20 de Setembro de 2024

A série de TV que tenta tornar Xi Jinping popular entre jovens chineses ao fundir Marx e Confúcio


Uma nova série produzida na China, intitulada , em sessões de perguntas e respostas. Elas incluem questões levantadas por um grupo de jovens estudantes chineses e deliberações sobre essas conversas por acadêmicos e propagandistas oficiais.

O conteúdo, a estrutura e o objetivo dos episódios são claramente orientados à popularização das ideias de Xi Jinping, principalmente entre os jovens.

A série se destaca por diversos motivos. Ela combina alguns dos padrões e técnicas do entretenimento popular, como o emprego de inteligência artificial e tecnologias digitais sofisticadas, com a mistura de gêneros culturais tradicionais chineses, como o teatro de sombras, e estilos musicais modernos como o rap.

Mas sua maior característica talvez seja a improvável ideia dos diálogos entre duas figuras históricas que viveram separados por mais de 2 mil anos: Confúcio (551-479 a.C.) e Karl Marx (1818-1883).

No Ocidente, os comentários sobre a série vêm se dedicando à natureza considerada um tanto cômica da sua proposta. Mas existe muito mais em jogo, além das deficiências artísticas da produção.

O tema central da série gira em torno da noção de "segunda integração".

Esta noção foi introduzida por Xi Jinping em julho de 2021, durante as comemorações do centésimo aniversário do Partido Comunista Chinês. Ela destaca a integração dos princípios básicos do marxismo à realidade específica da China e sua rica cultura tradicional.

Embora o marxismo seja a ideologia oficial do partido desde a era de Mao Tsé-tung (1893-1976), o confucionismo vem sendo invocado mais recentemente para estabelecer a coesão nacional.

Mas esta série eleva o significado de Confúcio ao mesmo nível de Karl Marx. Seria uma mudança improvável, não fosse sua aprovação pelo próprio presidente chinês.

Alguns analistas observam o trabalho de propaganda de Xi Jinping pela lente do seu permanente incentivo ao culto da personalidade na China. Mas esta perspectiva ignora os desafios mais profundos enfrentados pelo Estado unipartidário do país.

O filósofo político Ci Jiwei, professor de filosofia da Universidade de Hong Kong, defende que as campanhas de propaganda e repressão ideológica na China podem ser reações aos desafios de legitimidade enfrentados pelo partido.

Ci observa que o PCC "não pode ter outra fonte de legitimidade aceita pelo público, além do relacionado ao seu passado na revolução comunista".

Mas essa legitimidade foi significativamente enfraquecida depois do massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989.

Desde então, o partido depende da anuência do público ao seu controle, em troca de desenvolvimento econômico e da melhoria do padrão de vida das pessoas. Esta legitimidade pelo desempenho depende profundamente do sucesso econômico e apresenta vulnerabilidades inerentes que poderiam comprometer o regime.

A sociedade chinesa passou por mudanças abrangentes e significativas. Estas mudanças incluem o surgimento de e o Sr. Shen, consideraram a concepção da série bizarra e constrangedora, e que sua doutrina não tem coerência.

Enquanto o Ocidente recebe com forte ceticismo a campanha de propaganda da China – a iniciativa de civilização global, a tentativa de promover o "pensamento de Xi Jinping" entre o público chinês parece ser um objetivo de difícil aceitação.

* Tao Zhang é professora da Escola de Artes e Humanidades da Universidade Nottingham Trent, no Reino Unido.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado sob licença Creative Commons. Leia aqui a versão original em inglês.

Fonte: correiobraziliense

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