Depois do crescimento que vinha sendo sustentado desde janeiro do ano passado, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) ficou em um patamar estável no mês de setembro, descontados os efeitos sazonais. O indicador, divulgado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) nesta quinta-feira (21/9), ficou em 102,6 pontos, indicando satisfação dos consumidores.
Este é o segundo mês consecutivo acima dos 100 pontos. A perspectiva de consumo para os próximos três meses (0,5%) e o momento para aquisição de bens duráveis (1,9%) se destacaram com as maiores altas de setembro. Por outro lado, caiu a perspectiva profissional (-2%) e o nível de consumo atual (0,2%), resultando no equilíbrio da intenção de compra.
No ano, todos os indicadores da pesquisa seguem apontando recuperação. Quatro em cada 10 famílias afirmam ter intenção de compras nos próximos três meses, maior proporção desde março de 2015.
A economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, explicou que a melhora na percepção para aquisição de duráveis está relacionada à redução dos juros e à inflação mais baixa desse tipo de produto. “A maior segurança no emprego oferece mais tranquilidade para os consumidores comprarem a prazo”, lembra Izis Ferreira.
Do total de consumidores, 43% estão se sentindo mais seguros no emprego atual, maior volume desde janeiro de 2015. “Os dados refletem, principalmente, o momento do mercado de trabalho formal, que ainda apresenta alta nas contratações, mesmo que o ritmo da criação de novas vagas esteja desacelerando”, aponta a economista.
Essa desaceleração, porém, faz com que os consumidores olhem com cautela o cenário nos próximos meses, com queda de 2% na perspectiva profissional. “Ou seja, os consumidores indicam que estão olhando com certo ceticismo as possibilidades no mercado de trabalho no futuro”, completa.
O início da redução na taxa Selic também impactou positivamente a percepção sobre o acesso ao crédito: a proporção de pessoas afirmando que está mais fácil contratar crédito do que no ano passado aumentou, chegando a 29,3% do total de entrevistados.
“Embora otimistas, o endividamento e a inadimplência ainda elevados limitam a capacidade de consumo das famílias e os efeitos benéficos de haver mais renda disponível com a desaceleração inflacionária e as políticas de transferência de renda”, pondera Izis Ferreira.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, considera que as perspectivas são boas para o varejo. “Embora o indicador principal mostre estabilidade, a alta da projeção de consumo para o último trimestre do ano e a maior segurança no emprego, em geral, são boas notícias para o varejo, que se prepara para o período de maior faturamento do ano, com datas comemorativas importantes”, disse.
Segundo ele, além das compras sazonais, os feriadões do segundo semestre também impulsionam a intenção de consumo das famílias, o que deve se refletir nas vendas do comércio, dos serviços e do turismo.
A intenção de consumo das famílias com renda até 10 salários mínimos se manteve a mesma de agosto e diminuiu 0,3% entre as famílias com maior renda. O indicador de perspectiva de consumo para os próximos três meses entre os consumidores de renda média e baixa avançou 0,7%, mas caiu 1,3% entre os de renda alta.
De acordo com a CNC, essa diferença se deve ao ceticismo das famílias com maior poder aquisitivo em relação ao seu futuro no mercado de trabalho, já que o indicador de perspectiva profissional caiu 2,3% entre esses consumidores.
No recorte por gênero, a intenção de consumo das mulheres atingiu 101,7 pontos e, pela primeira vez na série histórica, chegou ao nível de satisfação. O avanço na intenção de consumir em setembro, com relação ao mesmo mês do ano passado, foi maior entre as mulheres (24,4%) do que entre os homens (19,2%).
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