O Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou o ano com ganho de mais de 22%. No último pregão de 2023, fechou estável, ontem, com variação de 0,01%, mas foi suficiente para atingir 134.209 pontos, a maior pontuação em termos nominais (descontada a inflação) já observada na história do indicador. Essa é a melhor performance da B3 desde 2019, quando registrou alta acumulada de 31,58%.
O dólar terminou o ano em queda em relação ao real. No acumulado de 2023, a moeda norte-americana caiu 8,06%, encerrando a última sessão do ano cotada em R$ 4,85 para a venda, se afastando da máxima histórica de R$ 5,45 registrada em janeiro.
Na avaliação de analistas, o mercado teve uma melhora no desempenho diante do fim das incertezas sobre a política econômica que seria adotada pelo novo governo Lula, que marcaram o início do ano. "As medidas econômicas, com certeza, têm parte nisso. A aprovação do novo arcabouço fiscal e a reforma tributária foram importantes para a reversão desse cenário", destacou Julio Hegedus Netto, economista-chefe da Mirae Asset.
Segundo Enrico Cozzolino, analista da Levante Ideias de Investimentos, uma leitura que pode ser feita em relação às novas máximas que o Ibovespa registrou é de um ajuste do fundamento do preço. "Tivemos um ano bastante conturbado, em que a bolsa de 95 mil a 100 mil pontos estava realmente de graça. Tivemos então um ajuste que veio de repente, exclusivamente nos meses de novembro e dezembro, uma alta de um ano que não aconteceu", analisou.
Apesar disso, Cozzolino afirmou que o fim de ano surpreendeu bastante e fez com que o índice fechasse bem melhor que o esperado. "Se a gente dividisse por todos os meses na renda variável, não seria nenhum espanto, mas esse movimento de rally é o que tem causado bastante interesse e dúvida para os investidores em um curto prazo, olhando para uma bolsa com um valor justo, acima dos 130 mil pontos", disse.
O analista frisou haver incertezas no radar dos investidores. "Para 2024, temos bastante coisa em aberto, para o lado de crescimento com um ambiente sustentável do PIB (Produto Interno Bruto), as questões da Reforma Tributária, de deficit fiscal. São todos fatores muito importantes que trazem uma relação de risco-retorno para investimento talvez não tão favorável."
Para Mônica Araújo, estrategista de renda variável da InvestSmart XP, a expectativa para o IBovespa é positiva tendo em vista as perspectivas em relação à continuidade da redução da taxa de juros e de suas consequências na atividade econômica no médio e no longo prazos.
"Além disso, estamos com um cenário internacional que pode contribuir positivamente para essa perspectiva, dado que a fase mais restritiva das condições financeiras implementadas pelos Bancos Centrais para redução dos índices de inflação parece ter ficado para trás", frisou.
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