O Banco Mundial manteve sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2024 em 2,4%, o que marcaria o terceiro ano seguido de desaceleração. Em seu relatório de Perspectivas Econômicas Globais, publicado, nesta terça-feira (9/01), a entidade alertou para o risco de uma "década de oportunidades desperdiçadas", com a economia global caminhando para ter sua pior performance em meia década.
Com exceção da forte recessão causada pela pandemia de covid-19 em 2020, este seria o crescimento global mais baixo em um ano desde a crise financeira de 2008. O documento estima que a economia global tenha expandido 2,6% em 2023 e que deve voltar a acelerar levemente a 2,7% em 2025.
A desaceleração neste ano, de acordo com o banco, será resultado dos efeitos atrasados do aperto na política monetária e condições financeiras restritivas, ao lado de investimento e comércio globais fracos.
O relatório ainda destaca que a atividade enfrentará riscos negativos de uma possível escalada de conflitos no Oriente Médio, que poderá levar a um aumento dos preços do petróleo, e a fenômenos meteorológicos extremos, que afetam principalmente a agricultura, a energia e a pesca.
Além das dificuldades para a economia global, a organização financeira destaca que a recuperação pós-covid tem sido muito desigual. "O crescimento a curto prazo permanecerá fraco e levará muitos países em desenvolvimento, especialmente os mais pobres, a uma armadilha: com níveis de dívida paralisantes e acesso precário aos alimentos para quase uma em cada três pessoas", disse Indermit Gill, economista-chefe do Banco Mundial.
A maioria das economias avançadas voltou a níveis equivalentes ou superiores aos anteriores à pandemia, mas este não é o caso de muitos países em desenvolvimento ou emergentes. “Sem uma aceleração do crescimento global nos próximos anos, a população de um em cada quatro países em desenvolvimento será mais pobre até o final da década de 2020 do que era antes da pandemia", disse Gill.
Os efeitos do aperto monetário devem chegar ao seu pico em 2024 e poderão fazer com que as taxas de juros reais permaneçam elevadas por um período prolongado, à medida que a inflação retorna à meta apenas gradualmente. De acordo com o Banco Mundial, essa configuração deverá manter restritiva a postura da política monetária dessas economias no curto prazo.
Nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, a instituição pondera que o ciclo de relaxamento monetário poderá ser contido pela diminuição nos diferenciais de juros em relação às economias avançadas.
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