O fundador do grupo Wagner de mercenários, Yevgeny Prigozhin, está na lista de passageiros de avião que caiu próximo à cidade de Tver, na Rússia, nesta quarta-feira (23/08), segundo a agência de notícias russa Interfax.
O avião era um jato particular de Prigozhin, segundo informação do Ministério de Emergências da Rússia citadas pela agência, e todas as 10 pessoas a bordo – sete passageiros e três tripulantes – morreram.
O ministério acrescentou que o avião caiu perto do assentamento de Kuzhenkino, na região de Tver.
Antigo aliado de Putin, Prigozhin criou o grupo Wagner e lutava na guerra da Ucrânia a favor da Rússia.
No entanto, em junho, ele esteve envolvido em uma tentativa de golpe após diversos desentendimentos com o governo sobre suprimentos enviados para seus soldados na guerra.
Cerca de 5 mil soldados do Wagner marcharam rumo a Moscou na curta rebelião.
Após o episódio, mercenários do grupo receberam a opção de ir para Belarus ou se juntar ao Exército russo. Milhares estão hoje em Belarus, ajudando a treinar os soldados do país.
O governo da Polônia, que é vizinha à Belarus, diz que enviou 10 mil soldados para a fronteira para se proteger de invasões dos combatentes do Wagner.
A BBC apurou que presidiários russos recrutados pelo grupo para lutar na Ucrânia foram acusados de cometer crimes graves desde que retornaram à Rússia.
Prigozhin é um empresário russo rico e com histórico criminal. Ele ficou conhecido como o "chef de Putin", pois uma empresa sua fornecia catering para o Kremlin.
Prigozhin dizia que fundou o grupo Wagner em 2014. Neste ano, o grupo começou a apoiar forças separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia e acredita-se que ajudou a Rússia a anexar a Crimeia.
No entanto, uma investigação da BBC revelou o suposto envolvimento de um ex-oficial do exército russo, Dmitri Utkin, de 51 anos, no grupo. Acredita-se que foi ele quem fundou o Wagner e deu esse nome ao grupo, com base em seu nome de guerra no Exército.
Utkin é um veterano das guerras da Chechênia, ex-oficial das forças especiais e tenente-coronel da GRU, a agência do serviço de inteligência militar da Rússia.
Os mercenários também são ativos na África e no Oriente Médio.
Antes da guerra na Ucrânia, o grupo Wagner tinha cerca de 5 mil soldados em campo, segundo estimativas, a maioria sendo veteranos do serviço militar russo.
No entanto, Prigozhin disse em junho que o número de mercenários do grupo havia crescido depois da guerra, sendo hoje de 25 mil soldados.
O número não é grande dentro do universo militar russo. A Rússia possui mais de 1 milhão de militares na ativa, além de 900 mil funcionários civis que trabalham na Defesa. Cerca de 5 mil soldados do Wagner marcharam rumo ao Kremlin na curta rebelião de junho.
Embora forças mercenárias sejam tecnicamente ilegais na Rússia, o grupo registrou-se como uma "empresa militar privada" em 2022.
O grupo Wagner esteve profundamente envolvido na captura da cidade ucraniana de Bakhmut para a Rússia.
Tropas ucranianas dizem que os mercenários foram enviados para em grandes números para o front, e muitos morreram.
Acredita-se que semanas antes da invasão russa, os mercenários foram enviados para realizar ataques na Ucrânia sob "falsa bandeira" (false flag, em inglês), ou seja, cuja autoria é disfarçada para culpar o oponente. O objetivo seria dar um pretexto para a Rússia invadir.
O Wagner é um dos grupos que mais cresceram nos últimos anos. Isso acontece porque o Wagner conseguiu recrutar prisioneiros russos para combater na Ucrânia. Fontes americanas dizem que 80% das tropas do Wagner na Ucrânia são formadas por ex-prisioneiros russos.
Prigozhin disse que o Wagner recrutou 49 mil condenados das prisões russas.
Eles receberam perdão e um pagamento para servir durante seis meses na Ucrânia.
O líder disse que 32 mil prisioneiros retornaram da guerra, mas pesquisadores independentes afirmam que o número de sobreviventes foi de 20 mil.
A BBC apurou que 20 ex-prisioneiros que lutaram com o Wagner na Ucrânia e voltaram para a Rússia são suspeitos de terem cometido novos crimes desde então, incluindo estupro e homicídio.
Prigozhin criticava o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o chefe de gabinete das Forças Armadas, Valery Gerasimov, sobre sua atuação na guerra da Ucrânia.
Ele também descumpriu uma ordem do ministro da Defesa para que desse ao governo o controle do grupo.
Em 24 de junho, cerca de 5 mil homens do Wagner invadiram a cidade russa de Rostov-on-Don e marcharam para Moscou, com o objetivo declarado de remover do poder as lideranças militares.
No entanto, a rebelião foi interrompida após negociações com o Kremlin, que foram mediadas pelo líder de Belarus, Alexander Lukashenko.
Fonte: correiobraziliense
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