19 de Setembro de 2024

Por que 4 em cada 10 pessoas na Guiana têm origem indiana?


Único país de língua inglesa da América do Sul, a Guiana foi colonizada pelo Reino Unido e recebeu, entre todas as ex-colônias britânicas, o maior número de imigrantes indianos após a abolição da escravidão.

Isso explica uma das maiores curiosidades sobre este pequeno país que faz fronteira com o Brasil e está envolvido em uma disputa territorial centenária com a Venezuela: quatro em cada dez guianeses têm origem no subcontinente indiano, que engloba entre outros Índia, Paquistão e Bangladesh, que eram colônias britânicas. O presidente do país, Irfaan Ali, é um deles. Ali é também o primeiro presidente muçulmano da Guiana - lembrando que o islamismo é, após o hinduísmo, a segunda religião mais prevalente na Índia, além de ser a fé predominante no Paquistão e Bangladesh.

O restante dos guianeses tem origem africana (30%), mestiça (17%) e ameríndia (9%), segundo o Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Mas como um pequeno país na América do Sul, de aproximadamente 160 mil km², pouco maior que o Estado do Ceará, foi povoado por homens e mulheres de outra nação tão distante, do outro lado do planeta?

Em 1814, o Reino Unido ocupou a Guiana durante as Guerras Napoleônicas e mais tarde a transformou na Colônia da Guiana Britânica. Anteriormente, o território da atual Guiana havia sido dominado por franceses e holandeses.

Vinte anos mais tarde, em 1834, a exemplo do que ocorria em outras possessões britânicas pelo mundo, a escravidão de africanos foi abolida.

A chegada dos imigrantes indianos coincidiu com a abolição da escravidão na Guiana.

A demanda por mão de obra fez com que trabalhadores fossem trazidos da Índia.

Vale lembrar que esse fluxo de migração, apesar de mais preponderante na Guiana, ocorreu em outras então colônias britânicas, como Jamaica, Trinidad, Quênia e Uganda.

Na época, ainda não havia ocorrido a partição da Índia — ou seja, Paquistão e Bangladesh não existiam como países independentes.

Esses primeiros imigrantes indianos, 396 no total, ficaram popularmente conhecidos como "Gladstone Coolies", em alusão a John Gladstone, proprietário de uma plantação de açúcar na Guiana Britânica e representante da Associação das Índias Ocidentais.

"Coolie" é um termo usado historicamente para designar trabalhadores braçais oriundos da Ásia, especialmente da China e da Índia, durante o século 19 e início do século 20.

Atualmente, nos países de língua inglesa, o termo é considerado um apelido pejorativo e racista para as pessoas de ascendência asiática.

Esses imigrantes vieram inicialmente em dois navios, o M.V. Whitby e o M.V. Hesperus.

O grupo cruzou o Oceano Índico e o Oceano Atlântico antes de chegar à Guiana. Como trabalhadores contratados, assinaram um acordo pelo qual concordavam em trabalhar vários anos nas lavouras em troca de uma pequena quantia de dinheiro.

Esse sistema permaneceu em vigor por mais de 75 anos e tinha características essenciais "que lembravam muito a escravidão", segundo o Ministério de Educação da Guiana.

No espaço de uma década, a imigração indiana foi em grande parte responsável por "revolucionar" a indústria açucareira, o esteio da economia, dando-lhe sobrevida e prosperidade.

No fim do contrato, alguns retornaram para a Índia enquanto outros permaneceram e se estabeleceram na então Guiana Britânica.

Registros indicam que, entre 1838 e 1917, 238.909 indianos foram trazidos para a Guiana Britânica em cerca de 500 navios como trabalhadores contratados.

A Guiana Britânica foi entre, as colônias de língua inglesas, a que mais trouxe trabalhadores contratados da Índia.

Até hoje, a Guiana celebra o dia da chegada dos primeiros indianos, 5 de maio, como feriado nacional.

O país se tornou independente do Reino Unido em 1966.

Outras conhecidas festividades indianas também marcam presença no calendário dos guianeses, como o Diawli (festival das luzes) e Holi (festival das cores).

Fonte: correiobraziliense

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