Transtornos psiquiátricos gerados por traumas na infância podem ultrapassar gerações. Essa foi a descoberta de um estudo publicado na revista Science Advances na última quarta-feira (4). Para chegar a essa informação, os cientistas conduziram experimentos com roedores.
Anteriormente, outros estudos já tinham ressaltado a ideia de que situações traumáticas de infância podem resultar em problemas emocionais e comportamentais tanto em humanos quanto em ratos. Pesquisas anteriores também mostraram que esses problemas podem ser atribuídos a alterações no funcionamento do cérebro e podem durar a vida toda.
Para desencadear traumas de infância nos roedores, os cientistas os tiraram de suas mães e os colocaram com mães adotivas, e transferiram repetidamente para novas mães adotivas todos os dias durante a primeira semana de vida.
Depois disso, os pesquisadores analisaram os animais e encontraram níveis elevados de proteínas codificadas pelos genes ASIC1, ASIC2 e ASIC3. A partir da análise, o grupo descobriu que os ratos eram mais sensíveis à dor quando adultos e apresentavam problemas sociais e comportamentais em comparação com os outros.
À medida que os roedores envelheciam e podiam acasalar e produzir descendentes, os investigadores também testaram essa prole, e encontraram níveis elevados das mesmas proteínas, o que sugere que esses problemas neurológicos e psiquiátricos podem ser transmitidos através das gerações — mais precisamente três.
Os investigadores também tentaram tratar a doença administrando às três gerações de ratos o medicamento amilorida, que é conhecido por reduzir os níveis de proteínas codificadas pelos genes ASIC1, ASIC2 e ASIC3.
Dessa maneira, os cientistas descobriram que isso não apenas reduziu esses níveis, mas também reduziu os sintomas físicos que os ratos apresentavam. Com isso, a ideia agora é conduzir mais estudos para explorar mais a fundo essa interação.
As adversidades na primeira fase da vida podem desencadear consequências de longo prazo. Em 2021, por exemplo, um estudo apresentou que crianças expostas à violência doméstica têm mais distúrbios ou transtornos mentais.
Isso vem desde o nascimento, inclusive. Então se o bebê é exposto à violência de um dos pais, geralmente apresenta um desenvolvimento mais lento e resultados adversos durante o crescimento.
Além disso, pessoas traumatizadas na infância são mais propensas a viciar em morfina. Os cientistas identificaram que as pessoas que tiveram traumas na infância ficaram mais eufóricas e com vontade maior de outra dose da substância.
Fonte: correiobraziliense
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