O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta seu pior momento, com diversas acusações sendo feitas ao mesmo tempo contra ele - de caso das joias a tentativas de invadir urnas eletrônicas - além de continuar respondendo por uma série de processos em andamento.
E a operação policial que cumpriu, nesta quinta-feira (25/08), mandados de busca e apreensão em endereços pertencentes a seu filho mais novo, Jair Renan Bolsonaro, deu destaque novamente ao fato de que não é apenas o patriarca da família que enfrenta problemas na Justiça.
Veja as principais acusações e suspeitas criminais que pesam contra os filhos e a esposa de Bolsonaro.
Flávio Bolsonaro foi acusado em 2020 pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de praticar as chamadas "rachadinhas" - quando parlamentares se apropriam de dinheiro destinado a pagar salários de assessores.
Segundo o MPRJ, Flávio desviou mais de R$ 6 milhões da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro quando era deputado estadual. Hoje senador, Flávio nega irregularidades.
O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, que foi chefe de gabinete de Flávio, foi apontado como operador do esquema nessa denúncia. Ele também nega.
As acusações foram por prática dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa. Outros 15 ex-assessores de Flávio também foram denunciados.
Após idas e vindas do caso na Justiça , a promotoria aguarda decisão do STJ sobre seu pedido que se retome o andamento do caso, que havia sido arquivado no TJ do Rio.
O arquivamento aconteceu depois de decisões de cortes superiores que anularam provas apresentadas pelo MP por causa de circunstâncias envolvendo sua obtenção.
O MP pediu que outras provas não atingidas pelas decisões sejam consideradas e que o caso volte à Justiça.
O chamado inquérito das Fake News, que corre em sigilo no Supremo Tribunal Federal, recebeu em abril deste ano um pedido do ministro da Justiça Flávio Dino para inclusão de Eduardo e de Flávio Bolsonaro nas investigações sobre ataques a ministros da Corte e distribuição de notícias falsas na internet.
Devido ao sigilo, não foi possível verificar se o ministro Alexandre de Moraes já analisou o pedido, mas seu gabinete não publicou nenhuma atualização sobre uma negativa até agora.
Eduardo é alvo de uma investigação que corre na Procuradoria-Geral da República sobre a compra de dois imóveis no Rio de Janeiro pagos em dinheiro e por valores abaixo do que eram avaliados na época.
O deputado já admitiu que fez pagamentos em dinheiro vivo, mas nunca explicou o uso.
Uma reportagem do UOL feita em 2022 revelou que Bolsonaro, seus irmãos e filhos compraram pelo menos 51 imóveis com dinheiro vivo.
O total do valor registrado em cartório foi de R$ 13 milhões, dos quais R$ 5,7 milhões foram pagos em cédulas - valor que com correções equivaleria hoje a R$ 11 milhões.
Deputado Federal pelo PL de São Paulo, Eduardo também foi denunciado à PGR (Procuradoria-Geral da República) por colegas da Câmara por apologia à violência contra professores. Eduardo havia feito discurso contra professores e dito que alguns são "doutrinadores" e "piores que traficantes".
A PGR ainda não abriu investigação, mas o Ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que vai determinar que a Polícia Federal investigue.
Carlos Bolsonaro também é investigado pelo Ministério Público do Rio por suspeita de operar um esquema de "rachadinhas" em seu gabinete de 2009 a 2018.
Segundo um laudo do MP elaborado pelo Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro mais de R$ 2 milhões foram desviados. Carlos nega.
Reportagem da revista Época revelou em 2019 que havia diversos funcionários nomeados para seu gabinete que nunca trabalharam no local.
Um dos casos apontados envolve Marta Valle, cunhada de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente da República.
Marta passou sete anos e quatro meses lotada no gabinete de Carlos Bolsonaro, mas afirmou ao veículo: "Não trabalhei em nenhum gabinete, não".
Ao longo de 18 anos de mandato na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, Carlos empregou Ana Cristina e sete familiares dela.
O jornal Folha de S.Paulo também encontrou uma mulher alocada no gabinete de Carlos Bolsonaro que afirmou à reportagem nunca ter trabalhado na função que lhe renderia R$ 4.271 por mês.
O MP ainda não apresentou denúncia à Justiça sobre o caso.
Os mandados de busca e apreensão que a PF cumpriu em imóveis de Jair Renan tiveram origem em duas operações que investigam suspeitos de crimes de falsidade ideológica, associação criminosa, estelionato, crimes contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro.
