22 de Novembro de 2024

Covid: descoberta proteína que consegue parar a cascata inflamatória


Embora a inflamação seja necessária para expulsar patógenos do organismo, em excesso, o mecanismo pode prejudicar o funcionamento das células e dos órgãos. Esse é o caso das tempestades de citocinas — cascatas inflamatórias durante uma infecção que podem sair do controle e levar a doenças graves e até à morte, conforme recentemente destacado durante a pandemia de covid-19.

Em um novo artigo publicado na revista Science, pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, descrevem uma proteína, a p38, capaz de interromper a produção da resposta inflamatória. De acordo com eles, o resultado do estudo abre caminho para o desenvolvimento de medicamentos para impedir a tempestade de citocinas.

O pesquisador Matthew Bowler, um dos autores do estudo, conta que a proteína é um tipo de quinase, grupo de enzimas que desempenha papel importante na regulação de processos complexos na célula, agindo como um "interruptor" para transmitir sinais e ativar a expressão genética. Eles fazem isso pelo mecanismo de fosforilação — adicionando fosfato a outras moléculas para modular sua função.

O trabalho de Bowler concentra-se particularmente nas MAP quinases, atores-chave envolvidos na resposta inflamatória. A inflamação é ativada através de uma série de quinases que se ativam mutuamente em uma cascata de reações, sendo a quinase final responsável pela ativação da transcrição genética necessária para a inflamação. Esse processo libera citocinas, moléculas sinalizadoras pró-inflamatórias que, em caso de superativação, podem levar a tempestades de citocinas.

Embora seja um alvo bem estudado, ainda faltam partes importantes dos quebra-cabeças. Não se sabe, por exemplo, como essas enzimas são ativadas ao longo da reação em cadeia. Usando tecnologias avançadas, a equipe de Bowler conseguiu chegar a uma estrutura 3D da proteína e identificar um local específico para o alvo de estudos de medicamentos que tratem a tempestade de citocinas.

Os resultados apontam para uma região alternativa para drogas agirem e também abrem a porta ao estudo de processos semelhantes em duas outras famílias de quinases que estão envolvidas no câncer e na doença de Alzheimer.

Fonte: correiobraziliense

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