22 de Novembro de 2024

Os 20 melhores filmes de 2023, segundo os críticos da BBC


Os críticos de cinema da BBC Nicholas Barber (NB) e Caryn James (CJ) indicam seus destaques cinematográficos do ano.

Os melhores filmes de 2023 incluem Barbie, Oppenheimer, Maestro e Assassinos da Lua das Flores – além de duas animações: Suzume e a nova produção do Studio Ghibli, The Boy and the Heron.

Os números da lista abaixo não representam ordem de classificação. Eles foram incluídos apenas para separar os filmes da forma mais clara possível.

Drama realista e comovente sobre raça, classe e maternidade, Saint Omer foi o representante francês no Oscar do ano passado – e ainda surpreende por que ele não foi indicado para disputar a estatueta.

A cineasta Alice Diop faz bom uso da sua experiência na produção de documentários, baseando-se no caso real de uma jovem senegalesa residente na França, acusada de abandonar seu bebê na praia para morrer.

Diop cria a personagem Rama, uma romancista grávida que viaja até a cidade de Saint-Omer, no nordeste da França, para acompanhar o julgamento, que mexe com seus próprios medos e dúvidas.

Interpretando Laurence Coly, a mãe sendo julgada, a atriz Guslagie Malanda se mantém excepcionalmente calma, quase congelada em sua resignação. Já Kayije Kagame, que interpreta Rama, mostra a mente acelerada da personagem e seu coração palpitando enquanto ela assiste ao julgamento com sua expressão impassível no rosto.

Diop baseou os diálogos nas transcrições do julgamento, mas os resultados vão muito além dos fatos relatados, criando um filme fascinante, com duas mulheres brilhantes e profundas na tela (CJ).

Criação assustadora do diretor iraniano Ali Abbasi, Holy Spider é baseado na história real de um construtor casado (Mehdi Bajestani) que assassinou 16 profissionais do sexo na cidade sagrada de Mashhad, no Irã, entre 2000 e 2001.

Estrelando Zar Amir Ebrahimi (vencedora do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes) como a determinada jornalista que investiga os crimes, a atmosfera da obra relembra, à primeira vista, filmes como O Silêncio dos Inocentes (1991) e outros dramas sobre serial killers da tela grande.

Mas a provocadora virada vem quando alguns cidadãos e políticos consideram o assassino um herói local em meio a uma cruzada moral.

Por trás da adrenalina, Holy Spider expõe a misoginia comum na sociedade, o que parece ainda mais perspicaz após os protestos no Irã pela morte de Mahsa Amini. (NB)

Comédia de costumes sobre choques culturais com um toque de terror, o filme da diretora britânica Nida Manzoor é um dos mais leves e divertidos do ano.

A primeira escolha inovadora de Manzoor foi a criação de uma heroína adolescente improvável, Ria (interpretada por Priya Kansara) – uma jovem londrina com ascendência paquistanesa, decidida a se tornar dublê de cinema. A personagem traz cenas de ação e artes marciais ao filme.

Manzoor "aumenta a aposta" quando a irmã mais velha de Ria decide se casar com um homem belo e rico, que Ria suspeita não ser o que parece. E sua mãe controladora e exagerada tem um sorriso sinistro que faria inveja às vilãs da Disney.

Os elementos extravagantes se acumulam e o filme combina todos eles alegremente – desde os cômicos planos de Ria para impedir o casamento até sua cena de dança digna de Bollywood, passando pelos complexos retratos dos seus pais compreensivos. O resultado é uma brincadeira inteligente e muito divertida. (CJ)

O primeiro filme da diretora sul-coreana-canadense Celine Song é um romance que rejeita os clichês do gênero.

Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo) eram grandes amigos, unidos para sempre desde a infância na Coreia, até que a família dela emigrou para o Canadá. Mas ele retorna à vida dela anos depois, com Nora já casada e morando em Nova York, nos Estados Unidos.

A princípio, eles hesitam em retomar seus laços e seu encontro em Nova York é repleto de profundos sentimentos e forte realismo. O filme apresenta a sedução do amor há muito tempo esquecido por Nora e a força do seu casamento com Arthur (John Magaro).

