23 de Novembro de 2024

Renda fixa: de olho na melhor rentabilidade de investimentos


O investimento em títulos de renda fixa pode ser muito atrativo para quem procura maior rentabilidade a longo prazo, sem deixar de lado a segurança patrimonial. Essa aplicação é considerada de baixo risco, pois o valor do investimento principal é garantido pelo emissor. No entanto, especialistas lembram que os títulos de renda fixa também podem sofrer variações de preço, dependendo da taxa de juros praticada.

Esses foram os atrativos que levaram o estudante de Direito da Universidade de Brasília (UnB) Rafael Porto, 21 anos, a aplicar parte de seu dinheiro em ações do Tesouro Direto. Ampliando o chamado "portfólio" de investimentos.

Rafael justifica a escolha por renda fixa, em contraponto à tradicional poupança, tendo em vista as chances de melhor rentabilidade. O estudante também cita a segurança e a possibilidade de resgate a qualquer momento como pontos positivos. "Adicionalmente, os custos envolvidos no Tesouro Direto tendem a ser mais baixos que os impactos da Taxa Referencial (TR) na poupança, o que influencia positivamente os rendimentos, especialmente em cenários econômicos variados", afirma.

O primeiro mergulho do jovem no mundo dos investimentos foi no mercado de criptoativos. Naquele momento, havia a vontade em explorar a volatilidade e as oportunidades do mercado de renda variável. Com o passar do tempo, Rafael optou por aportar seus recursos em outras categorias de investimento, a fim de buscar, segundo ele, uma abordagem mais equilibrada e diversificada, de olho não só no presente, mas também no futuro.

"Decidi iniciar minha jornada de investimentos com o objetivo claro de alcançar independência financeira passiva. O desejo de fazer o dinheiro trabalhar para mim, aumentando minha liberdade financeira e oportunidades futuras, foi o principal motor para iniciar essa jornada", revela o estudante da UnB.

Apesar de serem mais rentáveis que a poupança, os títulos de renda fixa ainda possuem uma popularidade muito baixa no Brasil. Apenas 1% dos brasileiros investem nessa modalidade, enquanto 26% da população tem dinheiro guardado na poupança. Para o sócio e economista da Bluemetrix Asset, Renan Silva, a confiança da população no modelo mais conservador é histórica. Mas vem perdendo força lentamente, ao passar dos anos.

"Nos anos 1970, o governo garantia a poupança, e isso ficou registrado no DNA do brasileiro. Hoje, não é mais assim, mas a poupança tem o respaldo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), mantido pelas instituições financeiras em caso de default. No entanto, ainda é um produto de baixíssimo risco, dada a composição dos seus investimentos", comenta o economista.

Dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) apontam que os títulos mais procurados são os indexados à taxa básica da economia (Selic), que, atualmente, está estabelecida em 11,75%, desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo o boletim Focus, divulgado em 26 de dezembro pelo Banco Central, as projeções apontam para uma redução da taxa em torno de 9% no final de 2024.

A preferência pela Selic, segundo o economista Renan Silva, é justificada pela maior rentabilidade a longo prazo, diante do atual cenário da taxa, que ainda é uma das maiores do mundo. Segundo a STN, 62,8% dos títulos de renda fixa procurados em outubro eram indexados à Selic. "Se fizermos uma comparação com o resto do mundo, as nossas taxas e a taxa real, principalmente, ela é muito elevada. Então, é compensador. Ao mesmo tempo, os títulos indexados à Selic sofrem menos os impactos de oscilações no mercado financeiro", avalia Silva.

Na sequência, estão os títulos atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com 26,1% da preferência, e os prefixados, com 11,1% — os mais procurados no mês de outubro de 2023. O sócio da Bluemetrix, no entanto, explica que para a economia de um país não são saudáveis as ações de renda fixa, visto que esse recurso financia as dívidas do governo, em vez de financiar o desenvolvimento e a geração de emprego e renda.

"No Brasil não há desvantagem, pelo menos neste momento, no investimento em renda fixa. É claro que é importante ter uma uma diversificação de carteira, de riscos e ter alguma coisa, também, nas ações em renda variável, com vistas a uma aposentadoria, ao futuro. Mas isso numa proporção menor. Enquanto os juros medianos estiverem nesse patamar, é sempre mais compensador os investimentos em renda fixa", acrescenta.

