Barulhos altos podem afetar a audição de pessoas de qualquer idade. No entanto, um novo alerta emitido, neste sábado (21/10), pela Academia Americana de Pediatria (AAP), aponta que a exposição excessiva a ruídos na infância e na adolescência podem ter efeitos cumulativos irreversíveis na saúde auditiva.
Preocupada com esse cenário, a AAP também divulgou uma lista com recomendações de cuidados atualizados — a última publicação era de 1997. “O ruído é pouco reconhecido como um perigo para a saúde pública. É necessário dedicar mais atenção às atividades cotidianas, começando desde cedo na vida”, afirma a pediatra da AAP Sophie Balk.
De acordo com Balk, a urbanização e a industrialização tornaram o mundo mais barulhento. Além disso, o uso de dispositivos eletrônicos por crianças cresce cada vez mais, resultando em exposições prolongadas ao ruído. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que quase 50% das pessoas com idade entre 12 e 35 anos correm o risco de perder a audição devido à exposição excessiva a sons altos.
“Muitas crianças já apresentam perda auditiva. Gostaríamos que médicos, pais, crianças e outras pessoas aprendessem mais sobre os perigos do ruído para que possam ajudar a prevenir e mitigar as exposições desses jovens”, enfatiza Balk. A lista de cuidados vai desde atenção a locais barulhentos e uso de fones de ouvido até o volume de brinquedos e de máquinas de indução de sono.
Conforme a coordenadora do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal, Andrea Jácomo, o ruído pode provocar a perda auditiva por trauma acústico ( concentração de som intenso em um único momento) ou de forma induzida. “A perda auditiva induzida pelo ruído ocorre quando sons acima de 85 decibéis (dB) são ouvidos de forma repetitiva, durante um longo período de tempo. Isso acarreta em uma deterioração auditiva lentamente progressiva” explica a pediatra.
Por isso, Jácomo atenta que o uso contínuo de fones de ouvido de alta potência podem levar à perda de audição. O nível de intensidade do som desses dispositivos varia de 60dB a 120dB, e ruídos acima de 80dB se enquadram como nocividade auditiva. “Pediatras, pais e educadores precisam estar alertas quando as crianças e os adolescentes tiverem dificuldades de perceber sons agudos, como telefones e campainhas, pois as frequências altas são as primeiras a serem alteradas” alerta. A médica também orienta que, caso sejam percebidos transtornos de fala ou audição, é importante manter um acompanhamento com fonoaudiólogo e fazer avaliação auditiva com um especialista em otorrinolaringologia.
De acordo com Balk, crianças pequenas estão mais suscetíveis aos impactos do ruído porque têm canais auditivos menores, o que intensifica mais o som. Além disso, a exposição constante a barulhos pode trazer outras consequências para a saúde como maior risco de doenças cardíacas, problemas de sono, estresse psicológico e dificuldades de aprendizagem. “Esperamos que essa declaração política de alerta conduza a uma maior conscientização sobre os muitos efeitos do barulho. A perda auditiva induzida por ruído é evitável se os pediatras, os pais e os pacientes estiverem atentos”, salienta Balk.
Segundo a AAP, é possível diminuir os impactos da exposição a ruídos com ações de cuidados individuais. Entre as recomendações listadas pela academia, estão:
* Especial do Correio
Fonte: correiobraziliense
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