Com sua hábil descrição do relacionamento entre Nora e Hae Sung, Song explora temas como recordações e identidade cultural. Mas a história de amor prevalece, demonstrando que o romance nem sempre conduz a um beijo na chuva – às vezes, ele permanece envolto em uma elegante melancolia. (CJ)

O primeiro filme da diretora sul-coreana-canadense Celine Song é um romance que rejeita os clichês do gênero.

Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo) eram grandes amigos, unidos para sempre desde a infância na Coreia, até que a família dela emigrou para o Canadá. Mas ele retorna à vida dela anos depois, com Nora já casada e morando em Nova York, nos Estados Unidos.

A princípio, eles hesitam em retomar seus laços e seu encontro em Nova York é repleto de profundos sentimentos e forte realismo. O filme apresenta a sedução do amor há muito tempo esquecido por Nora e a força do seu casamento com Arthur (John Magaro).

Com sua hábil descrição do relacionamento entre Nora e Hae Sung, Song explora temas como recordações e identidade cultural. Mas a história de amor prevalece, demonstrando que o romance nem sempre conduz a um beijo na chuva – às vezes, ele permanece envolto em uma elegante melancolia. (CJ)

Suzume é uma estudante adolescente que descobre que as portas abandonadas em cidades-fantasma de todo o Japão podem servir de portais para outra dimensão.

Agora, ela precisa impedir um monstro destruidor de atravessar aquelas portas, com a ajuda de um menino que foi transformado em uma cadeira e de uma gatinha falante que pode muito bem ser uma deusa.

Sim, o novo anime apocalíptico do animador japonês Makoto Shinkai – Your Name (2016) e O Tempo com Você (2019) – é um fruto fascinante da imaginação do seu autor, que equilibra a magia fantástica com carinho, humor e profunda preocupação pelo seu país.

As viagens mitológicas de Suzume são ambientadas em um Japão reconhecível e pintado de forma belíssima. Ela e seus amigos são pessoas comuns, com esperanças e arrependimentos também comuns – incluindo o menino que foi transformado em uma cadeira. (NB)

O magnífico filme do diretor britânico Christopher Nolan é um dos melhores da sua carreira.

Nolan combina todos os elementos apresentados nas suas obras anteriores – como a ação volátil da trilogia O Cavaleiro das Trevas (2005-2012), as camadas cerebrais de Amnésia (2000) e a narrativa absorvente de A Origem (2010) – neste estudo de personagem sobre o herói americano J. Robert Oppenheimer (1904-1967) e seus conflitos internos.

Interpretado pelo impecável Cillian Murphy, o físico ficou conhecido como o Pai da Bomba Atômica e enfrentou as consequências morais das suas ações pelo resto da vida.

Nolan ilustra impiedosamente a tensão reinante durante o primeiro teste da bomba atômica, entremeando a história do físico com o drama do ambicioso adversário político de Oppenheimer – o funcionário do governo Lewis Strauss (1896-1974), interpretado por Robert Downey Jr.

Strauss levantou falsas suspeitas de envolvimento do cientista com os comunistas, lançando uma sombra sobre a vida de Oppenheimer após a guerra.

Há muito tempo, Nolan é mestre na arte de equilibrar o desempenho artístico e o sucesso comercial. E Oppenheimer surge como o melhor exemplo de um filme criado de forma inovadora, que é imensamente popular. (CJ)

Broker é tão complexo e contraditório quanto os filmes anteriores do diretor japonês Hirokazu Kore-eda (Assunto de Família, 2018). Mas é também seu trabalho mais engraçado e agradável para o público.

Sua primeira produção coreana é um filme de estrada romântico que lembra Pequena Miss Sunshine (2006) e os romances policiais humorísticos dos irmãos Coen.

Song Kang-ho (Parasita, 2019) interpreta o dono de uma lavanderia em Busan, na Coreia do Sul, que mantém uma atividade paralela incomum. Com a ajuda de um auxiliar de grande coração, ele vende bebês indesejados para casais que não querem passar pelo processo de adoção legal – mas só se ele se convencer de que eles são os pais ideais para a criança.

Quando a mãe biológica de um dos bebês quer se envolver no processo e dois detetives começam a segui-los, seus motivos secretos são revelados, as afinidades se alteram, os mistérios se aprofundam e os perigos se multiplicam, até chegar ao comovente final, elegantemente descrito. (NB)

Vencedor deste ano da Palma de Ouro do Festival de Cannes, o drama da diretora francesa Justine Triet conta a história de uma escritora acusada de matar seu marido. É um paradoxo brilhante: um filme produzido com clareza notável, mesmo explorando a busca de verdades que talvez nunca sejam encontradas.

