22 de Novembro de 2024

11 fatos surpreendentes sobre o tempo


Para comemorar os 60 anos da série Doctor Who, vamos falar sobre o tempo.

Dos arquivos da BBC Future, extraímos 11 fatos mirabolantes sobre a física, a psicologia e a história do tempo. Eles mostram que existe muito mais sobre o tempo do que supõe a nossa vã filosofia.

Imagine o tempo como uma linha reta. Em qual direção ele caminha? Horizontal ou vertical? Ou talvez ele não seja uma linha para você.

A resposta para todas essas questões pode depender de qual idioma você fala.

Grande parte da forma como percebemos o tempo é influenciada pelos idiomas. Os falantes de inglês, por exemplo, descrevem o tempo como estando na sua frente ou atrás deles, ou como uma linha horizontal que se move da esquerda para a direita.

Mas os falantes de mandarim imaginam o tempo como uma linha vertical, onde a parte de baixo representa o futuro. Já as pessoas da Grécia tendem a observar o tempo como uma unidade tridimensional que pode ser "grande" ou "muita", em vez de "longa".

E, em Pormpuraww, uma remota comunidade aborígene australiana, o tempo é disposto na direção leste-oeste.

O idioma que falamos para descrever a passagem do tempo também pode causar efeitos estranhos sobre a nossa forma de pensamento. Nós conseguimos, por exemplo, relembrar qualidades atribuídas a alguém no presente com mais rapidez do que as atribuídas à mesma pessoa no passado.

Como acontece com a nossa percepção, a forma como o tempo passa muda à medida que o Universo envelhece.

Acredita-se que a "flecha do tempo", que aponta do passado em direção ao futuro, tenha suas origens no Big Bang.

O Universo, na sua infância, provavelmente apresentava entropia muito baixa – a medida da sua desorganização ou aleatoriedade. Desde então, a entropia vem aumentando – e essa mudança é o que fornece à flecha do tempo sua direcionalidade.

É por esse mesmo motivo que é fácil quebrar a casca de um ovo fresco, mas extremamente difícil criar um ovo inteiro a partir de fragmentos desordenados e uma gema.

Ninguém sabe o que irá acontecer no final do Universo, mas uma forte possibilidade é a sua "morte quente", com a entropia atingindo um nível máximo e a flecha do tempo perdendo sua direção. Seria como se todos os ovos do Universo já estivessem quebrados e não houvesse nada mais de interessante para acontecer.

Contamos, logo, existimos.

O passar do tempo é o batimento invisível das nossas vidas. Ele afeta cada momento da nossa consciência.

Nós e o tempo estamos em um aperto de mãos perpétuo. Até um ser humano imerso em uma caverna totalmente escura ainda seria regido pelo ritmo circadiano dos nossos relógios internos.

Holly Andersen estuda a filosofia da ciência e metafísica na Universidade Simon Fraser em Burnaby, na Colúmbia Britânica (Canadá). Ela alerta sobre o que a perda da nossa noção de tempo poderia causar para o nosso senso de identidade.

Andersen acredita que não é possível ter experiências conscientes sem a passagem do tempo. Basta analisar como a nossa identidade pessoal é construída ao longo do tempo e arquivada na forma de memórias.

"Essas memórias constituem você ao longo do tempo", ela explica. "Se você perder um período de tempo, será uma pessoa diferente."

Os meteorologistas trabalham incansavelmente para acompanhar a medição do tempo. Eles empregam técnicas cada vez mais precisas para medir a passagem das horas, minutos e segundos.

Mas os relógios atômicos não são perfeitos, apesar da sua incrível precisão. Na verdade, nenhum relógio na Terra é inteiramente "correto".

O processo real de definir que horas são neste momento é baseado em uma série de relógios, que medem o tempo em todo o mundo. Cada laboratório nacional envia sua medição do tempo para o Escritório Internacional de Pesos e Medidas de Paris, na França, que calcula uma média ponderada de todos eles.

A hora certa, portanto, é uma construção humana.

Diversos fatores são fundamentais para construir a nossa percepção do tempo: a memória, a concentração, as emoções e a nossa noção de que o tempo, de alguma forma, está localizado no espaço.

A nossa percepção do tempo está enraizada na nossa realidade mental. O tempo não está apenas no centro da nossa organização diária, mas na forma em que o vivenciamos.

A vantagem é que isso nos oferece algum grau de controle sobre como vivenciamos o tempo.

Por exemplo, se você quiser sentir que a vida não está correndo à sua volta, a solução é a novidade. Pesquisas indicam que uma vida cheia de atividades rotineiras e repetitivas fará você sentir que o tempo está passando mais depressa.

O próximo século costuma parecer muito longe – uma terra distante, onde vivem gerações hipotéticas que ainda não nasceram.

