24 de Novembro de 2024

Mercado de trabalho deve manter ritmo de crescimento em 2024


O mercado de trabalho brasileiro deve manter ritmo de crescimento em 2024, após o desempenho favorável dos indicadores de emprego e renda neste ano. A perspectiva, segundo analistas, está associada à previsão de que a economia continuará avançando e à expectativa de afrouxamento da política monetária. Para os analistas, mesmo com a esperada desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB), as contratações devem continuar no campo positivo. Neste ano, o PIB deve avançar 3%, e as projeções para o próximo ano variam entre 1,5% e 2%.

Para o economista, doutor em economia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Benito Salomão, na ausência de choques inesperados, o mercado de trabalho deve permanecer aquecido. "Há um movimento de afrouxamento da política monetária em curso, que deve permanecer até meados do próximo ano. Entretanto, dado que o desemprego já caiu bastante nos últimos anos, as melhoras esperadas para 2024 na redução do desemprego devem ocorrer num ritmo um pouco mais lento", afirmou.

Sobre a projeção de uma desaceleração do PIB, Benito explicou que ainda é preciso ver se de fato, acontecerá. "A experiência recente demonstrou que as expectativas estimadas no começo do ano, no geral, se frustram. O desempenho da economia brasileira nos últimos anos foi bem melhor do que as expectativas do final do ano anterior apontavam", frisou.

Segundo César Bergo, professor de mercado financeiro da UnB e conselheiro do Corecon-DF, o mercado do trabalho brasileiro mostrou uma trajetória de dinamismo grande em 2023, com a criação de quase 1,8 milhão de vagas formais, com carteira assinada, apenas de janeiro a outubro, segundo os dados do Ministério do Trabalho. Na próxima quinta-feira, deverão ser divulgados os dados de novembro, que devem confirmar a tendência.

"Esse cenário nos leva a crer que 2024 ainda será melhor", disse Bergo. "Observamos que houve uma expansão da população ocupada, que o desemprego vem caindo de forma generalizada, abrangendo, praticamente, todos os setores da economia. Obviamente, a indústria ainda ficou devendo, mas os setores de serviços, comércio e agronegócios recuperaram com muita margem a oferta de emprego", explicou.

De acordo com Bergo, alguns setores demonstram muita força para crescimento no próximo ano. "Sobretudo o setor de saúde", afirmou. O economista também ressalta que há expectativa de crescimento nas áreas de tecnologia, especialmente de comunicações. "Ainda mais em função do crescimento das demandas por serviços on-line do e-commerce", disse.

Bergo ressaltou que a busca por profissionais qualificados será a tônica do mercado de trabalho em 2024. "Sobretudo em razão do avanço da tecnologia, com a forte presença da inteligência artificial, que vai ter impacto em diversos setores, como o de informação e comunicações. O setor financeiro também deve ganhar bastante com a introdução da inteligência artificial", pontuou.

O economista destaca também o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Ele implica retomada de obras, o que vai aumentar a oferta de emprego, principalmente, no que diz respeito às parcerias público-privadas em diversos projetos, como estradas, infraestrutura, hospitais, escolas, retomada de obras paradas. Então, acreditamos que, em 2024, vai continuar ocorrendo uma queda gradual do desemprego", ressaltou.

Mercado aquecido
Mercado aquecido (foto: Arte/Correio Braziliense)

O Índice de Confiança Robert Half (ICRH), estudo trimestral que monitora o mercado de trabalho e a economia, aponta que 78% dos recrutadores de empresas sinalizam dificuldades na contratação de profissionais qualificados. Segundo o levantamento, produzido pela empresa de consultoria em recursos humanos de mesmo nome, 67% dos recrutadores acreditam que o cenário não deve mudar nos próximos seis meses, enquanto 25% creem que ficará ainda mais desafiador, o que representa um aumento de 5 pontos percentuais na comparação com a última edição do índice, lançada em setembro.

Em paralelo, as empresas podem enfrentar dificuldades para reter a mão de obra mais qualificada. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Demitidos (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, revelam que os desligamentos a pedido do colaborador corresponderam a 40% do total de demissões no terceiro trimestre deste ano. Isso ocorre porque o baixo nível de desemprego — próximos a 3% para esse tipo de profissional — dão maior grau de liberdade aos profissionais para escolher onde querem trabalhar.

Apesar do cenário favorável, os profissionais, mesmo os mais qualificados, não podem descuidar da sua formação. "O mercado exige uma postura de constante aprimoramento. Em um mercado onde a competição por talentos é acirrada, investir em qualificação, atualização constante e habilidades diferenciadas é essencial", destaca Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.

Fonte: correiobraziliense

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