23 de Novembro de 2024

Dia Mundial do Ceratocone: entenda sobre a doença e como evitar o agravamento


Coçar os olhos, algo que costuma ocorrer involuntariamente, pode provocar uma doença ocular que está entre as maiores causas de transplantes de córnea no mundo, o ceratocone. Nesta sexta-feira (10/11), ocorre o Dia Mundial do Ceratocone, data criada em 2016 pela National Keratoconus Foundation (NKCE), com o objetivo de conscientizar e informar sobre as causas.

“O ceratocone é uma condição ocular progressiva na qual a córnea, que é a estrutura anterior dos olhos e funciona como uma lente para focalizar a imagem, é afetada. A córnea sofre um afinamento e sua curvatura vai aumentando e adquirindo uma forma cônica. Isso pode levar a uma visão embaçada, distorcida e sensibilidade à luz.”, explica o médico oftalmologista Luiz Alberto Rosa Barbalho, especialista em córnea, cirurgia refrativa e lentes de contato do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), empresa do Grupo Opty.

As causas exatas do ceratocone não são totalmente compreendidas, mas alguns fatores podem contribuir. Além dos fatores genéticos, o ato de coçar os olhos está ligado ao surgimento da doença e a progressão, isso porque o contato de forma intensa e com frequência, facilita a deformação da córnea. “Coçar os olhos, especialmente de maneira frequente e vigorosa, pode contribuir para o surgimento ou progressão do ceratocone devido à pressão exercida sobre a córnea. A córnea é uma estrutura delicada, e o ato de coçar os olhos pode causar microtraumas na sua superfície. Além disso, a coceira crônica pode aumentar a produção de enzimas que enfraquecem o tecido corneano. Pessoas com alergias oculares são particularmente propensas a coçar os olhos e, como já mencionado, a associação entre alergias e ceratocone é observada em alguns casos.”, diz Luiz Alberto Rosa Barbalho.

Dados da Associação Brasileira de Transplante dos Órgão apontam que, dos mais de 23 mil transplantes realizados anualmente no país, cerca de 13 mil são de córnea e o ceratocone está entre as principais causas. No DF, dos 328 pacientes inscritos no Banco de Olhos que esperam por um transplante de córnea, 106 também são por ceratocone.

A doença pode ocorrer em diferentes graus, variando a velocidade em cada tipo de paciente, mas costuma se manifestar na infância ou adolescência, e só atinge a estabilização por volta dos 35 anos. Além disso, o ceratocone pode progredir, deixando o paciente com uma baixa de visão acentuada que não melhora com óculos e nem com lentes de contato, fazendo assim com que necessite de um transplante de córnea.

A doença não tem cura, mas a boa notícia, segundo o médico Luiz Alberto Rosa Barbalho, é que existem vários tratamentos disponíveis. “Há várias opções cirúrgicas para tratar o ceratocone, dependendo da gravidade da condição. Casos moderados a graves, com piora das curvaturas, podem ser tratados cirurgicamente. O crosslinking, uma técnica considerada mais moderna para o tratamento e estabilização do ceratocone; e o Anel de Ferrara são tratamentos eficientes em permitir uma melhora na visão. O transplante de córnea é o último recurso, sendo necessário quando o paciente apresenta uma curvatura muito extrema, um afinamento grande ou alguma cicatriz na córnea. Em casos complexos – quando a córnea transplantada é rejeitada - a solução costuma ser a ceratoprótese”, ressalta o médico.

Embora não seja possível prevenir o ceratocone, algumas práticas podem ajudar a reduzir os riscos ou a progressão da doença.

Fonte: correiobraziliense

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