22 de Novembro de 2024

Hormônios sexuais podem deixar mulheres mais resistentes à anestesia


Um novo estudo sugere que as mulheres são mais resistentes a anestesias devido a seus hormônios sexuais. A anestesia geral funciona, em parte, alterando a atividade do hipotálamo, a parte do cérebro que regula o sono e a vigília, levando a um estado de inconsciência controlada. Investigações anteriores descobriram que os circuitos dos neurónios nesta região diferem entre os sexos. O estudo recente foi publicado na revista PNAS.

A pesquisa foi feita pela Universidade da Pensilvânia. Os cientistas procuraram fazer uma análise comportamental da sensibilidade anestésica em ratos e em seres humanos. Os ratos foram capazes de detectar e retirar um autocolante do focinho, como sinal de que tinham saído da anestesia. Os dados relativos aos seres humanos foram obtidos num ensaio que envolveu 30 voluntários saudáveis, tendo os investigadores avaliado a sua capacidade de responder a sinais sonoros e efetuado testes de consciência e cognição.

Tanto nos ratos, quanto nos humanos, os resultados revelaram que as fêmeas demoravam mais tempo a ficar anestesiadas e saíam do estado mais rapidamente. Descobriram também que a menor resistência dos machos era modulada pela testosterona; por conseguinte, os ratos machos castrados tornavam-se mais resistentes, e depois ficavam menos resistentes quando recebiam injeções de testosterona.

Os cérebros também foram monitorados durante a anestesia por eletroencefalogramas (EEG), que podem ser utilizados em contextos clínicos para medir a profundidade do estado anestésico. De forma inesperada, não foram detectadas diferenças entre os sexos.

Os investigadores concluíram que "as diferenças de sexo na sensibilidade anestésica são evolutivamente conservadas e não se refletem nas medidas convencionais de profundidade anestésica baseadas no electroencefalograma”. O estudo descreveu o fenômeno como "resistência dissimulada à anestesia" e sugere que pode explicar a maior incidência de consciência sob anestesia geral nas mulheres e a razão pela qual as abordagens clínicas típicas, como os EEGs, não revelaram quaisquer diferenças baseadas no sexo.

A conclusão também destaca outro fator importante - de onde provêm as informações que os médicos utilizam para orientar a anestesia. "Em contextos clínicos, a administração de anestésicos é normalmente orientada por dados desproporcionalmente compilados em homens". "Como demonstramos, esta abordagem pode subestimar significativamente os requisitos anestésicos para pacientes do sexo feminino."

Fonte: correiobraziliense

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