22 de Novembro de 2024

Seis datas para as empresas promoverem ações inclusivas


À medida que nos aproximamos do "Dia Internacional dos Direitos Humanos", em 10 de dezembro, surge a necessidade de um olhar mais crítico sobre as práticas corporativas. Essa data não é apenas um marco no calendário, mas uma chamada para avaliar as políticas internas e assegurar que respeito, equidade e inclusão sejam mais que meros slogans.

Considerando que a diversidade e inclusão se consolidam como uma influência marcante nas relações humanas, é notório que empresas que adotam práticas inclusivas apresentam um aumento significativo em sua lucratividade. De acordo com dados da McKinsey & Company (empresa global de consultoria de gestão), aquelas que priorizam a diversidade têm 25% mais chances de atingirem níveis de rentabilidade superiores à média do mercado.

Essa relevância é ainda mais evidente quando consideramos o cenário desenhado pelo Fórum Econômico Mundial, que sinaliza que empresas inclusivas não apenas prosperam financeiramente, mas também se destacam na geração de receita por meio da inovação. Conforme apontado pelo Fórum, essas organizações apresentam um aumento de 45% na receita gerada a partir de práticas inovadoras.

Para potencializar a verdadeira inclusão, é crucial ter um comprometimento genuíno em todos os níveis da hierarquia empresarial. O desafio é ir além de políticas superficiais e integrar realmente a diversidade no DNA da empresa.

Se a sua empresa ainda não adotou integralmente a cultura de diversidade e inclusão, é importante ressaltar que há tempo para iniciar essa transição. No decorrer de 2024, a implementação de ações em datas específicas pode fortalecer o compromisso com a diversidade, contribuindo para a criação de um ambiente empresarial mais acolhedor e equitativo.

A seguir, apresentamos 6 datas estratégicas que podem impulsionar essas iniciativas:

Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada pela Agência Brasil em 2021 revelou que, em 2019, as mulheres ganhavam, em média, 77,7% do salário dos homens. A discrepância é ainda mais evidente em cargos altos. O estudo ainda destaca que a desigualdade não está relacionada à educação.

"As desigualdades salariais e os desafios enfrentados pelo público feminino no mercado de trabalho não têm origem na educação. Pelo contrário, os dados disponíveis indicam que as mulheres brasileiras, em média, possuem maior nível de instrução que os homens", afirma a pesquisa.

Visando ao combate à disparidade entre homens e mulheres, o ‘Dia Internacional da Mulher’ é extremamente favorável para investir em iniciativas que promovam a igualdade de gênero no cenário corporativo. Mas como? A CEO da HRTech Plure, empresa especialista em conectar empresas a mulheres, Jhenyffer Coutinho, sugere:

"Esteja aberto(a) a incluir mulheres no quadro de funcionários, oferecendo-lhes a oportunidade de participar dos processos de recrutamento, sem subestimá-las unicamente por sua condição feminina. No contexto interno, foque em aprimorar a carreira das suas funcionárias. Para isso, disponibilize cursos sobre liderança, autoconhecimento, autogestão e promova ações que impulsionem essas colaboradoras".

A implementação de políticas internas contra a discriminação racial, aliada à garantia de que todos os colaboradores estejam plenamente cientes dessas diretrizes, é um bom começo para introduzir inclusão e diversidade no contexto da eliminação da discriminação racial.

Além disso, implementar programas educacionais sobre a história da África — e a história afro-brasileira — em conjunto ao estudo da trajetória dos povos originários do Brasil é uma medida complementar a ser aplicada pelas organizações.

Estima-se que há cerca de 2 milhões de autistas no Brasil — mas é bem provável que esse número seja bem maior. Porém, muitos indivíduos ainda têm dúvidas sobre o autismo e sua manifestação, até mesmo a comunidade científica enfrenta desafios nesse contexto. 

A líder de comunidade da Healthtech Genial Care, Gabriela Bandeira, explica: "Autismo não é uma doença, nem existe cura para ‘sair do espectro’. Mas, ao contrário disso, existem muitas possibilidades de desenvolvimento para que cada pessoa autista conquiste autonomia e independência — e orgulho — de acordo com suas singularidades". 

No trabalho, a inclusão envolve, sobretudo, desmistificar mitos e estereótipos, promovendo uma compreensão ampla do espectro. A adaptação do espaço físico também é crucial, com ajustes relacionados ao espaço, à iluminação e às demais necessidades sensoriais das pessoas com autismo. 

Enquanto isso, os recrutadores precisam ter atenção à forma como abordam pessoas com autismo em processos seletivos. O ideal é prezar a comunicação escrita e, se necessário, utilizar ferramentas de apoio durante esses processos. Além disso, estimular canais de feedback abertos é uma estratégia inteligente para criar um contexto propício à expressão de necessidades e preocupações dos colaboradores com ou sem autismo.

Em 2022, a Great Place To Work (GPTW), uma consultoria global, compartilhou os resultados de sua pesquisa sobre Diversidade e Inclusão (D&I). Tal estudo tinha como propósito analisar os aspectos e as características das minorias sociais em contextos laborais, utilizando recortes por grupos. 

Dentre as conclusões mais significativas, o estudo apontou que uma parcela expressiva das pessoas em posições de liderança, direção e presidência são indivíduos cis heteronormativos (92%) — aqueles que se identificam com o gênero designado no nascimento e sentem atração pelo gênero oposto. Ao mesmo tempo, os membros da comunidade LGBTIQIAPN+ são os que mais escutam piadas e comentários preconceituosos, com 24% relatando terem sido expostos a tais situações com muita ou alguma frequência.

Sendo assim, além de garantir a presença da comunidade LGBTIQIAPN+ em todos os estágios e níveis corporativos, é importante proporcionar um espaço para que essas vozes sejam ouvidas. Sensibilizar a equipe para uma cultura de respeito e simplificar o processo de adoção do nome social na burocracia empresarial também são ações efetivas.

Assim como em outros contextos, as organizações que prezam a diferença devem incentivar o avanço profissional da comunidade, viabilizando oportunidades de crescimento por meio de cursos, workshops, palestras, entre outros.

Ao longo do mês de junho, dedicado à celebração do orgulho LGBTQIAPN+, recomenda-se a realização de eventos que celebrem a diferença e contribuam para a construção de um ambiente inclusivo. A ênfase precisa ser dada a iniciativas que promovam o respeito entre os colaboradores, reconhecendo que a mudança começa de dentro para fora.

"A população LGBTI+ não quer apenas festejar durante o mês do orgulho; este é um ato de resistência, no qual se pretende visibilizar as lutas da comunidade e reforçar a busca por direitos e por respeito dentro da sociedade", comenta a CEO da Plure. 

O recente levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2022, apresentou dados preocupantes sobre a presença de pessoas com deficiência (PCD) no mercado de trabalho brasileiro. Em 2022, a taxa de ocupação para essa parcela da população era de somente 29,2%, consideravelmente inferior à de pessoas sem deficiência, que atingiu 66,4%.

Para tornar este cenário mais inclusivo, é necessário investir em acessibilidade e adaptação tecnológica. Isso pode ser feito por meio de um ambiente físico e digital acessível, fornecendo ferramentas e tecnologias adaptativas para acomodar as necessidades das pessoas com deficiência. Além disso, os profissionais de gestão e liderança devem promover treinamentos regulares para conscientizar os colaboradores sobre as necessidades e habilidades das pessoas com deficiência.

Por Letícia Carvalho

Fonte: correiobraziliense

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