Durante o primeiro painel do CB.Fórum Agro 4.0 desta quinta-feira (31/8), Marcos Ferronato, CEO da NetWord Agro, defendeu que a implementação de tecnologias ao agronegócio deve ser focada nos pequenos produtores. Para o convidado do debate, o objetivo dessas tecnologias deve ser tornar a produção agropecuária mais acessível a todos os agricultores.
“Não podemos excluir ninguém, desde o pequeno agricultor até o grande agricultor, com a mesma tecnologia rodando, e a gente fez isso acontecer hoje. (...) O objetivo disso tudo era tornar a produção agrícola e a pecuária mais rentável para esses agricultores de uma forma que eles pudessem contratar essa tecnologia. Não adianta nada a gente desenvolver uma coisa que, no mundo ideal, é muito bonita e funciona bem, se não cabe na rentabilidade desses agricultores”, ressaltou.
O CEO da NetWord Agro lembrou que 95% dos agroprodutores brasileiros são de pequeno porte, e que a conectividade é mais difícil por estarem localizados, muitas vezes, em áreas remotas.
Para resolver essa dificuldade de conexão, as tecnologias propostas pela NetWord Agro têm atuação offline, ou seja, fora da rede. "A gente teve que romper alguns desafios. Um deles foi fazer a tecnologia funcionar de forma off line, porque sempre o controle não tem conectividade, então a gente teve que fazer isso acontecer, com algumas parcerias que a gente fez. Uma delas, com uma seguradora que faz seguro agrícola e a gente conseguiu conscientizar essa seguradora de que valia a pena fazer (seguros para esses pequenos produtores). Agora, a gente tá tocando isso junto", afirmou.
O painelista ressaltou, ainda, o que acredita ser um grande desafio, que é a migração do “manejo de calendário” para o “manejo integrado de pragas e doenças”, e disse que essa transição depende de uma mudança cultural.
“Existe um modelo implantado há 50 anos que diz que, se o agricultor não aplicar cinco vezes para inseticida, três vezes para fungicida, três vezes para herbicida e uma para acaricida, ele vai perder a safra. O meu pai — que é um pequeno produtor — é assim. Na cabeça dele, se não aplicar isso tudo, vai perder a safra”, exemplificou.
Ferronato explicou que a forma de manejo integrado contribui para o aumento da produtividade, ao mesmo tempo em que diminui os custos de produção, segundo estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele alegou, ainda, que as ações já realizadas pela NetWord Agro para implementação desse manejo resultaram em uma diminuição de 30% a 40% nos gastos com defensivos agrícolas e fertilizantes.
“O que a gente traz, baseado em todos os estudos da Embrapa, é que o manejo integrado reduz custo e aumenta produtividade. É isso que a gente tem entregue aos agricultores, redução de 30% a 40% no uso de defensivos e fertilizantes químicos e um aumento de 3% a 10% da produtividade. Foi isso que a gente comprovou com números no segundo edital, mas, mesmo assim, é um desafio gigante essa transformação cultural. Programas e políticas públicas que ajudam nessa transformação são fundamentais”, afirmou.
Ferronato ressaltou a importância de Fóruns como o realizado pelo Correio em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ADBI) ao afirmar que esse tipo de evento aumenta a visibilidade do tema. Auxilia ainda, na avaliação do especialista, para que mais instituições com atuação focada no agro se atentem à importância de discutir o uso da tecnologia no agro e ofereçam mais soluções acessíveis para otimizar o trabalho de todos os produtores, do pequeno ao grande.
*estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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