23 de Novembro de 2024

Estudo relaciona doença de Parkinson à solidão


Recentemente, estudo publicado na revista JAMA Neurology revelou uma associação da solidão com o Parkinson, doença neurodegenerativa ainda sem cura. Foram acompanhadas 491.603 pessoas de um biobanco no Reino Unido, durante 15 anos. Na fase inicial, os participantes tiveram de responder uma pergunta: "Você se sente sozinho com frequência?"

Todos eles tinham mais de 50 anos, já que a patologia é mais comum em adultos e, para entender melhor a relação entre a solidão e o Parkinson, as análises foram repetidas a cada cinco anos. Os resultados finais indicaram que aqueles que se sentem frequentemente solitários têm 37% mais chances de desenvolver a doença.

Esse não é o primeiro estudo que fala sobre os efeitos negativos da solidão para a saúde. Mas, até então, foram exploradas outras consequências como a obesidade ou problemas cardiovasculares, por exemplo. E, de acordo com Antonio Terracciano, geriatra da Universidade do Estado da Flórida e coordenador do estudo, essa confirmação persiste mesmo quando são considerados outros fatores demográficos, como status socioeconômico, estilo de vida pouco saudável ou predisposição genética a outras doenças, embora tenha reconhecido que algumas variações podem atenuar o resultado.

Segundo o estudo, existem dois fatores que controlam essa probabilidade, que os estudiosos identificaram como possíveis pistas para compreender as causas da observação. Ele sugere que a solidão está mais propensa a estar relacionada a um maior risco de Parkinson, através de vias metabólicas, inflamatórias e neuroendócrinas, uma vez que a melhora diminui 13% quando levadas em conta condições crônicas como diabetes.

Além disso, a saúde mental atenua significativamente essa correlação entre o Parkinson e a solidão (24%). Evidências indicam associações bidirecionais entre solidão e depressão, que tendem a ocorrer simultaneamente e estes resultados, comenta Terracciano, sugerem que o mesmo padrão se aplica ao Parkinson, embora ainda não se possa afirmar com certeza qual dos dois ocorre primeiro.

Segundo a geriatra da Saúde no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima, tal pesquisa mostra uma suspeição ainda sem comprovação que merece atenção na hora de extrapolar as informações. "Precisamos ver o estudo com cautela. Nós temos a comprovação de que a depressão, por exemplo, está associada a um risco maior de demência e doenças neurodegenerativas. E o Parkinson acaba causando/cursando com a depressão. Mas a solidão e seus efeitos não estão ligados a uma única causa ou via neuropatológica."

A geriatra conta que a causa dessa associação entre a depressão e a demência não é totalmente compreendida, mas alguns fatores são característicos para essa ligação. Ambos os distúrbios envolvem alterações nos neurotransmissores, substâncias químicas do cérebro que afetam o humor e o movimento.

Receber um diagnóstico de uma condição crônica como a doença de Parkinson pode ser extremamente estressante e isso pode desencadear ou agravar a depressão, bem como a progressão da doença, que leva à perda de independência e limitações nas atividades diárias. A depressão, segundo a médica, pode fazer com que o paciente permaneça mais isolado do convívio social com outras pessoas.


A doença é um distúrbio neurológico progressivo que afeta principalmente o controle dos movimentos do corpo. "Ela é causada pela degeneração das células nervosas no cérebro, especificamente na região chamada substância negra, que é responsável pela produção de dopamina, um neurotransmissor essencial para o controle dos movimentos musculares."

Entre os fatores de risco estão, de acordo com Simone, a combinação de fatores genéticos e ambientais, como traumas no crânio e exposição a determinadas substâncias, como herbicidas e pesticidas; a idade, já que na maioria dos casos, a doença surge após os 50 anos; sexo, já que, em homens, a probabilidade de se desenvolver é cerca de 50% maior comparada às mulheres; e a hereditariedade (ter um familiar de primeiro grau com Parkinson pode aumentar as chances de desenvolver a doença também, no entanto, os riscos ainda são pequenos).

Fonte: correiobraziliense

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