China está "pronta para ser parceira e amiga dos Estados Unidos", declarou o presidente Xi Jinping, na quarta-feira (16/11), em um evento com empresários americanos em San Francisco, em um contexto de desaceleração de sua economia.
Se um país vir o outro como um concorrente principal e um desafio geopolítico, "isto apenas levará a medidas equivocadas, ações desacertadas e resultados não desejados", disse ele em um jantar à margem do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) celebrado na Califórnia.
Xi fez esses comentários horas depois de sua esperada reunião com o presidente americano, Joe Biden, na qual concordaram em reduzir as tensões, em seu primeiro encontro em um ano.
As duas partes anunciaram uma série de acordos, começando com a reativação de uma linha direta militar de alto nível. Tudo isso depois de conversarem nos luxuosos jardins de Filoli.
"Deveríamos construir mais pontes e pavimentar mais estradas para a interação entre as pessoas", disse Xi a cerca de 400 líderes empresariais, funcionários governamentais e acadêmicos.
Entre os convidados estavam o CEO da Apple, Tim Cook; Laurence Fink, da BlackRock; e o CEO da Pfizer, Albert Bourla, segundo a lista à qual a AFP teve acesso.
Os comentários de Xi no evento organizado pelo Conselho Empresarial EUA-China e pelo Comitê Nacional sobre Relações EUA-China surgem em meio a preocupações com uma supervisão comercial mais rigorosa da China e tensões bilaterais.
A confiança das empresas estrangeiras na China atingiu, em setembro, seu ponto mais baixo em anos, de acordo com lobistas empresariais dos Estados Unidos e da Europa, enquanto as empresas americanas tentam cada vez mais desviar seus investimentos.
O encontro entre Xi e Biden gerou polêmica, já que, após o encontro, um jornalista perguntou ao presidente americano se ele ainda considera Xi um "ditador".
"É um termo que usamos antes. Ele [Xi] é um ditador no sentido de que dirige um país comunista, que se baseia em uma forma de governo completamente diferente da nossa", respondeu Biden.
A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Mao Ning, reagiu nesta quinta-feira, afirmando que "este tipo de discurso é extremamente equivocado e uma manipulação política irresponsável".
Para Lindsay Gorman, principal pesquisadora do Fundo Marshall Alemão dos Estados Unidos, "Xi está interessado em indicar que, apesar das tensões geopolíticas, especialmente em torno das indústrias de alta tecnologia, a China continua aberta aos negócios".
Porém "há muito mais ceticismo" entre as empresas americanas do que há dez anos, embora algumas desejem superar as tensões, afirmou.
Thibault Denamiel, do Center for Strategic and International Studies (CSIS), afirmou que a chinesa Huawei apresentou, inesperadamente, um novo "smartphone" que utiliza tecnologia avançada de 7 nanômetros, durante a visita da secretária de Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, à China este ano.
Parece que as autoridades chinesas estão enviando uma dupla mensagem: que podem resistir a ventos geopolíticos contrários, como os controles de chips dos EUA, ao mesmo tempo em que incentivam as empresas estrangeiras a continuarem a investir no país, acrescentou.
Xi, que se reuniu recentemente com o governador da Califórnia, Gavin Newsom, afirmou que receberia de bom grado visitas de políticos e membros do Congresso.
Mike Gallagher, um republicano que preside na Câmara de Representantes o Comitê sobre Concorrência Estratégica entre EUA e China, criticou a participação de empresários americanos na reunião.
Considerou "desmedido" que empresas americanas paguem por um jantar de boas-vindas oferecido pelo Partido Comunista, apesar das acusações contra a China de ter cometido um "genocídio" na região de Xinjiang.
Durante o evento em um hotel da cidade, ativistas em defesa do Tibet se manifestaram contra a presença de Xi, a quem acusam de atentar contra os direitos humanos de seus compatriotas. Também se concentraram no local dezenas de pessoas com bandeiras da República Popular da China.
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