A produção local de itens essenciais ao Sistema Único de Saúde (SUS) visa não apenas fortalecer a indústria nacional, mas, também, reduzir a dependência da importação de insumos, medicamentos, vacinas e outros produtos. No primeiro painel do evento CB Fórum Complexo Econômico-Industrial da Saúde: desenvolvimento, inovação e acesso, promovido pelo Correio, nesta quarta-feira (13/12), em parceria com a Johnson & Johnson, a diretora e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Fernanda De Negri defendeu a necessidade de estimular a inovação na indústria da saúde.
Ela ressalta que o setor é intensivo em ciência, dependente de conhecimento científico em diversas áreas. Apesar das vantagens comparativas do Brasil em produção científica, ela alerta sobre os desafios que o país enfrenta, como os custos elevados associados à inovação em saúde.
“(Custa) quase US$ 3 bilhões para se desenvolver uma nova droga. As pessoas criticam muito essa estimativa dizendo que está superfaturada, que não é tão caro assim, mas estimativas mais modestas são de US$ 600 milhões. Inovar em saúde é muito caro”, disse ela.
Para a pesquisadora, o ciclo de inovação na saúde é complexo, caracterizado por testes extensivos e requisitos regulatórios rigorosos, resultando em um processo longo que pode levar de cinco a 10 anos para que uma nova droga seja lançada no mercado.
“Quando você encontra uma nova molécula que pode ser importante para alguma doença específica, você tem que, primeiro, fazer testes em modelos animais, depois começa a fazer testes clínicos em humanos, testes pequenos, e, depois, testes longos. Para começar a vender o medicamento, os processos são muito rígidos, precisam garantir a saúde e a segurança da população que vai utilizar (a nova droga)”, explica.
Além disso, Negri destaca que o investimento inicial ao descobrimento de novas moléculas frequentemente é realizado pelo setor público. As compras públicas, principalmente via SUS, foram discutidas como impulsionadoras da indústria de saúde. O crescimento expressivo desse tipo de aquisição governamental, evidenciado nos últimos 20 anos, reflete a importância do setor público na aquisição de medicamentos, especialmente vacinas.
“Nos anos 2000, a compra de medicamentos estava na ordem de R$ 2 bilhões ao ano. Chegamos em 2021 comprando R$ 25 bilhões ao ano em medicamentos. O principal item comprado pelo governo brasileiro são as vacinas, que respondem por 18% do total das compras de medicamentos. Esse é um elemento muito importante nas compras públicas, mas você tem também um gasto muito elevado”.
*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Doria
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