A polícia americana deteve um ex-assessor do Departamento de Estado dos Estados Unidos que supostamente ofendeu um vendedor de comida na cidade de Nova York.
Stuart Seldowitz reconheceu em entrevistas à imprensa que ele é o homem visto nos vídeos que viralizaram nas redes sociais. Nas imagens, ele chama o vendedor de "terrorista".
Seldowitz alegou que o indivíduo o provocou ao expressar apoio ao Hamas, grupo palestino que lançou um ataque surpresa contra Israel no dia 7 de outubro.
O homem, que vende comidas em um food truck na rua, foi identificado como Mohamed Hussein. Em entrevistas, ele negou ter feito qualquer comentário favorável ao Hamas.
Um porta-voz do Departamento de Polícia de Nova York confirmou à BBC que Seldowitz foi levado sob custódia na quarta-feira (22/11).
A BBC tentou entrar em contato com Seldowitz, mas não obteve resposta.
Nos vídeos que viralizaram na internet, ele é visto nas proximidades do carro de comida em diversos horários do dia.
Em um trecho dos vídeos, Seldowitz diz: "Quer saber, se matamos 4 mil crianças palestinas, isso ainda não foi o suficiente."
Em outra interação, vista mais de 40 milhões de vezes no X (antigo Twitter), ele chama o vendedor de "ignorante", insinua que a família dele poderia ser torturada pela polícia secreta egípcia e faz comentários inflamados sobre o profeta Maomé e o Alcorão, o livro sagrado do Islã.
Em outro momento, um espectador retruca Seldowitz: "Você está assediando este homem."
Seldowitz teve uma longa carreira no Departamento de Estado dos EUA. Ele integrou, inclusive, o Gabinete de Assuntos Israelenses e Palestinos e foi diretor do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca durante a administração de Barack Obama (2009-2017).
O site americano Daily Beast informou nesta terça-feira (21/11) que Seldowitz confirmou ser ele o homem que aparece nos vídeos.
Seldowitz declarou que "deveria fazer algum comentário sobre alguém que endossa o terrorismo e a matança de civis inocentes".
Numa entrevista à City & State, Seldowitz disse "lamentar o que aconteceu".
"No calor do momento, falei coisas que provavelmente não deveria ter dito."
Seldowitz trabalhou anteriormente para uma empresa de lobby, campanhas e comunicação, a Gotham Government Relations.
Em comunicado divulgado na terça-feira (21/11), a companhia declarou que as ações do ex-funcionário foram "vis, racistas e abaixo da dignidade dos padrões que praticamos".
Em uma nota à imprensa divulgada pela empresa em novembro de 2022, Seldowitz era chamado de "presidente de Relações Exteriores" da Gotham Government Relations.
David Schwartz, fundador e presidente da Gotham, disse que Seldowitz não fazia nenhum trabalho para a empresa há cerca de cinco anos e que o título era honorário.
"Estou indignado e nem posso descrever o que sinto com palavras", disse Schwartz à BBC.
“Essa não é a pessoa que eu conhecia. Ele era muito inteligente, foi homenageado pela Secretaria de Estado e ganhou três prêmios."
"Mas quando vi aquele vídeo, em segundos soube que tínhamos que agir e não hesitei. Cortamos todos os laços com ele", completou Schwartz.
Muitos moradores de Nova York expressaram apoio a Hussein nas redes sociais.
O prefeito de Nova York, Eric Adams, postou no X: "Islamofobia é puro e simples ódio."
"Essa retórica vil e desrespeitosa não tem lugar em nossa cidade. Nós a rejeitamos — e estamos felizes em ver que não estamos sozinhos".
Hussein, que nasceu no Egito, disse ao tabloide New York Post que pretende processar Seldowitz.
Fonte: correiobraziliense
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