23 de Novembro de 2024

Osiris-Rex: a contagem regressiva para o retorno de amostras de asteroide que pode atingir a Terra


Uma missão de sete anos para estudar o que foi descrito como o asteroide mais perigoso do Sistema Solar está prestes a ser concluída.

A espaçonave Osiris-Rex está trazendo para a Terra as amostras de "solo" que retirou da superfície do asteroide Bennu.

O material será lançado por essa sonda da Nasa (agência espacial americana) ao passar por nosso planeta neste domingo (24/9).

As amostras vão voltar para a Terra dentro de uma cápsula — o objetivo é protegê-las durante a violenta descida ao estado americano de Utah.

Os cientistas esperam que o material revele novas informações sobre a formação dos planetas há 4,5 mil milhões de anos, e possivelmente até forneça informações sobre como a vida começou no nosso mundo.

O pouso em uma área do deserto de Utah pertencente ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos está previsto para às 08h55 (11h55 de Brasília).

A cápsula levará 13 minutos para atravessar a atmosfera da Terra.

Ela tem o tamanho de um pneu de carro e se moverá inicialmente a mais de 12 km/s (43.200 km/h) com um pico de aquecimento superior a 3.000°C.

Mas uma combinação de escudo térmico e pára-quedas deverá fazê-la parar com segurança na planície desértica.

"Gastamos uma quantidade excessiva de tempo nos preparando para contingências, tudo que poderia dar errado, todas as coisas horríveis que poderíamos encontrar", diz o pesquisador principal da missão, Dante Lauretta, à BBC.

"Mas a boa notícia é que praticamos e praticamos e praticamos e estamos prontos para ir."

A sonda Osiris-Rex deixou a Terra em 2016 para investigar Bennu, que tem uma probabilidade muito pequena de atingir o nosso planeta no final do próximo século.

As chances de colisão são, segundo os cientistas da Nasa, de uma em 1.750 nos próximos 300 anos ou mais, e a data que mais os preocupa é 24 de setembro de 2182.

Para se ter uma ideia dessa probabilidade, é o mesmo que jogar uma moeda e obter cara 11 vezes seguidas.

É um risco pequeno, mas que os cientistas estão levando isso muito a sério, porque o impacto de uma rocha espacial com 500 metros de largura poderia causar uma devastação total numa cidade do tamanho de São Paulo, por exemplo.

Portanto, faz sentido entender a fundo esse asteroide. Se soubermos do que ele é feito, poderemos encontrar maneiras de pará-lo — caso seja necessário.

A espaçonave levou dois anos para alcançar Bennu e outros dois observando a "montanha espacial" antes de fazer uma série audaciosa de manobras que obtiveram o esconderijo de materiais da superfície.

Tudo o que resta agora é trazer essas amostras — cerca de 250g em massa — com segurança para o solo da Terra.

Pouco antes das 5h (8h de Brasília), a Nasa confirmou que a espaçonave havia lançado a cápsula em direção à Terra, e que a sonda também havia feito uma manobra de desvio para garantir que poderia passar por nosso planeta.

As equipes de recuperação estão confiantes, mas sabem que nada pode ser dado como garantido.

Uma lembrança ruim foi o que aconteceu com a Genesis, uma cápsula que em 2004 trouxe amostras do vento solar.

Seu pára-quedas não abriu, e a cápsula atingiu o solo a mais de 300 km/h, abrindo seu conteúdo.

"Entendemos o erro que ocorreu no Genesis, que foi que alguns interruptores de gravidade foram instalados de cabeça para baixo", diz Richard Witherspoon, do fabricante de cápsulas Lockheed Martin.

"Houve muitas dupla-checagens nos interruptores de gravidade desta cápsula para garantir que estão instalados com o lado correto para cima, por isso não temos preocupações sobre a entrada e o funcionamento correto", acrescenta.

Mesmo assim, uma equipe estará de prontidão caso o pior aconteça.

Os meteorologistas do Campo de Testes e Treinamento de Utah vêm colocando balões meteorológicos nos últimos dias para obter as informações mais recentes para ajudar a prever a posição final de lançamento.

Com a previsão de ventos fracos, é improvável que a cápsula seja empurrada para fora do curso.

O maior problema é toda a chuva que o deserto sofreu este ano. Há poças e bastante lama.

"Isso torna a recuperação com veículos, veículos terrestres, difícil", disse Dan Ruth, meteorologista-chefe da base do Exército dos EUA em Dugway.

"Eles (veículos) podem ficar atolados. Mas o lado positivo é que isso manterá a poeira baixa, o que é bom para o equipamento."

As equipes de recuperação planejam voar até o local da queda em helicópteros, colocar a cápsula em uma rede e movê-la sob um helicóptero para uma sala limpa temporária em Dugway.

É nesta cabine estéril que o recipiente interno da cápsula contendo as amostras de Bennu será removido e fechado em nitrogênio para transporte posterior para o Centro Espacial Johnson da Nasa, no estado americano do Texas, onde a análise detalhada poderá começar.

Todas as operações de recuperação foram pensadas para evitar a introdução de contaminação terrena nas amostras que possa comprometer as próximas investigações.

"Bennu é o que chamamos de asteroide carbonáceo", explicou Christopher Sneed, curador adjunto da missão Osiris-Rex.

"Pensamos que estes tipos de corpos são os blocos de construção dos planetas e remontam ao início do Sistema Solar".

"Podemos encontrar ali inclusões e materiais que criaram os planetas, os elementos que formaram o nosso planeta e também talvez os compostos que deram início à vida na Terra".

Após soltar a cápsula, a sonda da Nasa será instruída a voar para outro asteroide chamado Apophis.

O encontro está previsto para 2029.

Fonte: correiobraziliense

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