A indústria farmacêutica brasileira é hoje a 7ª mais expressiva do mundo, e possui todas as condições necessárias para se tornar a 6ª. É o que explicou o CEO da Bionovis, Odnir Finotti, durante sua participação no CB Fórum Complexo Econômico-Industrial da Saúde: desenvolvimento, inovação e acesso — realizado pelo Correio, em parceria com a Johnson & Johnson.
Segundo ele, o país — que atualmente importa 100% da matéria-prima dos produtos de alta complexidade do setor — poderia, a médio e longo prazo, vir a se tornar autossuficiente caso fosse implementada uma política de Estado que, tendo continuidade e sendo respeitada pelas próximas trocas de gestão, unificasse as partes desse processo produtivo.
“Por que não temos uma indústria poderosa, capaz de fazer inovação, de ter produção, de realizar exportações? É algo que tem a ver com a nossa composição. O Brasil poderia fazer, se nós tivéssemos uma união maior e se todos os Poderes trabalhassem de forma integrada, olhando para o futuro e para o bem dos brasileiros, como estamos aqui”, defendeu Finotti durante sua fala no painel “Fortalecimento do complexo industrial da saúde e perspectivas para o desenvolvimento econômico e social”.
Finotti ressaltou que a indústria farmacêutica brasileira sofreu considerável avanço tecnológico durante os últimos anos, devido à disposição da iniciativa privada de investir recursos em profissionais e políticas públicas brasileiras, como é o caso do programa Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), que teve grande incentivo da Johnson & Johnson. A própria Bionovis, segundo explicou, surgiu da união, há 11 anos, de quatro grandes laboratórios — Aché, EMS, Hypera Pharma e União Química — que, concorrentes no mercado exterior, decidiram se unir para “trazer algo que não existia no Brasil”, a produção de medicamentos de alta complexidade.
“Nós fechamos um gap [vão, em inglês] de 40 anos que o Brasil tinha em biotecnologia farmacêutica — estou focando em biotecnologia de alta complexidade, cujos produtos representam nosso maior deficit — em oito anos de efetivos trabalhos com ciência e tecnologia. Fechar esse gap é transferir tecnologia, e nesse ramo, é algo muito complexo. Não é trivial”, disse Finotti.
O CEO da Bionovis ressaltou a importância do programa PDP para o desenvolvimento de profissionais brasileiros qualificados na área da biomedicina, os quais permitem ao país vislumbrar a possibilidade de trabalho baseado não somente na transferência de conhecimento de outros países, mas também em uma base própria de pesquisa e desenvolvimento.
“Nós temos hoje 247 profissionais brasileiros, todos com PhD, doutorados, estudando lá fora, que não tinham o que fazer no Brasil porque não tinham onde trabalhar. Esses brasileiros fizeram um anticorpo monoclonal — o componente ativo, não é colocar na embalagem, é o componente ativo, é a coisa mais importante que tem. E por que isso foi possível? Porque tem uma política, que deveria ser uma política do Estado brasileiro, que tem um problema lá dentro chamado PDP. Sem isso, essa fábrica não estaria aqui no Brasil, o Brasil não conseguiria fazer absolutamente nada. Só foi possível porque a Johnson & Johnson acreditou nessa política”, realçou.
*Estagiário sob supervisão de Victor Correia
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