O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, prometeu, na quarta-feira (13/9), apoio incondicional ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, e a sua "luta sagrada" contra o Ocidente. Os dois líderes isolados se encontraram ontem em Vostochny, a primeira reunião entre eles em quatro anos.
Envolvida em um conflito na Ucrânia, a Rússia demanda mais munições e equipamento militar, que a Coreia do Norte tem de sobra. Kim, por sua vez, busca alimentos, combustível e dinheiro, segundo analistas, além de ajuda tecnológica para os seus programas de mísseis e peças para os seus aviões militares e civis da era soviética. Ao fim da reunião, não estava claro se algum acordo havia sido fechado.
"A Rússia está agora enfrentando a luta sagrada para defender a soberania de seu Estado e proteger sua segurança", disse Kim a Putin, de acordo com comentários em um vídeo divulgado pelo Kremlin. "Sempre apoiamos e defendemos todas as decisões do presidente Putin e do governo russo. Espero que estejamos sempre juntos na luta contra o imperialismo."
Putin falou sobre os 75 anos das relações diplomáticas entre os dois países e enfatizou a necessidade de cooperação econômica. "Foi o nosso país o primeiro a reconhecer o Estado soberano e independente da Coreia do Norte."
Kim chegou à Rússia de trem, na manhã de terça-feira, e foi recebido por uma banda militar e com tapete vermelho ao cruzar a fronteira com a Rússia. Essa é a primeira viagem internacional do ditador norte-coreano desde o início da pandemia.
O Kremlin disse que ontem os dois líderes inspecionaram as instalações do Cosmódromo de Vostochny, o centro espacial russo, incluindo a oficina de montagem dos veículos de lançamento dos foguetes espaciais Angara e Soyuz-2.
A Coreia do Norte é um dos países mais militarizados no planeta e, segundo analistas, mantém um grande excedente de munições porque não trava nenhuma guerra desde 1953. Em troca, Kim gostaria que a Rússia fornecesse tecnologia avançada para satélites e submarinos nucleares, além de ajuda alimentar.
O colunista Petr Akopov, da agência de notícias estatal russa RIA Novosti, sugeriu em um artigo recente que o Kremlin poderia transferir tecnologia militar de maneira extraoficial para os norte-coreanos e dar acesso às construtoras da Coreia do Norte para remontar as áreas ocupadas na Ucrânia em troca de munições e mísseis.
Se algum tipo de acordo for alcançado, a aproximação mudaria de patamar uma relação que há muito tempo se limita a demonstrações protocolares de cooperação e trocas comerciais baixas - e, segundo o governo americano, constituiria uma ameaça à estabilidade global.
"Até agora, a relação entre Rússia e Coreia do Norte tem sido de muita conversa e nenhum comércio real", disse o pesquisador Fiodor Tertitski, da Universidade Kookmin, em Seul. "Se houver alguma barganha, será o fim de uma era que se iniciou em 1990."
A Coreia do Norte, hostil há muito tempo aos EUA, é uma aliada natural de Putin na luta contra o que o presidente russo retrata como "hegemonia do Ocidente". Em sua cruzada contra os EUA e a Otan, o presidente russo também fortaleceu os laços com o Irã, fazendo uma rara viagem internacional para se encontrar com o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei.
Nos meses que se seguiram, o Irã tornou-se um fornecedor crítico de drones para Moscou, que as forças russas têm usado contra a Ucrânia, tanto nos campos de batalha quanto em ataques contra infraestrutura civil. Putin também aparece frequentemente ao lado do ditador de Belarus, Aleksander Lukashenko, que deu à Rússia acesso ao território belarusso para lançar a invasão, em 2022. (Com informações de agências intenacionais*)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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