Caracterizado por manchas acastanhadas de bordas irregulares que surgem principalmente em áreas fotoexpostas, como a testa e a região malar, o melasma figura entre as condições de pele mais comuns no Brasil: segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Dermatologia, atinge cerca de 35% das mulheres do país, podendo ser considerado uma verdadeira epidemia brasileira.
“O melasma é uma doença que causa o aumento da produção de melanina (pigmento que dá cor à pele) pelos melanócitos (células da pele que produzem a melanina). Afeta majoritariamente mulheres, especialmente gestantes ou que fazem uso de medicamentos contraceptivos hormonais. No entanto, homens também podem desenvolver a condição. E, ainda que não represente um risco significativo para a saúde, o melasma pode gerar um grande desconforto estético”, explica Danilo S. Talarico, médico pós-graduado em tricologia médica e cirurgia capilar. E, apesar de ter tratamento, que é focado no controle das manchas, o melasma é considerado uma doença crônica, logo, não tem cura e o tratamento não é definitivo. Logo, a prevenção é a melhor estratégia para lidar com o problema.
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O melasma é uma doença multifatorial, com diversos mecanismos de ação envolvidos que devem ser levados em consideração no combate à condição. Nesse sentido, o principal fator desencadeante do melasma é, sem dúvida, a radiação ultravioleta do sol. “A radiação solar estimula os melanócitos a produzirem melanina, pigmento que dá cor à pele e causa as manchas. Além disso, alguns estudos têm apontado a luz visível, como aquela emitida por dispositivos eletrônicos, como outro fator desencadeante do melasma”, diz Cláudia Merlo, médica especialista em cosmetologia pelo Instituto BWS. Logo, o carro-chefe contra o melasma é o uso diário de protetor solar. “O ideal é optar por um filtro solar mineral com cor, pois é capaz de proteger a pele contra os danos dos três grandes agressores do melanócito: os raios ultravioletas, os raios infravermelhos e a luz visível”, recomenda Danilo Talarico.
“Pacientes com histórico familiar da doença têm maior chance de sofrer com as manchas do melasma e, por isso, devem redobrar os cuidados preventivos. O mesmo vale para grávidas e pessoas que fazem uso de anticoncepcionais devido à ação dos hormônios femininos no estímulo da pigmentação da pele”, afirma o dermatologista Renato Soriani, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e expert em tecnologias dermatológicas.
Uma vez que as manchas apareçam na pele, dada a variedade de fatores envolvidos na doença, a união de diferentes abordagens terapêuticas, sempre associada aos cuidados preventivos, é essencial para o controle do melasma e é o que garante bons resultados. Por exemplo, uma rotina diária de cuidados com a pele é fundamental no controle da condição.
“O skincare devidamente ajustado para o melasma promoverá não só o clareamento das manchas, com ativos que reduzem a produção da melanina, mas reduzirá as agressões que os melanócitos sofrem no dia a dia. Mas não podemos nos iludir acreditando que a rotina de cuidados com a pele evitará o surgimento do melasma, pois a origem da doença independe dos produtos tópicos aplicados e advém de fatores genéticos, hormonais e ambientais de cada paciente”, diz Danilo Talarico.
Na rotina skincare, Danilo recomenda o uso de limpadores extremamente suaves para higienizar a pele sem agredi-la. “Quem procura por um rejuvenescedor pode optar por produtos formulados com alfa-hidroxiácidos, que auxiliam no clareamento e no rejuvenescimento da pele de maneira menos agressiva”, aconselha o especialista.
Clareadores tópicos também são indispensáveis. Mas, como existem diversos mecanismos envolvidos no melasma, uma única formulação pode não ser suficiente, sendo necessário formular produtos diurnos e noturnos.
“Formulações noturnas, geralmente, associam ácidos que irão estimular a renovação celular, deixando a pele mais sensibilizada, além de conterem substâncias que são fotossensíveis. Então, aposte em fórmulas com ativos que age na proteína chave que regula a pigmentação, que diminui a produção de melanina e o fator vascular relacionado ao melasma, que iniba a enzima envolvida no processo de pigmentação da pele) e antioxidante, recomenda a farmacêutica Patrícia França, gerente científica da Biotec Dermocosméticos.
Já pela manhã, deve usar ativos que continuam o processo de clareamento, diminuem a inflamação e atuam como fotoprotetores. “Essa fórmula pode conter ativos como Ascorbosilane C (vitamina C vetorizada em silício que atua inibindo a melanogênese), Proshield MDC (produto com potente ação antioxidante e protetora contra a luz visível, poluição digital e luz azul), Silimarina (antioxidante), Niacinamida (antioxidante e atua na inibição da transferência da melanina formada para o queratinócito) e Miniporyl (atua como anti-inflamatório e modulador dos sebócitos, que conduzem à modificações de fibroblastos e comportamento dos melanócitos)”, acrescenta Patrícia.
É importante ressaltar ainda que existem fatores menos conhecidos que também favorecem a piora do quadro do melasma, prejudicando o tratamento, como é o caso do calor. “O calor externo do clima, da sauna e até mesmo do fogão pode escurecer as manchas da condição”, alerta Claudia Merlo. Pacientes com melasma também devem redobrar a atenção com hábitos que aumentam a produção de radicais livres. “Qualquer hábito relacionado com a liberação de radicais livres pode piorar o melasma, incluindo estresse, tabagismo e exposição à poluição. Por isso, além de evitá-los, é recomendado o uso de cosméticos formulados com antioxidantes”, diz Renato Soriani.
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