O chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, foi confirmado morto após análise genética dos corpos encontrados em acidente de avião ocorrido na quarta-feira (23/8), dizem autoridades russas.
O Comitê de Investigação (SK, na sigla em russo) disse que as identidades de todas as 10 vítimas foram estabelecidas e correspondiam às da lista de passageiros do voo.
O jato particular de Prigozhin caiu a noroeste de Moscou, matando todos a bordo.
O Kremlin negou especulações de que teria sido culpado pelo acidente.
O SK disse que dará continuidade a uma investigação criminal.
“Os testes genéticos moleculares foram concluídos”, afirmou o comitê em comunicado.
“De acordo com os resultados, foram apuradas as identidades de todos os 10 falecidos e correspondem à lista publicada no manifesto de voo.”
As vítimas incluem várias figuras importantes do grupo Wagner, um grupo mercenário russo criado por Prigozhin e envolvido em operações militares na Ucrânia, na Síria e em partes da África.
Entre eles estava Dmitry Utkin, que administrou as operações militares do grupo Wagner.
O acidente ocorreu dois meses depois de Prigozhin ter liderado um motim do grupo Wagner contra as forças armadas russas, tomando a cidade de Rostov, no sul, e ameaçando marchar sobre Moscou.
O impasse foi resolvido depois que um acordo foi fechado, o que levou os combatentes de Prigozhin e do grupo Wagner a se mudarem para a Bielorrússia
No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, descreveu o motim como uma "facada nas costas" e tem havido especulações de que as forças de segurança russas estiveram de alguma forma envolvidas no acidente.
Na sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os rumores eram uma "mentira absoluta".
Yevgeny Prigozhin nasceu em São Petersburgo, que também é a cidade natal de Vladimir Putin.
Ele foi condenado na Justiça pela primeira vez em 1979, com apenas 18 anos, e teve uma pena de dois anos e meio por roubo, que cumpriu em liberdade. Dois anos depois, ele foi condenado a 13 anos de prisão por roubo e furto, nove dos quais cumpriu atrás das grades.
Após ser solto, Prigozhin montou uma rede de barracas que vendiam cachorro-quente em São Petersburgo. Ele se deu bem nos negócios e em poucos anos — ao longo da década de 1990, período de transição das leis na Rússia — Prigozhin conseguiu abrir restaurantes caros na cidade.
Foi lá que ele começou a ter contato com as pessoas mais poderosas de São Petersburgo e, depois, da Rússia.
Um de seus restaurantes, o New Island, era um barco que navegava pelo rio Neva. Vladimir Putin gostava tanto do restaurante que, depois de se tornar presidente, começou a levar seus convidados estrangeiros para comer lá.
Foi provavelmente assim que os dois se conheceram.
Em 2003, Putin já confiava em Prigozhin o suficiente para comemorar seu aniversário no New Island.
Anos depois, a empresa de alimentação em eventos de Prigozhin, a Concord, foi contratada para fornecer comida ao Kremlin, o que rendeu ao líder o apelido de "chef de Putin".
As empresas ligadas a Prigozhin também ganharam contratos para fornecer comida a escolas militares e empresas estatais.
Após a Revolução Ucraniana de Maidan em 2013-14 e a anexação da Crimeia pela Rússia, surgiram os primeiros relatos da existência da empresa militar privada Wagner.
O grupo Wagner também desempenhou um papel proeminente na Síria – e foi então que seu comandante, Dmitry Utkin, apareceu pela primeira vez como colaborador próximo de Prigozhin.
No verão de 2022 no Hemisfério Norte surgiram relatos de que o grupo Wagner lutava na Ucrânia.
Em poucas semanas, Prigozhin estava visitando prisões russas, recrutando presos para o esforço de guerra.
Mas a relação entre Prigozhin e Putin seria irremediavelmente abalada pelo motim do chefe do grupo Wagner em junho deste ano.
Fonte: correiobraziliense
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