A atriz Sandra Huller interpreta a acusada (que também se chama Sandra), cujo marido morreu ao cair da janela de casa nos Alpes franceses. A dúvida se teria sido acidente, suicídio ou assassinato conduz o roteiro e as cenas no tribunal, mas o ponto central da trama são os problemas conjugais do casal principal e a rígida personalidade de Sandra.

A atuação original e inspiradora de Huller torna sua personagem enigmática, ao mesmo tempo em que revela sua feroz independência, seu egoísmo e suas mentiras.

A própria indefinição da verdade acaba se estendendo até atingir o filho do casal, de 11 anos, solidário à memória do pai e à vulnerabilidade da mãe.

O filme é tão belo, calmo e despojado quanto suas paisagens cobertas de neve. (CJ)

Em junho de 2017, agentes do FBI estiveram na casa de Reality Winner (sim, este é o seu nome verdadeiro – "Vencedora da Realidade", por incrível que possa parecer), tradutora do governo americano que havia divulgado um documento confidencial para a imprensa.

O primeiro e criativo filme da diretora americana Tina Satter dramatiza esse encontro real, com Sydney Sweeney no papel principal.

Os diálogos do filme foram principalmente extraídos das gravações da época, o que faz com que o tom moderado do interrogatório inclua as repetições e hesitações reais dos envolvidos, deixando Reality mais perto da realidade – e novamente justificando seu título.

Mas também parece um estranho pesadelo. É uma mistura de exposição de arte, documentário e filme de terror, que deixa os nervos à flor da pele.

Alguns órgãos de imprensa rotulam Winner de traidora radical, mas o impressionante filme de Satter mostra uma jovem corajosa, mas vulnerável e confusa, presa em um cômodo branco vazio com dois homens com o dobro do seu tamanho. (NB)

O épico de Martin Scorsese é tão ambicioso quanto seus filmes anteriores. Ele é baseado no livro de não ficção do escritor americano David Grann sobre o assassinato de dezenas de membros da nação indígena Osage, rica em petróleo, em Oklahoma (EUA), nos anos 1920.

O cineasta americano introduz uma história surpreendente de casamento, dinheiro e poder em um cenário do oeste americano em expansão, com a limpeza cultural da época mostrada em toda a sua violência, racismo e ódio pelas demais etnias.

Os principais atores do filme têm atuações magníficas, o que, por si só, já diz muito.

Robert De Niro é austero e insensível como o poderoso barão do gado William Hale. Leonardo DiCaprio aparece vibrante como seu sobrinho mercenário, Ernest.

Em uma interpretação de serena eloquência, Lily Gladstone é Mollie, esposa de Ernest, que pretende matá-la para receber sua parte do dinheiro da nação Osage. Mollie é o centro da história – e Scorsese e Gladstone fazem justiça à sua história na vida real. (CJ)

Será que Margot Robbie e Ryan Gosling conseguirão ser indicados para o Oscar por interpretarem bonecos de plástico em um anúncio colorido de uma marca de produtos?

Certamente é possível, considerando o sucesso do filme de maior bilheteria de 2023 – a maior bilheteria já atingida por um filme dirigido exclusivamente por uma mulher. E estas são apenas duas das suas diversas conquistas.

Barbie foi supervisionado pela Mattel (a empresa fabricante da boneca), mas sua diretora e corroteirista, a americana Greta Gerwig, parece ter tido liberdade para levar para a tela sua própria e surpreendente opinião.

Gerwig contrariou as expectativas, não só por abordar o consumismo e o patriarcado (para grande desagrado de alguns críticos na internet), mas por se aventurar no estranho campo pós-moderno, no estilo do roteirista Charlie Kaufman.

Fora isso, Barbie é uma comédia realmente engraçada e agradável – e quantas desse tipo temos no cinema hoje em dia? (NB)

No seu primeiro e audacioso filme, o diretor e roteirista americano Cord Jefferson mistura complexos dramas familiares com uma sátira impetuosa e engraçada dos estereótipos raciais.

