O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, decidiu manter os juros básicos da maior economia do planeta no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano, como era esperado pelo mercado nesta quarta-feira (1º/11). A decisão dos integrantes do Fomc, o comitê de política monetária do Fed, foi unânime.
No comunicado, o colegiado reconheceu que a atividade econômica está crescendo em um ritmo mais forte no terceiro trimestre do ano, mas o desemprego está em patamares baixos e a inflação "continua elevada". "O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Condições financeiras e de crédito mais restritivas para famílias e empresas deverão pesar sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação. A extensão desses efeitos permanece incerta. O Comitê permanece muito atento aos riscos de inflação", destacou o relatório do Fomc.
O Fomc informou que continuará a avaliar informações adicionais e as suas implicações para a política monetária e, além de monitorar a inflação, continuará reduzindo as participações em títulos do Tesouro norte-americano e dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas de agências, conforme descrito nos seus planos anunciados anteriormente. "O Comitê está fortemente empenhado em fazer com que a inflação regresse para a meta de 2%", acrescentou o comunicado.
A decisão do Fomc era esperada pelo mercado, que também não prevê surpresas na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).
Em mais uma quarta-feira de decisão conjunta das taxas de juros básicas dos Estados Unidos e do Brasil, a expectativa é de decisões sem surpresas, mas com maiores expectativas para as próximas decisões, o que ajuda a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) operar sem muitos solavancos, de acordo com analistas.
“Nos Estados Unidos, segundo dados do CME Group, há 97,1% de chance de o Fed manter a taxa inalterada. A questão na mesa por lá é que o banco central não precisa subir os juros uma vez que o mercado elevou os juros para ele nos vértices mais longos criando assim condições monetárias mais restritivas”, destacou o consultor André Perfeito, ex-economista-chefe da Necton Investimentos.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, lembrou que ainda há incerteza se o Fed poderá elevar ainda mais os juros na próxima reunião do Fomc, comitê de política monetária do banco central norte-americano. "Por mais que o mercado esteja precificando uma pausa, ainda há dúvidas se eles ainda vão subir os juros em dezembro ou não. O discurso do Fed está mais imprevisível do que o do Banco Central do Brasil", afirmou.
Apesar do aumento de incertezas no mercado doméstico em torno da nova meta fiscal, que poderá mudar antes mesmo de ser aprovada pelo Congresso, o consenso de analistas é de que o Copom mmantenha o ritmo de corte da taxa básica da economia (Selic), de 0,50 ponto percentual, passando de 12,75% para 12,25% ao ano.
“A queda dos juros será ofuscada pelas discussões fiscais de 2024 onde se estabeleceu certo pessimismo após as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre mudanças na meta fiscal”, disse Perfeito.
Rafael Cardoso, economista-chefe da Daycoval Asset, também espera queda de 0,50 ponto percentual na Selic, e ressaltou que as atenções estarão voltadas para o comunicado. “Para o Copom desta semana não haverá mudanças na sinalização dada na reunião anterior, de manutenção do ritmo de queda. As incertezas em torno da meta fiscal devem ter pouco impacto ou nenhum na decisão, porque o movimento das expectativas de inflação não foram contaminados com os eventos de curto prazo. Eventualmente, o BC pode ser mais conservador na sinalização e retirar do comunicado o trecho de que manterá o ritmo atual da política monetária”, afirmou.
De acordo com Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, apesar de a decisão do Copom, hoje, não esperar ter muitas surpresas, as próximas reuniões deixam o mercado mais preocupado, especialmente com a saída de dois diretores da atual gestão no fim do ano. Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais do BC, é uma das figuras mais ortodoxas do colegiado. "Esse BC super heterodoxo que vem pela frente vai começar a sempre trazer novidades desagradáveis no futuro", afirmou.
Enquanto isso, pouco antes da divulgação do Fed, a B3 operava no azul, na expectativa das decisões dos bancos centrais dos EUA e do Brasil. Por volta das 14h45 o Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, registrava alta de 1,28%, a 114.591 pontos. Quinze minutos após a decisão do Fed, o IBovespa avançava 1,36%, a 114.678 pontos. O dólar comercial, por sua vez, era negociado abaixo de R$ 5. Por volta das 15h20, registrava queda de 0,85% frente ao real, para R$ 4,991.
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