Mas já existem milhões de pessoas na Terra que irão presenciar os fogos da virada do ano de 2099. Uma criança nascida em 2023, por exemplo, estará na casa dos 70 anos de idade.

Nossas conexões por longos períodos de vida são muito maiores do que podemos perceber. Nossos laços familiares nos deixam a apenas um pulo de distância do último e do próximo século.

O tempo nem sempre flui à mesma velocidade para todas as pessoas. Será que o tempo está só na nossa mente?

Um carro parece derrapar por uma eternidade, espalhando cascalho no ar, onde parece imóvel. O tempo parece quase parar e, nesse momento, você reage e mergulha em busca de segurança.

Em situações como essa, o estresse pode alertar o cérebro para acelerar seu processamento interno e ajudar você a enfrentar uma situação de vida ou morte.

Distúrbios cerebrais como a epilepsia ou AVCs também podem enganar temporariamente o cérebro, acelerando ou interrompendo a sensação de passagem do tempo.

Algumas pessoas, como os atletas, podem até treinar o seu cérebro a criar uma dobra temporal quando necessário. É o caso do surfista enfrentando uma onda no momento perfeito e do jogador de futebol incansável.

Aparentemente, o tempo é uma ilusão frágil. A qualquer momento, podemos entrar em uma realidade alternativa.

Adiantar o relógio no verão para aproveitar ao máximo as horas de luz solar nas latitudes mais altas não é uma prática apreciada por todas as pessoas.

Mas, goste você ou não, existe um teimoso defensor do horário de verão no Reino Unido a quem é preciso agradecer. Não fosse por um construtor chamado William Willett (1856-1915), um quarto do planeta – incluindo os Estados Unidos – talvez nunca tivesse adotado o horário de verão.

Willett conseguiu convencer os líderes políticos britânicos, e o Reino Unido adotou a mudança durante a Primeira Guerra Mundial, devido à escassez de carvão. O dia com mais horas reduzia o consumo de eletricidade gerada por carvão para manter as luzes acesas.

Os resultados foram tão bons que, durante a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido foi além e dobrou temporariamente o horário de verão, passando a ficar duas horas à frente do horário de Greenwich, para reduzir os custos das indústrias.

É fácil chamar de "agora" o momento em que você está lendo essas palavras. Mas não é verdade.

Vamos tomar como exemplo o simples ato de olhar para uma pessoa falando com você do outro lado da mesa. A confirmação de que ela está movendo os lábios atinge seus olhos antes do som da sua voz (já que a luz se move mais rápido que o som), mas o nosso cérebro faz a sincronização para que a imagem e o som sejam coincidentes.

E essa não chega a ser a constatação mais estranha a respeito do tempo. As leis da física sugerem que, em alguns casos, o tempo também pode fluir para trás. A filósofa Katie Robertson explica em vídeo esses fenômenos e suas vertiginosas implicações.

Pode ser surpreendente constatar que a Lua – a constante companhia orbital da Terra durante o nosso balé astronômico em torno do Sol – está se afastando de nós.

Todos os anos, a distância entre a Terra e a Lua aumenta em 3,8 cm, fazendo com que os nossos dias acabem ficando um pouco mais longos.

Isso se deve à influência da gravidade da Lua sobre o nosso planeta.

A atração gravitacional da Lua cria as marés, que são "volumes" de água que se estendem em forma elíptica, contra ou a favor da gravidade lunar. Mas a Terra gira em torno do seu eixo com muito mais rapidez do que a órbita da Lua, o que faz com que a fricção das bacias oceânicas arraste a água junto com elas.

Esse processo suga gradualmente a energia de rotação do nosso planeta, reduzindo seu movimento, enquanto a Lua ganha energia. Isso faz com que o satélite se mova para uma órbita mais alta e mais distante da Terra.

A redução gradual da velocidade de rotação do nosso planeta já fez com que a duração do dia médio na Terra aumentasse em cerca de 1,09 milissegundo por século desde o final dos anos 1600. Outras estimativas são um pouco superiores (1,78 ms por século), com base em observações de eclipses mais antigos.

Nenhum desses números parece significativo, mas, ao longo dos 4,5 bilhões de anos de história do planeta Terra, o acúmulo é considerável.

Para muitas pessoas no Nepal, esta reportagem não foi publicada em 2023. Isso porque, no calendário nepalês Bikram Sambat, estamos no ano 2080.

Além de ter pelo menos quatro calendários adotados por diferentes grupos étnicos, o Nepal mantém uma diferença de 15 minutos em relação ao padrão dos fusos horários.

Diversas culturas vivem muito bem com vários anos simultaneamente. Em Mianmar, este é o ano 1384, enquanto, na Tailândia, já é 2566.

Na Etiópia, o ano tem 13 meses e o ano atual é 2016. E, no calendário islâmico, o ano 1445 começou em julho.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

Fonte: correiobraziliense

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