Com atuação perfeitamente equilibrada, o ator Jeffrey Wright interpreta um romancista e acadêmico tão desgostoso com o estado da cultura e tão cansado de imagens que menosprezam as pessoas negras, que decide escrever um livro abordando cada um dos estereótipos. E essa provocação, escrita com raiva, acaba se tornando um best-seller.

Ao mesmo tempo, ele lida com sua mãe idosa, interpretada com graça e intensidade pela atriz Leslie Uggams, e com seus irmãos, interpretados por Tracee Ellis Ross e Sterling K. Brown – um elenco perfeito.

Parcialmente baseado no romance Erasure (2001), do escritor americano Percival Everett, o filme caricaturiza demais os acadêmicos e editores racistas, que são alvos fáceis. Mas a habilidade de Jefferson ainda faz de American Fiction uma das comédias dramáticas mais envolventes do ano. (CJ)

É uma verdadeira dádiva encontrar um filme original de ficção científica para variar, em vez de uma adaptação ou refilmagem de uma ideia criada há décadas e já desgastada.

Mais do que isso: Resistência é um filme único, em uma época em que a maioria dos filmes desse tipo são flagrantes tentativas de abrir franquias.

Dirigido pelo cineasta britânico Gareth Edwards (Rogue One: Uma História Star Wars, 2016), que também é um dos roteiristas, Resistência se passa em um futuro próximo demais, no qual a humanidade luta pela sobrevivência contra robôs guiados por inteligência artificial. E um soldado (interpretado por John David Washington) recebe a missão de destruir a arma mais poderosa do inimigo.

É claro que esta premissa é similar à de outros filmes, como Blade Runner – O Caçador de Androides (1982), O Exterminador do Futuro (1984) e Matrix (1999). Mas Edwards criou um épico de guerra sombrio com características próprias.

Suas imagens nebulosas fazem com que até os mais absurdos androides e naves espaciais pareçam reais. E ele também escolhe um roteiro filosófico amplo, que mistura tristeza e frustração com um toque de otimismo conquistado a duras penas. (NB)

O filme da diretora americana Ava DuVernay é profundamente envolvente e emocionalmente comovente. Origin é algo que só um cineasta com a visão e a imaginação de DuVernay poderia fazer.

Ela transforma o austero livro de não ficção Casta: As Origens de Nosso Mal-Estar (Ed. Zahar, 2021), da jornalista americana Isabel Wilkerson – que defende que as castas subjugam as pessoas em todo o mundo, ainda mais do que as raças – em uma história pessoal sobre o processo de pesquisa e preparação do livro por Wilkerson, enquanto enfrenta as mortes recentes das pessoas mais importantes da sua vida.

A atuação de Aunjanue Ellis como Wilkerson cria uma personagem, ao mesmo tempo, cerebral e emocional. E o filme não perde de vista o profundo argumento histórico do livro.

A história ganha formas dramáticas com cenas de queima de livros pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a limpeza dos esgotos pelos intocáveis na Índia do século 20 e o assassinato do adolescente negro Trayvon Martin (1995-2012), que abalou profundamente os Estados Unidos.

Como já havia feito na série Olhos que Condenam (2019), DuVernay transforma novamente a realidade em um drama em intenso movimento. (CJ)

Natal de 1970. Um adolescente ressentido (interpretado por Dominic Sessa) é forçado a passar as festas sem os amigos e a família no internato onde ele mora. Por isso, um antipático professor de clássicos (Paul Giamatti) e uma cozinheira em luto (Da'Vine Joy Randolph) ficam encarregados de tomar conta do menino.

Salpicada de cores e brincadeiras pelo seu roteirista, David Hemingson, esta agradável comédia natalina é dirigida pelo cineasta americano Alexander Payne.

Seu ritmo, seu ambiente relaxado e as festas de fim de ano fizeram com que o filme fosse comparado com diversos clássicos independentes dos anos 1970. Mas Os Rejeitados também é um agradável retorno ao início dos anos 2000, quando colegas de Payne, como os diretores Richard Linklater e Noah Baumbach, faziam comédias dramáticas para adultos com pouco orçamento, sobre pessoas relativamente comuns.

De fato, Payne e Giamatti trabalharam juntos em Sideways – Entre Umas e Outras (2004) e Os Rejeitados pode ter sido o projeto mais agradável de qualquer um deles desde então. (NB)

O cineasta britânico Andrew Haigh já se consolidou como diretor e roteirista de grande sensibilidade. Seus filmes incluem 45 Anos (2015) e Weekend (2011). Mas All of Us Strangers o leva para um novo nível.

