21 de Setembro de 2024

A queda de Hui Ka Yan, fundador do império imobiliário em risco de colapso que ameaça a China


O fundador da imobiliária chinesa Evergrande, Hui Ka Yan, está em sérios apuros.

O magnata da construção que outrora se tornou o homem mais rico da China e penetrou nos mais altos escalões do poder na nação asiática está agora sob vigilância policial num local desconhecido por acusações de crimes financeiros.

O bilionário de 64 anos — que dirige a imobiliária mais endividada do mundo — estava desaparecido há várias semanas.

Nesta quinta-feira (28/9), a Evergrande publicou um comunicado afirmando que Hui “foi submetido a medidas obrigatórias nos termos da lei devido a suspeitas de crimes ilegais”, sem fornecer mais detalhes.

À medida que a profunda crise financeira da Evergrande piora, a negociação de ações da empresa permanece suspensa.

A Evergrande, que já foi a incorporadora imobiliária mais valiosa do mundo, está hoje no centro de uma crise imobiliária que ameaça a segunda maior economia do mundo.

Com mais de US$ 300 bilhões (R$ 1,5 trilhão) em dívidas, a empresa tem lutado para encontrar fundos para sobreviver.

Hui, também conhecido como Xu Jiayin, nasceu numa aldeia na província de Henan, em 1958.

Filho de lenhador, ele perdeu a mãe aos 8 meses e foi criado pelo pai e pela avó, que vendiam vinagre caseiro.

Em discurso de 2017, Hui disse que durante a infância comia principalmente batata-doce e pão.

“Naquela época, meu maior desejo era sair do interior, arrumar um emprego e poder comer melhor”, disse o empresário.

Em sua juventude, Hui trabalhou em uma empresa siderúrgica no sul da China, onde subiu na hierarquia até se tornar gerente geral da fábrica.

Em 1992, ele deixou o emprego e mudou-se para Shenzhen — a vila de pescadores vizinha a Hong Kong que acabou se tornando o "Vale do Silício Chinês" — para tentar a sorte como vendedor em um conglomerado siderúrgico e aos poucos desenvolveu sua carreira em uma empresa estatal.

Foi no mesmo ano em que Deng Xiaoping (promotor das reformas pró-mercado que lhe valeram a alcunha de “o arquitecto da China moderna”) visitou Shenzhen, promovendo o espírito empreendedor naquela que seria a primeira cidade com uma zona econômica especial do país.

Foi assim que em 1996 Hui fundou a Evergrande, em Shenzhen, uma empresa dedicada à construção massiva de casas.

O sucesso da construtora foi tão grande que em 2008 a empresa abriu o capital em Hong Kong e em 2017 o magnata do mercado imobiliário tornou-se o homem mais rico da China, segundo a revista Forbes.

Ao longo do caminho, Hui expandiu os seus investimentos para outros setores. Comprou um time de futebol (Guangzhou Evergrande) e investiu em veículos elétricos, água engarrafada, turismo e outras indústrias.

O empresário não só ficou famoso no país pela sua fortuna, mas também por levar um estilo de vida de ostentação.

A imprensa local o descreve como o representante de uma nova geração de empresários chineses que, ao contrário dos seus antecessores, não tiveram problemas em mostrar a sua riqueza.

Hui é membro do Partido Comunista Chinês há mais de três décadas e não perdeu oportunidades de expressar a sua lealdade política.

“Sem a reforma e a abertura do país, a Evergrande não seria o que é hoje”, disse o empresário há alguns anos num discurso noticiado pela agência France-Presse.

“Tudo da Evergrande vem do Partido, do Estado da sociedade”, acrescentou.

Em 2008, foi eleito para participar da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), um grupo de elite composto por funcionários do governo e pelos mais importantes representantes do mundo empresarial.

Membro do comité permanente de elite de 300 membros da CCPPC desde 2013, Hui cultivou uma relação estreita com o governo, um elo fundamental que lhe teria permitido ascender em meio ao boom imobiliário da China.

Fundada em 1996, a Evergrande alimentou o seu crescimento por meio de dívidas pesadas. Não foi à toa que chamaram Hui de “rei das dívidas”.

Quando a empresa não cumpriu os seus compromissos comerciais em 2021, provocou uma onda nos mercados financeiros globais, uma vez que o sector imobiliário representa quase um quarto da economia da China.

Rapidamente, ele se tornou um ícone da profunda crise imobiliária que ameaça a economia chinesa.

Com uma dívida gigantesca nas costas, a empresa tem tentado levantar dinheiro através da venda de ativos e ações para pagar fornecedores e credores.

Embora deva dinheiro a credores fora do país, a maior parte da dívida da Evergrande é com cidadãos chineses comuns, muitos dos quais investiram em casas inacabadas.

A empresa está sendo administrada por um “comitê de gestão de risco” dominado por autoridades estatais que tentam evitar um colapso através de um plano de reestruturação.

Se esse plano falhar e a Evergrande não conseguir chegar a um novo acordo com os seus credores, poderá enfrentar o fim de todas as suas operações.

Por enquanto, o controle policial no qual se encontra Hui, que continua sendo presidente da Evergrande, apenas alimenta o receio de que a reestruturação da empresa não funcione e o seu desaparecimento seja inevitável.

Fonte: correiobraziliense

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