A multinacional de origem suíça Nestlé está nos trâmites finais da negociação para anunciar a compra da Kopenhagen por um valor entre R$ 3 bilhões e R$ 4,5 bilhões, que abrange ações mais dívidas, uma transação que também inclui a Brasil Cacau, empresa do mesmo grupo. Segundo interlocutores, o acordo deve ser assinado entre as partes até esta sexta-feira.
A marca brasileira Kopenhagen é controlada pela gestora americana Advent International desde 2020. A venda faz parte de um processo de desinvestimento do fundo americano, que, em 2020 havia comprado o Grupo CRM, antigo dono da Kopenhagen, da Brasil Cacau e da rede de cafeterias Kop Koffe. Caso confirmada a compra, a Nestlé passará a controlar mais de 800 lojas da Kopenhagen e da Brasil Cacau no país.
A negociação acontece poucos meses após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar a compra, pela Nestlé, da brasileira Chocolates Garoto, negócio fechado há duas décadas. A negociação havia sido vetada pelo próprio Cade em 2004, alegando que a operação causaria a "concentração de mais de 58% do mercado nacional de chocolates". O imbróglio resultou em um acordo com medidas para mitigar impactos concorrenciais.
Para o advogado José Antonio Miguel Neto, especialista em direito fiscal, a nova operação não deve trazer riscos econômicos para o mercado, mas há alguns impasses. "O ponto é que a Nestlé resolveu misturar os dois canais e vender produtos de um em outro, e vice-versa. Não me parece comercialmente correto, mas é possível. Acho a aprovação desta operação mais fácil que a da Garoto, já que Nestlé e Garoto atuavam no mesmo mercado, usavam o mesmo canal de distribuição e tinham, juntas, 60% ou mais do nicho", avaliou.
Logo após o acordo com o Cade, a Nestlé anunciou, em julho, um plano de investimento no Brasil de R$ 2,7 bilhões até 2026. Nos últimos anos, a companhia vem realizando forte expansão de suas marcas de chocolate e biscoitos, inovando em portfólio, e apostando na fabricação, do começo ao fim da cadeia, de forma sustentável. Também vem apostando na experimentação de novos formatos e sabores e na personalização de itens para ocasiões especiais.
"A operação brasileira da Nestlé vem crescendo de forma consistente e sustentável ao longo dos anos. Apenas nos últimos 12 meses, apresentamos um aumento de 24%, com base na alta demanda no Brasil pelo portfólio de chocolates e biscoitos", ressaltou, à época, o vice-presidente de biscoitos e chocolates da Nestlé Brasil, Patrício Torres.
Além de constituírem o maior negócio de chocolates do grupo no mundo, as marcas Nestlé e Garoto são líderes no mercado brasileiro, alavancadas por novos consumidores e pelo aumento de frequência em segmentos de melhor custo e benefício, como por exemplo caixas de bombons, e do desembolso unitário, com barras de chocolate.
"Com a inclusão da Kopenhagen, a Nestlé ampliará seu portfólio no mercado nacional, com a diversidade de produtos, alcançando perfis de consumidores e regionalidades diversas. Para tanto, a multinacional deverá investir na sinergia eficiência operacional das adquiridas. Vale salientar que o impacto real dependerá da estratégia a ser adotada pela companhia e da resposta formal do Cade quanto a esta nova aquisição", destacou Carla Calzini, sócia do escritório Briganti Advogados.
Procuradas, a Nestlé e Kopenhagen não se manifestaram sobre o assunto, até o fechamento desta edição.
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