22 de Novembro de 2024

A polêmica em torno da liberação de água radioativa de Fukushima


O capítulo final de uma polêmica que surgiu há dois anos, gerando protestos da população japonesa e de governos de outros países, está prestes a ser encerrado.

Nesta quinta-feira (24/8), o Japão começará a liberar água radioativa tratada da usina nuclear de Fukushima, atingida por um tsunami em 2011.

A decisão ocorre semanas após o órgão de vigilância nuclear da ONU ter aprovado o plano.

Cerca de 1,34 milhão de toneladas de água — o suficiente para encher 500 piscinas olímpicas — estão acumuladas desde que o tsunami destruiu a central.

A água será liberada ao longo de 30 anos após ser filtrada e diluída.

As autoridades solicitarão ao operador da central que "se prepare imediatamente" para o início da eliminação em 24 de agosto, se as condições meteorológicas e marítimas forem adequadas, disse o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, após uma reunião de seu gabinete.

Kishida visitou a usina no domingo, gerando especulações de que a liberação seria iminente.

O governo disse que a liberação da água é uma etapa necessária no longo e caro processo de desativação da usina, que fica na costa leste do país, a cerca de 220 quilômetros da capital, Tóquio.

O Japão recolhe e armazena água contaminada em tanques há mais de uma década, mas há cada vez menos espaço.

Em 2011, um tsunami desencadeado por um terremoto de magnitude 9,0 inundou três reatores da usina nuclear de Fukushima Daiichi.

O evento é considerado o pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl.

Pouco depois, as autoridades criaram uma zona de exclusão que continuou a ser ampliada à medida que a radiação vazava da central, forçando mais de 150 mil pessoas a evacuarem a área.

O plano para liberar água da usina causou alarme em toda a Ásia e no Pacífico desde que foi aprovado pelo governo japonês, há dois anos.

Foi assinado pelo órgão de vigilância nuclear da ONU em julho, e as autoridades concluíram que o impacto nas pessoas e no meio ambiente seria insignificante.

Mas muitos, incluindo pescadores da região, temem que a liberação da água tratada afete os seus meios de subsistência.

Uma multidão de manifestantes em Tóquio também organizou um protesto em frente à residência oficial do primeiro-ministro contra a liberação da água.

Os operadores da central Tepco vêm filtrando a água para remover mais de 60 substâncias radioativas, mas a água não estará totalmente isenta de radiação, pois ainda conterá trítio e carbono-14 — isótopos radioativos de hidrogênio e carbono que não podem ser facilmente removidos.

Mas os especialistas afirmam que não representam perigo, a menos que sejam consumidos em grandes quantidades, porque emitem níveis muito baixos de radiação.

"Enquanto a descarga for realizada conforme planejado, as doses de radiação para as pessoas serão extremamente pequenas — mais de mil vezes menos do que as doses que todos nós recebemos da radiação natural todos os anos", diz o professor Jim Smith, que leciona Ciências Ambientais na Universidade de Portsmouth, na Inglaterra.

Os especialistas também observam que a água contaminada está sendo liberada em um enorme corpo de água, o Oceano Pacífico.

"Qualquer coisa liberada do local será, portanto, enormemente diluída", diz o professor Gerry Thomas, que ensina Patologia Molecular no Imperial College London, em Londres, na Inglaterra.

O governo japonês disse anteriormente que a água radiotiva que será lançada no Oceano Pacífico, que foi misturada com a água do mar, tem níveis de trítio e carbono 14 que atendem aos padrões de segurança.

As usinas nucleares em todo o mundo liberam regularmente águas residuais com níveis de trítio superiores aos da água tratada de Fukushima.

Mas o plano gerou reações inflamadas de países vizinhos, sendo a China o adversário mais veemente.

O governo chinês acusou o Japão de tratar o oceano como seu "esgoto".

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, reiterou a objeção de Pequim na terça-feira, acrescentando que tomaria "medidas necessárias para salvaguardar o ambiente marinho, a segurança alimentar e a saúde pública".

O Japão está "colocando o seu próprio interesse acima do bem-estar a longo prazo de toda a humanidade" com a liberação de águas residuais, disse Wang.

Hong Kong disse que "ativaria imediatamente" restrições à importação de alguns produtos alimentícios japoneses.

Tanto a Coreia do Sul como a China já proibiram as importações de peixes dos arredores de Fukushima.

O governo da Coreia do Sul, no entanto, apoiou o plano e acusou os críticos de alarmismo.

Fonte: correiobraziliense

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