O agronegócio é um setor fundamental para o Brasil, ao estimular a economia, garantir a segurança alimentar, promover a preservação ambiental e gerar empregos. Com sua produção agrícola e pecuária, o país se destaca globalmente, contribuindo para o crescimento socioeconômico e para o abastecimento alimentar tanto interno quanto externo. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento do agronegócio brasileiro. Com programas e cursos voltados para o campo, a entidade busca valorizar e qualificar os profissionais do setor, contribuindo para o fortalecimento da agricultura e pecuária no país.
Criado em 1991, o Senar é uma entidade vinculada à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e atua em parceria com os sindicatos rurais. Através de cursos, workshops e treinamentos, ele oferece conhecimentos práticos e teóricos nas áreas de agricultura, pecuária, meio ambiente e agroindústria, entre outras. A capacitação permite que os trabalhadores rurais adquiram habilidades e aprimorem suas práticas, aumentando a produtividade e a sustentabilidade das atividades no campo. O Senar oferece mais de 120 cursos e tem cerca de 1,6 milhão de alunos matriculados apenas no ensino a distância. Para falar desse trabalho, o diretor-geral do Senar, Daniel Carrara, foi o entrevistado desta sexta-feira (22/9) do CB.Agro, programa produzido em parceria pelo Correio e a TV Brasília. Veja os principais trechos da entrevista:
O que o Senar oferece de benefícios para o produtor rural que está começando, e que tem dificuldades em um país que tem tanta necessidade de uma produção forte?
O Senar completou 32 anos. Depois de 30 anos, é ruim dizer que é o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do setor rural. Mas não temos vergonha de ser comparado ao nosso "primo da indústria". Nós trabalhamos com a parte de capacitação, formação profissional, promoção social, e nossa missão mais recente é a assistência técnica e gerencial para os produtores rurais e suas famílias. É um trabalho voltado para educação profissional, para o trabalhador, seja ele o proprietário ou o funcionário. É voltado para melhorar suas atividades nas 356 ocupações existentes hoje no setor rural. Nós temos também um portfólio de serviços voltados para promoção social, ações de saúde, artesanato, nutrição e educação básica. Diferentemente dos nossos "primos", não trabalhamos em escolas, atuamos na formação profissional no ambiente de trabalho. Então, temos 5 milhões de escolas, cada residência rural brasileira é uma escola do Senar. Temos metodologias para várias áreas — há por exemplo, uma metodologia voltada para trabalhadores analfabetos. Então, são cursos operacionais dentro do "aprender a fazer fazendo", de curta duração, entre 40 a 80 horas, voltados para o trabalho do produtor dentro do que ele já faz.
Vocês estão em 98% dos municípios do Brasil e têm uma capilaridade enorme. É uma das instituições brasileiras mais difundidas?
Nós costumamos dizer que só "bate" a gente em termos de capilaridade, a rede federal, estadual e municipal de educação e saúde, que, por sinal, é grande parceira nossa. As únicas instituições que chegam lá "atrás do morro", como a gente diz no setor rural, são o Senar, a educação e a saúde. É com essa capilaridade que nós trabalhamos, sempre baseados em parcerias. O produtor é nosso primeiro parceiro, seja pequeno, médio ou grande. Há também as instituições, associações, sindicatos de produtores e de trabalhadores e cooperativas.
Essa capacitação é feita de forma presencial e a distância?
Há 10 anos, nós começamos um movimento grande de capacitação a distância. É claro que esse processo não é para qualquer público, pois funciona melhor para quem tem mais acesso. Apesar de quase toda pessoa do setor rural já ter um smartphone, as capacidades mudam. Tem uma parte pedagógica dentro da capacitação a distância que exige um pouco mais de quem está aprendendo. De qualquer forma, nós optamos por entrar nesse movimento de educação a distância, seja na formação inicial e continuada — que é a formação profissional de curta duração —, seja em cursos técnicos. Nós também temos a faculdade CNA, que é voltada para o ensino superior. A ideia é melhorar a qualidade da educação que chega na ponta, com base na nossa experiência. Nós capacitamos cerca de 1 milhão de pessoas por ano em todo o país.
Como o Senar escolhe os cursos? Pela demanda, ou de acordo com as necessidades de mercado do agro? E qual é a maior demanda de cursos de capacitação aqui no Distrito Federal?
Nos dois formatos. Temos uma rede que faz a captação da demanda. Nossas ações são todas gratuitas. Nós temos um sistema de inteligência que consegue validar se aquela demanda serve para aquele município de produtores, ou para o setor. O Distrito Federal tem um grande volume de produtores da área de hortifruti. Apesar de ser um quadrado pequeno, temos várias sedes de Embrapa e, com isso, o nível de qualidade dos produtores é referência para o país. O grande volume de profissionalização de demanda é o hortifruti, muita coisa voltado para estufa, hortaliças, e também tem uma demanda grande para flores.
Quando falamos em tecnologia em 2023, logo vem na mente a Inteligência Artificial. Como que o Senar está trabalhando a inteligência artificial nos cursos? Já é uma realidade no Brasil?
Nós temos 5 milhões de produtores. Se pegarmos os produtores que estão no topo da pirâmide de renda, todos vão estar adaptados à Inteligência Artificial. Entretanto, a classe média ainda está um pouquinho longe de usar as estratégias. Nós já estamos testando o nosso técnico de campo virtual — que é um profissional que vai interagir com os técnicos de campo presenciais ou físicos —, para, eventualmente, poder fazer um atendimento sem que o técnico de campo precise ir até a propriedade. O problema é que a inteligência artificial vai servir até certo ponto. É difícil replicar o que é natural no artificial, mas o produtor rural não pode ser avesso a essas novas tecnologias. Com certeza, é um movimento em que vamos ter que nos aprofundar.
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