Já pensou em ter um apartamento na beira da praia ou em uma região serrana para poder passar as férias? A multipropriedade promete tornar esse processo mais fácil. O modelo de negócio, que consiste no compartilhamento de um imóvel entre diferentes donos, tem crescido no Brasil. Em 2023, o país conta com pelo menos 180 empreendimentos desse tipo, entre prontos e em construção, com VGV (Valor Geral de Vendas) de quase R$ 60 bilhões. Os dados constam no relatório “Cenário do desenvolvimento de multipropriedades no Brasil 2023”, produzido pela Caio Calfat Real Estate Consulting. O modelo é regulamentado desde 2018 no país.
“Todas as pessoas são proprietárias do imóvel todo, mas não podem usar o tempo todo. Esse modelo tem crescido no Brasil, que já existe há muito tempo nos Estados Unidos e na Europa”, explica o professor de direito Gustavo Kloh, da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro. Segundo ele, o modelo é bem comum no ramo da hotelaria, mas também em aeronaves e embarcações.
De acordo com o professor, a multipropriedade tem muitas vantagens para todos os envolvidos, contando que a pessoa tenha uma agenda flexível. “Eu tenho um pedaço de um bem que eu posso usar e o custo disso é baixo. A desvantagem é que a regra é dura. Posso usar duas três semanas, com pouca flexibilidade, muita gente tendo que ser acomodada em pouco espaço. A pessoa tem que ter uma agenda flexível. Tirando isso é barato e interessante. As pessoas estão atrás disso, ser feliz economizando”, destaca.
Este mês, o país teve o lançamento de mais um projeto do tipo. O Hard Rock Hotel de Gramado, que tem inauguração prevista para 2027, seguirá o modelo de multipropriedade. O Correio visitou, a convite da Mundo Planalto, o salão de vendas do hotel. O empreendimento terá 858 apartamentos, com valores iniciais de R$ 89.900 cada semana. Quase todas as unidades serão para multipropriedade, com somente cerca de 100 apartamentos para a hotelaria comum. Cada cliente poderá adquirir no máximo seis semanas.
De acordo com Wesley Reis, sócio da Mundo Planalto, a multipropriedade permite que o empreendimento possa ser feito. A previsão é de cerca de R$ 1 bilhão de investimentos para que o Hard Rock possa ser construído. No modelo, o interessado compra as semanas que poderá usufruir ou colocar para locação. “Uma das formas de fazer é vender a semana para o cliente, mas no fim do dia, não tem diferença entre o serviço da hotelaria comum e da multipropriedade. É uma modelagem para a gente fazer uma venda. No momento que ele não estiver usando ele coloca para locação”, explica.
Este é o segundo empreendimento na Serra Gaúcha da Mundo Planalto que seguirá o modelo. O primeiro é o resort Castelos do Vale, que será o primeiro do Brasil dentro de uma vinícola. O resort fica em Bento Gonçalves, na vinícola Dom Cândido. O empreendimento já está em construção e com quase todas as unidades vendidas. A inauguração está prevista para 2025. O investimento é de cerca de R$ 100 mil. Ao todo, serão 64 unidades de hotelaria de 40 metros quadrados cada.
“No meio do processo de fazer o Hard Rock fomos convidados a conhecer o Vale dos Vinhedos e ficamos apaixonados. É um destino que está crescendo e vai crescer mais ainda. Cada vez mais as pessoas querem ter contato com o enoturismo. Temos projetos de expandir para outros países”, explica o SEO da Mundo Planalto, José Roberto Nunes.
*A jornalista viajou a convite da Mundo Planalto
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