22 de Novembro de 2024

Diana Nyad, a mulher que nadou de Cuba a Miami aos 60 anos e inspirou filme cotado para Oscar


Tubarões, queimaduras por águas-vivas, tempestades tropicais, problemas de navegação e exaustão física são problemas incomuns a um dia normal de trabalho.

Mas para a atleta aposentada Diana Nyad, esses foram os desafios que ela enfrentou durante as tentativas que fez, aos 60 e poucos anos, para se tornar a primeira pessoa a nadar os 177 km de Cuba até a Flórida sem o uso de uma gaiola protetora.

Para a maioria das pessoas, Nyad entre elas, a atleta havia se aposentado da natação competitiva aos 30 anos.

Mas, em 2011, mais de três décadas depois, ela decidiu correr atrás da conquista que lhe havia escapado em 1979, quando tinha 20 anos. Ela voltou a tentar concluir a travessia e finalmente realizou atingiu seu objetivo em 2013.

Agora, sua história foi adaptada pela Netflix, e a atriz Annette Bening é cotada para ser indicada ao Oscar por sua interpretação da nadadora, que contou com o apoio da amiga e treinadora Bonnie Stoll.

“Cada vez que ela vai nadar, é claro que você acha que ela vai conseguir”, disse Stoll à BBC News.

“E é uma pena quando isso não acontece. Principalmente para ela, porque significa mais um ano de treinamento. Mas ela não se daria por vencida, não importa o que acontecesse.”

E Stoll, interpretada por Jodie Foster no filme, é parte da história tanto quanto Nyad.

Ela navegou ao lado de sua melhor amiga, coordenando a operação e mantendo a viagem no rumo certo.

“Joguei raquetebol durante 10 anos, a Diana foi minha treinadora, e ela me ensinou muito sobre capacidade física”, conta Stoll. “Então, para mim, poder inverter os papéis e treiná-la foi muito legal, eu adorei. Aprendi mais sobre a vontade humana do que qualquer outra coisa.”

O filme, intitulado Nyad, é a estreia em ficção do casal de diretores Elizabeth Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin.

Eles já haviam dirigido os documentários Free Solo, sobre um alpinista sem corda, e The Rescue, sobre os meninos que ficaram presos em uma caverna na Tailândia.

“Como mariposas diante da chama, Jimmy e eu fomos atraídos por essas histórias sobre indivíduos que ultrapassam os limites do possível”, explica Vasarhelyi. "E Diana Nyad é exatamente isso."

"The Rescue e Free Solo concentraram-se em um homem ou em um grupo de homens. E por um tempo buscávamos como isso se manifestaria em uma mulher? Como seria diferente?"

Normalmente, nos filmes, qualquer pessoa que não seja o personagem principal é chamada de personagem coadjuvante, e a pessoa que o interpreta é chamada de ator coadjuvante.

O título nunca foi tão apropriado quanto no caso de Stoll, que foi o maior apoio de Nyad, ano após ano, navegando ao lado da amiga apoiando-a na busca pelo seu objetivo.

“O meu papel era de coadjuvante”, concorda Stoll. "Na cabeça dela, nós fizemos isso juntos. Na minha cabeça, eu a vi fazer isso", conta.

“Ao longo dos anos de tentativa e treinamento, Diana e eu estávamos exatamente na mesma página”, lembra ela. "Podemos discutir, mas não acho que tenhamos discutido uma única vez [durante esse período]. Tenho tendência a ficar muito irritada, mas durante esses anos não aconteceu".

Um dos aspectos mais interessantes do filme é como Nyad supera os perigos. Os tubarões, por exemplo, assustam-se graças a um sinal de áudio enviado do barco.

No entanto, uma água-viva queimou-a no antebraço e no pescoço, causando graves problemas respiratórios e colocando fim a sua terceira tentativa.

Na tentativa seguinte, ela usou uma máscara protetora feita sob medida.

E o sucesso em 2013 foi tão extraordinário que alguns críticos levantaram dúvidas.

Ela de fato não teria se apoiado no barco em nenhum momento para descansar o corpo? Ela poderia realmente ter conseguido o feito, sem ajuda, em tão pouco tempo?

A Associação Mundial de Natação em Águas Abertas disse que havia uma “lacuna significativa” nos registros e, assim, o recorde não foi ratificado oficialmente. O Guinness World Records também anulou o reconhecimento.

Além disso, Nyad já havia sido acusada de exagerar ou fazer declarações enganosas sobre a natação e foi descrita como "o flagelo da comunidade de natação em águas abertas que engrandece a si mesmo".

Mas a equipe de Nyad atribuiu a conquista à rápida Corrente do Golfo, que fluía a seu favor. "Eu nadei. Conseguimos. Com a nossa equipe, conseguimos, das rochas de Cuba até a praia na Flórida, em um ambiente impecável e ético," disse Nyad.

A Federação de Nadadores em Águas Abertas também apoiou Nyad e disse que não há evidências de que ele tenha trapaceado.

Stoll fornecia alimentos e líquidos a Nyad do navio. Tinha assistentes, incluindo o navegador-chefe John Bartlett (interpretado por Rhys Ifans no filme).

“Uma das regras era que não haveria sarcasmo”, lembra Stoll. "E tampouco sabíamos dizer as horas. Mas éramos uma equipe, com certeza. Se todos fazem seu trabalho da maneira que deve ser feito, será um sucesso."

Em geral, o filme foi bem recebido pela crítica, com muitos elogios à interpretação feita por Bening de um personagem obstinado e sem complexos.

“A interpretação de Nyad por Bening é a melhor que ela já fez, abraçando perfeitamente a teimosia e a força de vontade da atleta”, escreveu Isabella Soares, do site Collider.

“Parabéns à [roteirista Julia] Cox e a toda a equipe por nunca se esquivar dos aspectos mais duros da personalidade de Diana em prol da 'simpatia'”, escreveu Maureen Lee Lenker, da Entertainment Weekly.

Mas falando de forma mais ampla sobre o filme, ele acrescentou: "Nyad simplesmente tenta fazer demais. Cada tentativa de nadar deveria ser como um thriller, o que está em jogo a cada momento são sequências emocionantes, mas isso é prejudicado por problemas de ritmo em outras partes"

A própria Nyad disse ao LA Times que ficou “impressionada” com o filme, mas não pôde falar mais sobre ele porque faz parte do American Actors Guild, cujos membros estavam em greve.

Stoll diz que o filme é “muito” fiel à realidade. “Existem outros aspectos na personalidade de Diana porque ela é muito diversificada, mas o filme é quem ela é, em todos os sentidos”, acrescenta.

Nyad é uma personagem difícil de gostar e sua atuação no filme não suaviza isso. “Era importante criar uma imagem completa. Nunca se vê papéis como esse para mulheres”, explica Vasarhelyi.

Não é difícil imaginar Bening recebendo sua quinta indicação ao Oscar por esse papel. “Quero dizer, Inshallah, certo? Se Deus quiser”, diz Vasarhelyi.

A disputa pelo prêmio de melhor atriz está bastante concorrida este ano. No páreo deve estar atrizes como Emma Stone, Carey Mulligan, Lily Gladstone e Sandra Hüller, entre outras.

“Não sei, acho que os prêmios são mágicos, mas direi que a atuação [de Bening] certamente é digna de reconhecimento”, reflete o codiretor.

“Ela treinou por mais de um ano, não hesitou em interpretar um personagem complicado do qual você talvez não gostasse o tempo todo. E fiquei incrivelmente impressionado com a forma como ela habita seu corpo aos 64 anos.”

Fonte: correiobraziliense

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