22 de Novembro de 2024

Cientistas usam estimulação para tornar pessoas mais 'hipnotizáveis' contra dor


Pesquisadores da faculdade de medicina de Stanford descobriram como aumentar temporariamente a hipnotizabilidade, o que pode permitir que mais pessoas tenham acesso aos benefícios da terapia baseada em hipnose. Os pesquisadores notaram que menos de dois minutos de estimulação elétrica direcionada a uma área precisa do cérebro poderia aumentar a hipnotizabilidade dos participantes por cerca de uma hora.

A hipnotizabilidade é a profundidade com que uma pessoa pode ser hipnotizada, notado pelos pesquisadores que seria uma característica estável que muda pouco ao longo da vida adulta, assim como a personalidade e o QI.

"Sabemos que a hipnose é um tratamento eficaz para muitos sintomas e distúrbios diferentes, em especial a dor", disse Afik Faerman, autor do estudo. "Mas também sabemos que nem todos se beneficiam igualmente da hipnose."

Foi notado que, aproximadamente dois terços dos adultos são, pelo menos, "um pouco hipnotizáveis" e 15% são considerados "altamente hipnotizáveis".

“A hipnose é um estado de atenção altamente concentrada, e uma maior hipnotizabilidade aumenta as chances de você se sair melhor com as técnicas que utilizam a hipnose", disse David Spiegel, MD, professor de psiquiatria e ciências comportamentais e autor sênior do estudo.

Os pesquisadores descobriram que as pessoas altamente hipnotizáveis tinham uma conectividade funcional mais forte entre o córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo, que está envolvido no processamento de informações e na tomada de decisões, e o córtex cingulado anterior dorsal, envolvido na detecção de estímulos.

A hipnotizabilidade pode servir como técnicas de neuroestimulação não invasivas para tratar doenças como depressão, transtorno obsessivo-compulsivo. Os pesquisadores recrutaram 80 participantes com fibromialgia, uma condição de dor crônica que pode ser tratada com hipnoterapia e excluíram aqueles que já eram altamente hipnotizáveis.

Metade dos participantes recebeu estimulação magnética transcraniana, em que pás aplicadas ao couro cabeludo fornecem pulsos elétricos ao cérebro. Eles receberam duas aplicações de 46 segundos que emitiram 800 pulsos de eletricidade em um local preciso do córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo. Os locais exatos dependiam da estrutura e da atividade exclusivas do cérebro de cada pessoa.

A outra metade dos participantes recebeu um tratamento simulado com a mesma aparência, mas sem estimulação elétrica. A hipnotização foi avaliada por clínicos imediatamente antes e depois dos tratamentos, sem que nem os pacientes nem os clínicos soubessem quem estava em cada grupo.

Os pesquisadores descobriram que os participantes que receberam a neuroestimulação apresentaram um aumento estatisticamente significativo na hipnotizabilidade. O grupo simulado não apresentou nenhum efeito. Quando os participantes foram avaliados novamente, uma hora depois, o efeito já havia passado e não havia mais diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos.

Os pesquisadores planejam testar se diferentes dosagens de neuroestimulação poderiam aumentar ainda mais a hipnotizabilidade.

A pesquisa concluiu que um aumento transitório na hipnotizabilidade pode ser suficiente para permitir que mais pessoas com dor crônica escolham a hipnose como alternativa ao uso prolongado de opioides.

Fonte: correiobraziliense

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