energia. Os nove estados nordestinos também somam projetos em fase de construção e 79,7% das novas instalações programadas para entrar em operação no país, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), garantindo à região a hegemonia eólica e solar para a próxima década.
A expectativa no Ministério de Minas e Energia (MME) é que a instalação de 30GW de geração renovável e R$ 120 bilhões em investimentos sejam viabilizados após os três leilões de transmissão de energia da agência previstos para ocorrer em 2023 e 2024. Mesmo com os investimentos, os sistemas elétricos têm um grande desafio relacionado ao balanço de potência.
A energia elétrica é gerada e consumida instantaneamente com uma dificuldade considerável para ser armazenada em grande escala. O problema fica mais evidente a partir do momento em que se aumenta a penetração de fontes energéticas, como a solar e a eólica. "Há anos, o Brasil tem investido bastante em linhas de transmissão, mas o nosso maior desafio é combinar essa oferta de energia à de energia renovável. Para isso, não bastam só os geradores, mas um sistema sólido e confiável de armazenamento e transmissão dessa energia. Principalmente porque a energia eólica concentra-se no Nordeste, e a maior carga do Brasil está no Sudeste", destaca o professor de engenharia elétrica Ivan Camargo, da Universidade de Brasília (UnB).
O apagão reabriu a polêmica sobre a privatização da Eletrobras, que foi concluída em junho de 2022. O incidente se tornou uma verdadeira briga política acerca do controle do governo sobre a ex-estatal, que, hoje, detém cerca de 43% das ações ordinárias da empresa.
Na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou um decreto determinando a exclusão das ações da empresa que estão sob controle do governo no Programa Nacional de Desestatização. O decreto também revoga a qualificação das participações acionárias remanescentes de emissão da Eletrobras do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
A principal crítica do governo é quanto ao poder de voto que a União passou a ter na empresa após a privatização e a Advocacia-Geral da União (AGU) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) questionando as mudanças. "Houve uma aparente tentativa de politização de um problema técnico no sistema de distribuição de energia", alerta o advogado e professor João Manoel de Lima Júnior, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
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