Depois de se recuperar da pandemia, o crescimento econômico da América Latina vai se moderar de 4,1% em 2022 para 2,3% este ano e no próximo, devido à desaceleração sofrida pelos principais parceiros e às tensões geopolíticas, entre outros fatores, indicou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta sexta-feira (13/10).
No seu relatório sobre as perspectivas econômicas para as Américas, o FMI observa que a inflação geral na região, excluindo Argentina e Venezuela, será de cerca de 5% em 2023 e de 3,6% em 2024, em comparação com os 7,8% de 2022.
O crescimento do Brasil foi "mais resiliente do que o esperado", apontou o relatório, situando-se em 3,1% em 2023, acima dos 2,9% do ano passado. Até 2024, no entanto, o Fundo espera que desacelere para 1,5%.
"A América Latina resistiu com sucesso aos recentes choques globais e teve um desempenho sólido em 2022 e no início de 2023, embora o crescimento esteja enfraquecendo", afirmou, em um comunicado, o diretor do departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Rodrigo Valdés.
E isto se deve ao enfraquecimento da demanda externa e interna, por um lado, e por outro, aos efeitos desfasados da valorização da moeda em alguns países, segundo o documento.
O Fundo observa que, embora pareça que os riscos para as perspectivas econômicas são mais equilibrados do que em abril - quando a organização publicou as suas últimas estimativas - eles permanecem "enviesados para baixo".
Entre os riscos externos, o relatório menciona o menor crescimento nos principais parceiros comerciais, a volatilidade dos preços das matérias-primas, os choques inflacionários, a turbulência nos mercados financeiros mundiais e o aumento das tensões geopolíticas.
Em nível regional, os principais riscos estão ligados à inflação e às tensões sociais, além dos relacionados ao clima, que trarão desafios a curto e médio prazos, especialmente para a América Central e o Caribe.
O relatório alerta, ainda, para o impacto que o fenômeno climático El Niño poderá ter na região, o que "pode gerar um impacto negativo na atividade econômica".
O Fundo recomenda a aprovação de políticas que promovam o comércio e os investimentos, mas, acima de tudo, a coesão e a proteção social.
"Apesar dos progressos alcançados [...], a pobreza e a desigualdade continuam altas na região", disse Rodrigo Valdés, apelando ao "fortalecimento dos mecanismos de proteção social e à abordagem do problema da insegurança".
No caso do México, o FMI projeta um crescimento de 3,2% para 2023, inferior ao registrado em 2022 (3,9%), mas melhor que as expectativas iniciais.
O relatório aponta que, embora o país tenha demorado a se recuperar da pandemia de covid-19, setores que antes ficavam para trás, como a construção civil, agora estão à frente.
Na Colômbia, depois do forte crescimento de 2022 (7,3%), a economia está desacelerando e o Fundo prevê que em 2023 o índice se situe em 1,4%, antes de se recuperar no próximo ano, a 2,0%.
No Chile, que em 2022 teve um crescimento de 2,4%, o FMI espera uma contração de 0,5% este ano, antes de se recuperar para +1,6% em 2024, impulsionado pelas exportações e pela recuperação do consumo.
O Chile "foi um dos países do mundo que teve a maior expansão de políticas durante a covid, e isso gerou um desequilíbrio muito grande na economia", indicou Valdés em coletiva de imprensa, para explicar a contração da economia chilena.
"Quando os países têm este tipo de desenvolvimento, precisam de um ajuste posteriormente [...] Vemos que fizeram muitos progressos e que tem sido uma reação cuidadosa e cautelosa por parte das autoridades", acrescentou.
A inflação na região diminuiu, embora o relatório não tenha considerado os dados da Argentina, que é muito imprevisível em um contexto de alta volatilidade cambial, ou da Venezuela, onde não existem números oficiais.
O Fundo destaca que "a rápida resposta dos bancos centrais da região foi decisiva no controle da inflação" e destaca que a evolução de economias como Chile, Colômbia, Brasil e México está em linha com a do resto do mundo, exceto em mercados europeus emergentes, onde a inflação aumentou devido à invasão russa da Ucrânia.
"Continuará sendo necessário encontrar um equilíbrio justo entre colocar a inflação em uma trajetória descendente duradoura e minimizar o risco de um período prolongado de crescimento fraco", disse Valdés no comunicado.
"É crucial determinar o ritmo adequado de flexibilização monetária e avaliar o impacto que o endurecimento anterior teve na inflação, já que a política monetária opera com desfasagens", insistiu.
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