Em uma ilha do Havaí, nos Estados Unidos, vivem curiosos híbridos que surgiram a partir do cruzamento de orcas (whale, em inglês) e golfinhos (dolphin), os "orfinhos" (wholphins). Fugindo do senso comum, as espécies são tão próximas geneticamente que os descendentes são férteis, permitindo a criação de uma pequena linhagem ainda na primeira geração dentro do Sea Life Park, em cativeiro.
A história dos híbridos do Havaí começa com o orfinho fêmea Kekaimalu. O espécime nasceu fruto do acasalamento da mãe golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus), medindo aproximadamente 2 metros, com o pai falsa-orca (Pseudorca crassidens), espécie também conhecida como orca-bastarda, de 5 metros. Por causa da diferença de tamanhos, é difícil imaginar que a gestação não estivesse rodeada de riscos.
Na natureza, existem inúmeros casos de animais híbridos, como a estranha junção entre uma raposa e um cachorro, identificada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ainda existem registros de diferentes espécies de macacos que cruzam entre si.
Aqui, vale dizer que o cruzamento entre falsa-orca e golfinho, talvez, não ocorresse na natureza. No caso de Kekaimalu, ela surgiu pelo fato dos pais "viverem" em uma piscina compartilhada dentro do parque no Havaí, ou seja, o número de parceiros e possibilidade de escape estavam limitados.
No entanto, a equipe de cuidadores só descobriu o incidente com o nascimento do filhote, que era muito escuro para um golfinho e tinha o "nariz" mais encurtado. Anos depois, a primeira híbrida de orfinho acasalou com um golfinho e teve, pelo menos, três filhotes.
Até então, foi registrado em um parque de Tóquio, no Japão, em 1981, um cruzamento envolvendo as duas espécies que originaram Kekaimalu. Só que, por algum motivo desconhecido, o filhote morreu antes de completar os primeiros 200 dias de vida.
Apesar das espécies serem diferentes, ambas compartilham algum grau de intimidade na natureza, segundo pesquisadores da Universidade de Massey, na Nova Zelândia. Entre os anos de 1995 e 2012, a equipe avistou diferentes momentos de interação desses dois cetáceos — os mamíferos exclusivamente aquáticos. A pesquisa foi publicada na revista Marine Mammal Science.
No Brasil, quando se pensa em híbridos, o primeiro animal que costumamos imaginar é a mula, fruto do acasalamento entre o asno macho e a égua (cavalo). Neste caso, o animal gerado é infértil. Só que esta não é uma regra universal.
Na verdade, o que irá definir se espécies diferentes podem ter descendentes férteis é o número de cromossomos. Se eles forem iguais, passa a existir essa possibilidade, como ocorre com cachorros e lobos e também com golfinhos e falsas-orcas. Neste último caso, ambos contam com 44 cromossomos.
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