Andrew Scott nunca esteve melhor ou mais comovente. Ele interpreta o escritor de meia idade Adam, que começa um relacionamento com um homem mais jovem, interpretado com energia e vulnerabilidade por Paul Mescal.

Ao escrever sobre seus pais falecidos (Claire Foy, de The Crown, e Jamie Bell), Adam imagina que pode adentrar o passado e encontrá-los já adulto, embora eles não tenham envelhecido desde que ele tinha 12 anos de idade.

Com bela filmagem para criar qualidade etérea, da casa de infância de Adam até o seu austero apartamento em Londres, All of Us Stranger não é uma história de fantasmas, mas uma imersão na memória e na dor causada pelo amor e pela perda – que, surpreendentemente, rejeita a pieguice e cria emoções profundamente reais no passado e no presente do protagonista. (CJ)

O filme A Favorita (2018) foi dirigido pelo cineasta grego Yorgos Lanthimos. Tony McNamara foi um dos roteiristas e Emma Stone interpretou uma das principais personagens. Agora, os três se reuniram novamente para criar Pobres Criaturas, uma inusitada adaptação do fabuloso romance cômico do escritor britânico Alasdair Gray (1934-2019) – ainda mais criativa e exagerada que A Favorita.

Stone interpreta Bella, uma mulher que se afogou e é trazida de volta à vida por um cientista (Willem Dafoe), no melhor estilo Frankenstein.

Como ela não tem lembranças da sua existência anterior, também não tem inibições, nem preocupações. Por isso, ela consegue colocar de lado as convenções da Europa vitoriana – ou da versão surreal, que mais parece uma história infantil, da Europa vitoriana oferecida pelo filme.

Stone é absolutamente única como a destemida Bella e, oculta sob a maluquice deste alegre conto de fadas, fica uma ácida crítica às restrições impostas às mulheres pela sociedade patriarcal. (NB)

O mestre da animação Hayao Miyazaki, cofundador do Studio Ghibli, volta às telas depois de uma década, com mais uma obra majestosa e deslumbrante.

The Boy and The Heron (ou How do You Live?, em tradução fiel ao título original em japonês) viaja entre a realidade e a fantasia, reunindo diversos fios soltos da sua vida e dos filmes anteriores.

Ambientado na Segunda Guerra Mundial (que corresponde à infância do próprio Miyazaki, que tem 82 anos de idade), a história é baseada em um menino chamado Mahito. Sua mãe é morta por uma bomba na capital do Japão, Tóquio, e seu pai trabalha para um fabricante de aviões militares japoneses.

Como as heroínas de A Viagem de Chihiro (2001) e O Castelo Animado (2004), ambos também do Studio Ghibli, Mahito entra em um mundo mágico, às vezes assustador, onde sua mãe pode estar chamando por ele. Lá, ele encontra ameaçadores periquitos cor-de-rosa gigantes e outros perigos.

Com o corajoso e solitário Mahito, o filme aborda o luto e a obscura linha que separa a vida e a morte no inconfundível estilo de Miyazaki, com imagens de delicada beleza e cores, desenhadas à mão. (CJ)

Após sua estreia como diretor em Nasce Uma Estrela (2018), o ator e, agora, cineasta americano Bradley Cooper apresenta outra história profunda de amor no ramo musical. Ele comprova, durante o processo, que não é apenas um belo ator se aventurando atrás da câmera, mas sim um diretor competente, de pleno direito.

Sua biografia vibrante e tecnicamente exuberante do maestro e compositor americano Leonard Bernstein (1918-1990) é única em diversos aspectos. Ela descarta algumas das conquistas mais famosas do artista (como a composição do musical West Side Story, adaptado duas vezes para o cinema com o título Amor, Sublime Amor) para se concentrar no seu longo e complicado casamento com a atriz costarriquenha Felicia Montealegre (1922-1978).

A notável atuação de Carey Mulligan como Montealegre é um ponto alto da sua carreira e Cooper impressiona quase tanto quanto ela no papel central. Ele simplesmente mostra como Bernstein podia ser cansativo e egocêntrico, mas o filme brilha com sua profunda afeição pelo maestro. (NB)

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.

Fonte: correiobraziliense

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