O presidente da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), Thiago Falda, defendeu a posição estratégica do Brasil no mercado de créditos de carbono. Durante entrevista no CB.Poder — uma parceria do Correio com a TV Brasília —, o chefe da entidade disse que o país tem “vocação para a bioeconomia”, e que, se conseguir implementar com sucesso as políticas de redução de carbono, pode conseguir mais recursos através do mercado internacional.
“A gente tem vocação para a bioeconomia, a gente tem diversidade, a gente tem área agricultável, a gente tem uma série de vantagens comparativas, que se trabalhadas corretamente, podem se transformar em vantagens competitivas e a gente desenvolver uma nova indústria”, disse Falda.
Na próxima segunda-feira (4/12), Falda fará parte da comitiva da ABBI que apresentará na COP28 um estudo sobre o potencial da bioeconomia no Brasil. A pesquisa foi lançada no ano passado, mas foi atualizada neste ano, e conta com a parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Agroenergia), do Laboratório Nacional de Biorrenováveis do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBR/CNPEM), do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (SENAI/CETIQT) e do Laboratório Cenergia/UFRJ.
O objetivo principal da pesquisa, segundo a associação, é mostrar os benefícios do uso mais intensivo da biotecnologia na indústria. Para isso, a investigação considera distintas trajetórias para o Brasil até o ano de 2050, dentre as quais é proposto um Cenário Potencial da Bioeconomia. Durante o programa exibido nesta sexta-feira (1º/12), o presidente adiantou a apresentação na COP28.
Segundo Falda, a pesquisa revela que, somente com tecnologias selecionadas pelas associadas à ABBI, e pelas outras entidades que também participam do estudo, é possível alcançar uma redução de quase 29 gigatoneladas de CO² até o ano de 2050.
“É um número expressivo que a gente pode reduzir, e, com certeza, com esse tipo de política sendo adotada, a gente consegue sim, ser carbono neutro até atingir as metas. Não é uma bala de prata, eu acho que existem várias frentes e essa é uma frente muito importante e eu costumo dizer que ela é especial para o Brasil, porque ela é a vocação do país”, argumentou Falda.
De acordo com a presidente da associação, uma entrada forte do Brasil no mercado de carbono é fundamental para as negociações internacionais do país. Nesse mercado, os países que emitem mais poluentes têm que pagar créditos para atingir o limite definido antecipadamente. Já os países que emitem menos, conseguem gerar esse crédito, que pode ser vendido para outros países.
“As condições geográficas permitem que o Brasil gere esses excedentes de mitigação em um número muito superior que outros países. Se a gente comparar com os países nórdicos, eles usam dependentes de petróleo. Como eles vão conseguir cumprir as suas metas? Eles vão ter que comprar produtos com menor pegada de carbono, que vão ser produzidos onde? No Brasil. Eles vão ter que comprar créditos de carbono, que vão ser produzidos onde? Aqui”, analisou o mandatário.
Diferente dos modelos tradicionais utilizados no campo produtivo, a bioeconomia é uma área no qual são desenvolvidas soluções tecnológicas para governos e empresas que levam em consideração o tema da sustentabilidade. Segundo a ABBI, ela oferece processos menos intensivos em energia, biocombustíveis com emissões negativas e biomateriais que armazenam carbono.
“Durante muitos anos, a bioeconomia começou a ser tratada, principalmente no governo, e eu acho que é interessante a gente entender, até dentro desse conceito de bioeconomia, como ele surge. Então eu costumo dizer que, tecnicamente, qualquer atividade econômica que a gente gere a partir de um recurso biológico poderia ser enquadrada no conceito de bioeconomia”, explicou o presidente da associação.
*Estagiário sob a supervisão de Ronayre Nunes
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