A escolha entre a caderneta de poupança e outros investimentos de renda fixa, como títulos públicos ou CDBs, depende de diversos fatores, incluindo o perfil do investidor, seus objetivos financeiros e o cenário econômico. Segundo o economista Otto Nogami, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), para os conservadores, a caderneta de poupança é ideal, devido a sua segurança e simplicidade, pois não há risco de perda do capital investido. Além de ser isenta de Imposto de Renda.

"Investidores com perfil mais moderado a agressivo podem preferir outras formas de renda fixa, como CDBs ou títulos públicos, que podem oferecer rendimentos maiores em troca de um pouco mais de risco ou liquidez diferenciada", explica o economista. "Outro aspecto relevante a ser considerado diz respeito ao prazo da aplicação. Para objetivos de curto prazo, a poupança pode ser mais vantajosa, pois não há incidência de impostos sobre o rendimento para qualquer período de resgate", diz.

Segundo Nogami, de médio a longo prazo, outros investimentos de renda fixa podem ser mais atraentes, especialmente se considerarmos que o Imposto de Renda pode diminuir com o passar do tempo (tabela regressiva). "Com a Selic acima de 8,50% ao ano, a poupança passa a render 0,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR). O que pode ser competitivo, dependendo da inflação. No entanto, títulos públicos atrelados à Selic ou ao IPCA podem oferecer rendimentos maiores, principalmente em cenários de alta inflação ou juros elevados", afirma.

"A poupança tem liquidez imediata, o que é um ponto positivo para quem precisa de acesso rápido aos recursos. Quanto à segurança, ambos são seguros, mas a poupança possui o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para até R$ 250 mil por CPF e instituição financeira", frisa o professor do Insper.

O economista também ressalta que é fundamental considerar o ganho real (rendimento descontado da inflação). "Em períodos de alta inflação, investimentos atrelados ao IPCA podem ser mais vantajosos. Não há uma única resposta sobre qual é melhor. A decisão deve levar em conta as características pessoais do investidor, seus objetivos de investimento e o contexto econômico", declara Otto Nogami.

Bruno Rocio, assessor da Raro Investimentos, destaca que há mais otimismo entre os brasileiros ao comparar os cenários de dezembro de 2022 e dezembro de 2023, tendo em vista as boas perspectivas para o novo ano. "Em 2024 deveremos ter taxas menores do que as observadas em 2023. Isso porque a Selic seguirá caindo — as apostas para a taxa no fim do ano estão entre 9% e 9,5% — e o ambiente macroeconômico está melhorando, com percepção de risco fiscal menor, inflação controlada e atividade econômica surpreendendo positivamente", pontua.

"Agora, é importante frisar que há uma grande possibilidade de que todos os instrumentos de renda fixa superem o CDI em 2024. Pode ser parecido com 2017, quando tivemos um CDI médio de 9,9% e todos os ativos de renda fixa performaram acima disso. A poupança, porém, seria exceção, como aconteceu em 2023, por exemplo. Portanto, pesquise bem e diversifique a sua carteira de investimentos", aconselha Rocio.

No mercado existem diversos títulos de renda fixa, como Tesouro Direto, Certificados de Depósito Bancário (CDB), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). Os modelos podem ser uma boa opção para investidores que buscam segurança e previsibilidade de rendimentos. Cada modal tem características próprias, como prazo de vencimento, taxa de juros e risco. É importante escolher o que seja mais adequado ao seu perfil de investidor.

Segundo os especialistas, é simples aplicar em renda fixa. Tanto os bancos quanto as corretoras de valores estão aptas a operar, basta abrir uma conta em alguma dessas instituições. Na sequência, o futuro investidor escolherá, com base na avaliação de cada modalidade, o título que melhor se adeque aos seus objetivos.

Também é importante estar ciente de que, embora a segurança e a previsão de melhor rentabilidade, nenhum investimento é 100% seguro. Antes de dar o primeiro passo, é fundamental buscar aconselhamento profissional, a fim de evitar problemas ou frustrações futuras.

*Estagiário sob a supervisão de Michel Medeiros

 

Fonte: correiobraziliense

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