O juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos, Clarence Thomas, admitiu, nesta quinta-feira (31/8), que recebeu viagens gratuitas de um bilionário do estado do Texas, em meio a crescentes críticas ao alto tribunal por aceitar presentes de doadores privados.
Thomas, que até então não havia divulgado um luxuoso período de férias patrocinado pelo magnata republicano do setor imobiliário Harlan Crow, revelou em um relatório que no ano passado voou no jato particular de Crow por razões de segurança, após a controversa decisão do tribunal que anulou os direitos ao aborto ter sido vazada.
No relatório, Thomas argumenta que a decisão havia "aumentado o risco de segurança" e que sua equipe "recomendou voos não comerciais sempre que possível".
Em sua declaração financeira oficial de 2022, Thomas, o juiz com mais tempo na corte e também o mais conservador, não revelou férias gratuitas em Bali a bordo de um iate de 49 metros de Crow, nem estadias em hotéis de luxo pagos pelo magnata.
Em uma série de reportagens, o veículo de investigação ProPublica mostrou que desde a década de 2000, Thomas aceitou de Crow muitas viagens gratuitas e outros presentes no valor de dezenas de milhares de dólares, assim como de outros benfeitores ricos.
Crow pagou a escola particular do sobrinho-neto de Thomas e comprou a casa onde a mãe do juiz mora, de acordo com a ProPublica.
Além disso, o magnata imobiliário doou US$ 500 mil (R$ 2,46 milhões) ao grupo de lobistas fundado por Ginni, esposa de Thomas.
Nenhum desses movimentos foi reportado nas declarações financeiras anteriores, segundo Thomas, porque ele considerava que se tratava de uma "isenção de hospitalidade pessoal" e que não era necessário declarar essas viagens e férias.
Em um comunicado, o advogado de Thomas, Elliot Berke, disse que qualquer erro nos relatórios de seu cliente foi "estritamente involuntário".
"O juiz Thomas sempre se empenhou pela total transparência e comprometimento com a lei, inclusive no que diz respeito a viagens pessoais que precisam ser declaradas", acrescentou.
O advogado criticou as acusações contra Thomas, classificando-as de "ridículas e perigosas", e as atribuiu a "organizações de esquerda motivadas pelo ódio à filosofia judicial" do juiz de 75 anos.
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