O presidente da Rússia, Vladimir Putin, iniciou, ontem, sua campanha à reeleição com um discurso a correligionários no qual prometeu fazer do país uma "potência soberana". Em busca do quinto mandato presidencial, praticamente garantido num sistema político em que a oposição é quase inexistente, o líder russo poderá permanecer à frente do Kremlin até 2030, quando terá 77 anos.
"A Rússia será uma potência soberana e autossuficiente, do contrário, deixará de existir", disse Putin, no poder desde 2000, aos líderes de seu partido, Rússia Unida, em um congresso de apoio à sua candidatura. As eleições, marcadas para março de 2024, acontecem depois de dois anos de ofensiva na Ucrânia, que desencadeou uma série de sanções ocidentais contra Moscou.
No discurso de ontem, Putin destacou que fará da "soberania" um dos principais objetivos do próximo governo. "Só tomaremos decisões nós mesmos, sem conselhos do exterior", frisou, acrescentando: "A Rússia não pode — como alguns países — ceder sua soberania por algumas migalhas e se tornar satélite de alguém".
Putin ressaltou que as potências ocidentais procuram "semear problemas internos" na Rússia, mas que "essas táticas não funcionaram". Ele declarou ainda que há "muito a fazer pelos interesses da Rússia" e que o país enfrenta "tarefas históricas".
O presidente russo anunciou sua nova candidatura, já aguardada, em 8 de dezembro. Todos os adversários políticos de Putin estão na prisão, ou no exílio, o caminho, portanto, está totalmente liberado para a recondução, sem contestações, uma vez que Moscou proibiu as críticas à sua campanha militar na Ucrânia.
Nos preparativos da votação, a Comissão Eleitoral anunciou que os territórios ocupados pela Rússia no leste e sul da Ucrânia participarão do pleito de março de 2024. Não é a primeira vez que isso acontece. Moscou já organizou várias eleições em regiões da ex-república soviética (Zaporizhzhia, Kherson, Donetsk e Luhansk), anexadas em setembro de 2022 e que controla apenas parcialmente. A chancelaria ucraniana afirmou que a iniciativa "viola o direito internacional".
Em entrevista à televisão estatal, Vladimir Putin advertiu que haverá "problemas" com a Finlândia, que entrou no início do ano na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e há poucos dias fechou toda sua fronteira com a Rússia. Em resposta, o chefe do Kremlin anunciou um reforço militar no noroeste do país.
"Arrastaram a Finlândia para a Otan. Tivemos alguma disputa com eles? Todas as disputas, incluindo as territoriais de meados do século 20, foram resolvidas há muito tempo", disse o presidente. "Não havia problemas, agora haverá", acrescentou. Putin decidiu criar um novo distrito militar no noroeste do território russo que se denominará de Leningrado, como uma das regiões que fazem fronteira com a Finlândia.
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