A TV Globo afirma que o principal alvo das operações é um instrutor de tiro e amigo de Jair Renan.
A defesa de Jair Renan confirmou que houve mandado de busca e apreensão na residência do filho do ex-presidente.
E incluiu que foram apreendidos um aparelho celular, um HD e papéis com anotações particulares.
Esclareceu, ainda, que não houve condução de Renan "para depoimento ou qualquer outra medida".
Disse, ainda, que "Renan informou estar surpreso, mas absolutamente tranquilo com o ocorrido".
Esta não foi a primeira investigação envolvendo Renan. A Polícia Federal tem ainda uma investigação do filho mais novo de Bolsonaro por suspeitas de tráfico de influência.
Ele foi acusado de ajudar empresas privadas a conseguirem espaço em agendas ministeriais em troca de vantagens pessoais. Renan negou que isso tivesse acontecido.
A ex-primeira dama está envolvida no escândalo mais recente: das joias que foram dadas de presente pelos sauditas em 2021.
O processo na Justiça envolve as circunstâncias nas quais joias dadas pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente e à sua mulher entraram no Brasil.
O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo. Segundo as reportagens, a Receita Federal reteve um conjunto de joias dadas a Bolsonaro pelo regime saudita em 2021.
No pacote havia um colar de diamantes, um anel, um relógio e um par de brincos, também de diamantes.
As joias estavam na mochila de um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que tentou entrar no Brasil com o produto sem declarar os bens ao Fisco, livrando-se, assim, do pagamento dos impostos.
Os itens também não foram registrados como presentes ao presidente em exercício, o que os tornaria isentos de impostos, mas propriedade da União.
Depois disso, o governo enviou assessores a Guarulhos para tentar reaver as joias.
Após a revelação feita pelo jornal, foi divulgada a existência de outros dois conjuntos de joias dados pela Arábia Saudita à família Bolsonaro.
Em março, o Ministério da Justiça pediu a abertura de uma investigação para apurar possível cometimentos de crimes.
Em entrevistas, Bolsonaro e sua defesa vem negando qualquer irregularidade em relação às joias. Segundo ele, todas as medidas relativas às joias teriam sido tomadas de forma legal.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, é considerado personagem central do escândalo.
Ele está preso desde maio por suspeita de envolvimento em outro crime - inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde.
O advogado de Cid, Cezar Bitencourt, disse à Veja que o militar tinha a intenção de confessar tentativas de vender as joias de forma ilegal e que era "apenas um assessor" que cumpria ordens do ex-presidente.
Em entrevista posterior à GloboNews, Bitencourt afirmou que Bolsonaro pediu a seu cliente "para resolver o problema do Rolex" (um dos itens do suposto esquema) e que o dinheiro da venda do relógio foi dado ao presidente ou à Michelle.
Cid está envolvido em outro caso que também envolve a ex-primeira-dama.
Uma investigação autorizada pelo STF mapeia transações financeiras de Mauro Cid, incluindo recursos sacados de cartões corporativos e pagamentos em dinheiro de contas do clã presidencial - entre as contas, estava a fatura de um cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro mas emitido em nome de uma amiga, segundo reportagem do site Metrópoles.
Michelle esteve ainda no centro do escândalo das "rachadinhas" envolvendo Bolsonaro, pois o Coaf identificou diversos depósitos suspeitos feitos em cheques em suas contas por Fabrício Queiroz entre 2011 e 2016.
A defesa de Bolsonaro disse que os depósitos foram pagamentos por empréstimo, mas o valor somado dos inúmeros cheques depositados é de R$ 89 mil, mais que o dobro do empréstimo de R$ 40 mil que o presidente disse ter concedido a Queiroz no passado.
Michelle também recebeu 45 depósitos que somaram R$ 60 mil em 2022, segundo documentos obtidos pela CPI de 8 de Janeiro.
O valor foi depositado fracionado e em dinheiro, em envelopes, o que dificulta rastrear sua origem.
A defesa da ex-primeira dama enviou uma nota ao G1 dizendo que as despesas dela são pagas com "os proventos do marido" e que as transferências foram compatíveis com seus gastos.
Fonte: correiobraziliense
Utilizamos cookies próprios e de terceiros para o correto funcionamento e visualização do site pelo utilizador, bem como para a recolha de estatísticas sobre a sua utilização.