22 de Novembro de 2024

Guerra na Ucrânia: por que jatos F-16 doados devem ser ponto de virada no conflito


Após a invasão russa, a Ucrânia tem pedido aos aliados estrangeiros apoio com o fornecimento de caças a jato.

A chancela final dos Estados Unidos para que a Dinamarca e a Holanda doem alguns de seus jatos F-16 irá provavelmente trazer uma mudança crucial no combate.

A viagem do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky aos dois países europeus na semana passada resultou em um acordo para a Ucrânia receber, diz ele, um total de 61 jatos — 42 da Holanda e 19 da Dinamarca.

Descrevendo a celebração do acordo como um "dia poderoso e frutífero", o presidente ucraniano agradeceu aos países europeus, bem como aos EUA, pelo apoio à Ucrânia.

Assim como com os tanques Leopard e os sistemas de defesa aérea Patriot anteriormente, a entrega dos jatos F-16 fabricados nos EUA — por isso a necessidade de sua aprovação — foi resultado de longas negociações.

 

I thank @MinPres Mark Rutte, his entire team, and the Dutch people for the decision on F-16s for Ukraine. Our warriors will receive 42 great combat aircraft.

 

I thank @Statsmin Mette Frederiksen and the entire country of Denmark, as well as each…

As potências ocidentais, especialmente os Estados Unidos, relutaram por muito tempo em aprovar essa transferência dos jatos à Ucrânia, temendo que isso pudesse levar a um confronto mais direto com a Rússia.

Enquanto isso, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Grushko, já havia afirmado que os países ocidentais enfrentariam "riscos colossais" se fornecessem os jatos à Ucrânia.

O embaixador da Rússia na Dinamarca, Vladimir Barbin, ecoou o sentimento na segunda-feira (21/08), dizendo a uma agência de notícias dinamarquesa que "o fato de a Dinamarca ter decidido doar 19 aeronaves F-16 para a Ucrânia leva a uma escalada do conflito".

Nos últimos meses, aliados no exterior passaram a apoiar a Ucrânia na demanda pelos jatos, argumentando que a superioridade aérea sobre a Rússia seria a única maneira de acelerar a retomada do território ucraniano.

O porta-voz da Força Aérea da Ucrânia, Yuri Ihnat, disse em maio: "Quando tivermos os F-16, venceremos esta guerra."

Isso foi repetido por muitos no Ocidente, com especialistas militares apontando que travar uma guerra sem apoio aéreo significativo leva a mortes que poderiam ter sido evitadas.

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, compartilhou sua motivação e planos para a doação: "O objetivo desta entrega é proteger a Ucrânia. Planejamos fornecer os jatos perto do ano novo, cerca de seis deles, depois oito no próximo ano e depois outros cinco".

Embora já servido como impulso moral, a entrega das aeronaves levará alguns meses, como apontou Frederiksen.

O plano de enviar a última leva dos jatos dinamarqueses em 2025 sugere intenções estratégicas de longo prazo por parte dos parceiros europeus da Ucrânia.

Tal compromisso é crucial, dada a impossibilidade de prever o resultado da próxima eleição presidencial nos Estados Unidos.

O F-16 é considerado um dos caças a jato mais confiáveis do mundo.

Descrito como multifuncional, ele pode ser armado com bombas e mísseis guiados com precisão. Ele é capaz de voar a 2.400 km/h, de acordo com a Força Aérea dos Estados Unidos.

As capacidades de mira do F-16 permitiriam à Ucrânia atacar as forças russas com maior precisão, tanto à noite como em qualquer condição climática.

Acredita-se que a Ucrânia tenha dezenas de aeronaves de combate — todas datadas da era soviética.

A Rússia, por outro lado, usa aeronaves mais modernas, que podem voar em altitudes maiores e detectar outras aeronaves mais longe.

“Um jato russo pode ver duas a três vezes mais longe com seu radar do que o nosso caça [atual]”, disse Yurii Inhat ao Wall Street Journal. "Nosso combatente é simplesmente cego, não pode ver."

A avaliação é de que Kiev precisa de aeronaves de guerra modernas para proteger seus céus de ataques regulares e mortais de mísseis e drones russos, e também para apoiar sua contraofensiva no sul e leste da Ucrânia, que até agora teve resultados limitados.

De acordo com a Lockheed Martin, a fabricante militar americana que produz as aeronaves, existem atualmente 3.000 jatos F-16 em uso em 25 países.

A exportação e a movimentação de jatos F-16 precisam ser aprovadas pelas autoridades dos EUA porque eles são fabricados lá.

Há também um componente político na chancela, já que os Estados Unidos são o membro mais poderoso da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Uma mudança política tão significativa em relação à Ucrânia não aconteceria sem a sua aprovação.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, enviou cartas aos líderes dinamarqueses e holandeses pedindo apoio à transferência.

"Continua sendo crítico que a Ucrânia seja capaz de se defender contra o ataque russo em andamento e a violação de sua soberania", escreveu ele.

Mais importante ainda para a Ucrânia, a aprovação recente abre um caminho em potencial para que outros caças não produzidos nos EUA sejam doados para Kiev também.

Antes de fechar o acordo dos F-16 com a Dinamarca e a Holanda, Volodymyr Zelensky visitou a Suécia. Lá, o presidente da Ucrânia anunciou que o treinamento para pilotos ucranianos em jatos suecos Jas 39 Gripen havia começado, o que sugere que mais aeronaves podem estar a caminho.

O treinamento para voar, operar e manter os jatos F-16 será crucial. Um extenso programa de formação, organizado por uma coligação de países ocidentais e ministrado a um seleto grupo de pilotos ucranianos, começou na Dinamarca.

O ministro da Defesa dinamarquês em exercício, Troels Poulsen, espera que os resultados do treinamento comecem a aparecer no início de 2024.

Uma equipe de suporte também precisa ser treinada, enquanto sistemas de manutenção para os jatos precisam ser projetados e implementados.

O comandante da Força Aérea da Ucrânia, tenente-general Mykola Oleshchuk, garantiu em rede nacional que a Ucrânia tem capacidade suficiente para proteger os aviões, tornando-os "difíceis para a Rússia capturar".

Um piloto de caça ucraniano identificado como Moonfish, que está em treinamento para pilotar um F-16, disse a um canal de TV que a experiência de combate e o alto nível de proficiência em inglês foram fatores-chave no processo de seleção.

Ele disse que os pilotos e técnicos do grupo em treinamento são fluentes em inglês.

O piloto compartilhou sua admiração pelas aeronaves.

“O F-16, comparado às aeronaves que estamos voando agora, é como um smartphone ao lado de um celular de botão antigo”.

Espera-se que um programa de treinamento de longo prazo para pilotos ucranianos seja transferido da Dinamarca para a Romênia — país que comprou recentemente 32 caças F-16 usados da Noruega, em um contrato no valor de € 388 milhões (mais de R$ 2 bi). A Romênia também comprou 17 caças de Portugal.

A Romênia está em processo de modernização de sua força aérea, substituindo os obsoletos caças soviéticos MiG-21.

As forças aéreas holandesas e dinamarquesas também estão em processo de modernização. Como esses países doaram suas aeronaves "antigas" para a Ucrânia, eles também estão procurando comprar aeronaves mais avançadas.

Fonte: correiobraziliense

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