22 de Novembro de 2024

Israel prevê ofensiva terrestre 'longa e intensa' à Faixa de Gaza


Em visita às tropas posicionadas na fronteira com a Faixa de Gaza, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, avisou aos homens da Brigada Givati: "Vocês estão vendo Gaza de longe; em breve, a verão por dentro; a ordem virá". O chefe do Comando Sul das Forças de Defesa de Israel (IDF), major-general Yaron Finkelman, declarou que a ofensiva terrestre começará em breve, e será "longa, difícil e intensa". "A guerra nos foi imposta por um inimigo cruel. (...) Nós os derrotaremos no território deles", declarou, em referência ao grupo terrorista Hamas, que matou 1,4 mil pessoas durante o ataque a kibbutzim e a cidades do sul de Israel, em 7 de outubro. O premiê Benjamin Netanyahu também esteve com os militares na fronteira. "Venceremos com todas as nossas forças. Israel está com vocês. Vamos atacar fortemente."

Também nesta quinta-feira (19/10), o Hamas acusou as IDF de bombardearem a igreja greco-ortodoxa de São Porfírio, a mais antiga de Gaza ainda em atividade. O Ministério do Interior palestino, comandado pelo Hamas, citou "muitos mártires e feridos". A inteligência norte-americana informou que o ataque ao Hospital Batista Al-Ahli Arab, na Cidade de Gaza, na última terça-feira (17), deixou entre 100 e 300 mortos. Em um desdobramento sem precedentes, um navio da Marinha dos EUA derrubou mísseis e drones disparados por rebeldes houthis no Iêmen, possivelmente direcionados contra Israel. Três "mísseis de cruzeiro de ataque terrestre e vários drones" foram interceptados por um destróier "que opera no norte do Mar Vermelho", disse um porta-voz do Pentágono.

Avô beija corpo de menina palestina atingida por bombardeio israelense, em Rafah, no sul de Gaza
Avô beija corpo de menina palestina atingida por bombardeio israelense, em Rafah, no sul de Gaza (foto: Said Khatib/AFP)

Objetivo

O anúncio de que uma ofensiva terrestre ocorrerá em breve causou surpresa. Analistas apostavam que a visita do presidente Joe Biden a Israel, nesta semana, seria um fator de contenção para uma segunda fase da guerra. "Não vou elaborar sobre quando, onde e o que vamos fazer, mas estamos preparados, equipados e mobilizados com tropas terrestres ao redor de Gaza. Começaremos as operações militares em Gaza quando for a hora certa, quando a situação de batalha for correta e tivermos todas as condições atendidas", afirmou ao Correio, por telefone, Jonathan Conricus, porta-voz internacional das IDF. "Nós degradamos a capacidade militar do Hamas, em termos de foguetes, logística e produção de armas. Seguiremos aplicando pressão sobre o Hamas. A meta de nossa guerra é desmantelar por completo o grupo e resgatar os reféns. A guerra é contra o Hamas, não contra a população civil."

Ali Barakeh — chefe do Departamento de Relações Nacionais do Hamas e um dos líderes da facção terrorista palestina exilado em Beirute — disse ao Correio que o governo de Netanyahu "se atrapalha" nas decisões relativas a uma ofensiva terrestre. "Há confusão no 'Ministério da Guerra' e na liderança do exército. Não tememos a incursão e estamos prontos para enfrentá-los e defender nosso povo, nossa terra e nossas santidades", admitiu. Ele confirmou que "forças de ocupação sionistas" mataram a "mártir" Jamila Al-Shanti, membro do Conselho Legislativo Palestino e a primeira mulher eleita para o gabinete político do Hamas em Gaza. "Al-Shanti foi a responsável pelo Departamento de Assuntos Femininos Palestinos." Jamila, 64 anos, morreu em um ataque aéreo das IDF, na quarta-feira, no campo de refugiados de Jabalia. 

Barakeh confirmou que o Hamas mantém 200 reféns, incluindo estrangeiros que não têm cidadania israelense. "Nós decidimos libertá-los assim que a guerra parar. Tratamos bem os nossos prisioneiros. Eles comem o que comemos e bebem o que bebemos. Mas a Força Aérea israelense matou 22 deles nos bombardeios", assegurou. 

Às 22h30 desta quinta-feira, 19 (16h30 em Brasília), o engenheiro civil Mohammed Al Assar, que viveu no Brasil dos 8 meses de idade até os 16 anos, estava dentro de um quarto na cidade de Deir Al Balah, no centro-sul da Faixa de Gaza, com dez pessoas. Era impossível dormir. "Há muitos bombardeios. Mísseis caíram a 5km de onde estamos. Podemos escutar, inclusive, os ataques que ocorrem no norte de Gaza", contou ao Correio, por telefone. Nesta sexta-feira, pelo menos 20 caminhões carregados com ajuda humanitária, vindos do Egito, devem atravessar a passagem de Rafah e entrar no enclave palestino para ser entregue à população do sul. "Isso é importante, mas o que a gente precisa é acabar com a guerra", desabafa. Mohammed compara  a situação a um "filme de terror". "Você sabe que vai chegar a sua hora e apenas espera pela morte", disse.

 

Israeli Army Spokesperson for International Media, Lieutenant Colonel Jonathan Conricus poses for a picture in the military base of Har Dov on Mount Hermon, a strategic and fortified outpost at the crossroads between Israel, Lebanon and Syria on October 30, 2019. The frontlines have been unchanged for years, but it is the events of recent weeks in Lebanon that, Israel hopes, may weaken their cross-border foe Hezbollah, which it regards as a terrorist organisation. / AFP / JALAA MAREY
Jonathan Conricus, porta-voz internacional das Forças de Defesa de Israel (IDF) (foto: Jalaa Marey/AFP)

"Nós infligimos danos ao Hamas, mas ainda é muito prematuro para avaliar os efeitos deles. No entanto, fomos capazes de matar pelo menos dez comandantes, alguns deles bastante antigos. Entre eles, estão líderes militares e políticos, além de responsáveis pelas finanças e pela logística. Nós continuaremos a caçar outros nomes antigos do Hamas."

Jonathan Conricus, porta-voz internacional das Forças de Defesa de Israel (IDF)

Fonte: correiobraziliense

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