Há cerca de 23 milhões de anos, a Terra tinha uma continente a mais dos conhecidos atualmente, além de América, África, Europa, Ásia, Oceania e Antártica, havia ainda a Zelândia, hoje um continente praticamente submerso pela água e muito inexplorado pela ciência.
Cerca de 94% da crosta do continente já está submersa nos dias atuais, com a exceção da própria Nova Zelândia e outras pequenas ilhas na região e existem poucos registros de como eram as condições de vida no continente ou até mesmo detalhes sobre a crosta dele.
Com o intuito de entender melhor as características do continente, uma equipe de 32 cientistas navegou até a Tasmânia para estudar a história da Terra registrada em sedimentos e rochas abaixo do fundo do mar.
Em novo estudo, publicado em 12 de setembro de 2023 na revista científica Advancing Earth and Space Sciences, geólogos dão detalhes das descobertas.
“Esta expedição ofereceu insights sobre a história da Terra, desde a construção de montanhas na Nova Zelândia até os movimentos mutáveis das placas tectônicas da Terra e mudanças na circulação oceânica e no clima global”, contou Jamie Allan, diretor do programa da Divisão de Ciências Oceânicas da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, em comunicado.
O grupo de cientistas perfurou o fundo do mar em seis locais em profundidades de água de mais de 1.250 metros, coletando 2.500 metros de núcleos de sedimentos de camadas que podem indicar como a geografia, o vulcanismo e o clima da Zelândia mudaram nos últimos 70 milhões de anos.
"A descoberta de conchas microscópicas de organismos que viviam em mares quentes e rasos, e de esporos e pólen de plantas terrestres, revelam que a geografia e o clima da Zelândia eram dramaticamente diferentes no passado", afirmou Gerald Dickens, pesquisador da Universidade Rice, nos EUA.
Com as primeiras análises eles já conseguiram cravar que o continente nem sempre esteve tão profundamente abaixo das ondas como está hoje.
Segundo a pesquisa, a formação do chamado "Anel de Fogo do Pacífico", uma zona ativa do fundo do mar ao longo do perímetro do Oceano Pacífico, há cerca de 40 a 50 milhões de anos, causou mudanças significativas na profundidade do oceano e na atividade vulcânica e pode ser a principal causa de uma deformação no fundo do mar da Zelândia.
“Grandes mudanças geográficas no norte da Zelândia, que tem aproximadamente o mesmo tamanho da Índia, têm implicações para a compreensão de questões como a forma como as plantas e os animais se dispersaram e evoluíram no Pacífico Sul", destaca Rupert Sutherland, pesquisador da Universidade Victoria de Wellington, na Nova Zelândia.
Ele ainda frisa que uma das principais teorias sobre a Zelândia se mantem mesmo após as pesquisas: de que o continente já estava submerso quando se separou da Austrália e da Antártica, há cerca de 80 milhões de anos.
“Isso provavelmente ainda é verdade, mas agora está claro que eventos posteriores dramáticos moldaram o continente que exploramos nesta viagem”, garante Sutherland.
A ideia é que as análises dos núcleos de sedimentos obtidos durante a expedição sejam parte de um estudo mais detalhado de como as placas tectônicas da Terra se movem e de como funciona o sistema climático global.
Para os cientistas que participaram da pesquisa, esses registros podem fornecer um teste sensível para modelos de computador usados para prever futuras mudanças no clima.
Atualmente não existe um consenso mundial sobre o número de continentes que existem na Terra e, por isso, muitos chamam a Zelândia como um "oitavo continente".
Neste entendimento, os continentes atuais seriam África, Europa, Asia, Oceania, Antártica além da separação da América, em do Norte e do Sul, assim sendo sete continentes ao todo no mundo.
Em caso de consideração de que existem apenas seis continentes — neste caso com a América sendo apenas uma — a Zelândia seria o sétimo continente.
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