Há alguns meses, a influenciadora digital Bianca Brandt divulgou em seu perfil no TikTok que estava sofrendo com a secreção de fezes e gases pela vagina. Depois de ter passado por vários médicos ela finalmente pode fazer o tratamento médico adequado e se curar da sua doença: a fístula perianal.
“A fístula é qualquer comunicação anormal entre os órgãos. Pode ser, por exemplo, entre a bexiga e o intestino, entre o estômago e o intestino. No caso da fístula retovaginal se dá entre o ânus e a vagina e da perianal, ocorre entre a pele e o ânus. Por conta dessa comunicação anormal ela provoca sintomas tanto no ânus quanto na vagina. Quem tem fístula pode apresentar essa secreção que pode ser fezes ou gases pela vagina, ou de secreção purulenta ou sanguinolenta pela pele, porque está passando conteúdo de um órgão para o outro”, descreve a proctologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Maristela Almeida.
O surgimento das fístulas anais na maioria das vezes, se dá a partir da obstrução e infecção de glândulas perianais, levando à formação de abscessos (acúmulo de pus) nesta região. Estes abscessos, quando rompem espontaneamente, podem liberar o pus para a região da vagina ou da pele perianal. “Primeiro a pessoa tem obstrução da glândula, depois ela tem uma infecção, em seguida a formação desse abscesso. Pode drenar espontaneamente ou de modo cirúrgico, por meio de intervenção médica, porque o paciente não consegue conviver com isso. Esses abscessos podem cicatrizar totalmente ou eles podem evoluir para o que a gente chama de fístula anorretal”, relata a médica.
Além do surgimento das fístulas por infecção e obstrução das glândulas perianais (chamadas de origem criptoglandular), algumas doenças específicas em podem levar à formação de fístulas perianais, tais como a Doença de Crohn, tuberculose e traumas locais, como é o caso de alguns partos vaginais normais, ou outros fatores que causem a laceração do assoalho pélvico e da musculatura.
O diagnóstico pode ser feito por meio de um exame proctológico ou mesmo pelo toque na região entre o ânus e a vagina. Mas também há exames como a ressonância magnética que pode confirmar as suspeitas e verificar outros trajetos que podem não estar sendo verificados no exame.
“Para o tratamento, poderá ser necessário verificar quais outras doenças podem estar atreladas às fístulas, como é o caso da Doença de Crohn, por exemplo, em que também precisará da ajuda de remédios. Se ela tiver origem criptoglandular, o tratamento será cirúrgico, com a realização do fechamento desse trajeto entre um órgão e outro”, explica Maristela Almeida, ressaltando que ginecologistas, cirurgiões e proctologistas poderão ser necessários para a realização da cirurgia.
Procedimentos como colostomias e outras derivações, radioterapia ou quimioterapia (para tratar fístulas ocasionadas pelo câncer de ânus) também podem ser necessários a depender da fístula, da gravidade e da causa. Por isso, Maristela Almeida ressalta a importância de procurar um especialista para oferecer o tratamento e as orientações mais adequadas.
“Essa é uma doença que altera e muito a qualidade de vida desses pacientes, já que afeta a saúde, o comportamento sexual e a qualidade de vida em geral, porque não é fácil ter esse tipo de sintoma. Também é muito importante um aconselhamento ou apoio psicológico no tratamento da doença”, avalia a especialista.
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