22 de Novembro de 2024

A cidade dos EUA em estado de emergência após alta de 533% em mortes por fentanil


As autoridades de Portland, a maior cidade do Estado do Oregon, nos Estados Unidos, declararam estado de emergência por 90 dias, em uma tentativa de conter o impacto do fentanil na cidade dos EUA.

O uso generalizado de fentanil, um analgésico sintético 50 vezes mais potente que a heroína, é o fator causador do aumento de mortes relacionadas a drogas nos EUA.

No Oregon, o aumento de mortes ocorreu em momento em que também houve decisão de descriminalizar o uso da maioria das drogas, incluindo o fentanil.

Na terça-feira (30/1), autoridades estaduais e municipais disseram que o uso tolerado de drogas está prejudicando Portland, uma cidade que viu a falta de moradia e o vício em drogas se espalharem em suas ruas nos últimos anos.

O fenômeno fez com que diversas empresas importantes e alguns moradores decidissem se mudar para outros lugares.

De acordo com o condado de Multnomah, onde Portland está localizada, o número de mortes por overdose relacionadas ao fentanil aumentou 533% entre 2018 e 2022.

A governadora Tina Kotek anunciou o estado de emergência e reconheceu que a cidade está sofrendo "danos econômicos e de reputação" devido ao problema do fentanil.

"Nosso país e nosso estado nunca viram uma droga tão viciante e todos nós estamos lutando para encontrar uma resposta", disse a governadora em um comunicado.

O uso do fentanil se espalhou nos EUA nos últimos anos, tornando-se um grande problema político e de saúde.

O uso da droga cresceu exponencialmente. Em 2016, o fentanil foi responsável por 62% das mortes por overdose em Washington. Em 2022, foi a causa de 96% das mortes relacionadas ao uso de drogas.

O presidente Joe Biden descreveu a situação como uma "tragédia". Seu governo anunciou em novembro um plano federal para facilitar o acesso ao tratamento para dependentes químicos e fortalecer a cooperação internacional.

Alguns dos produtos químicos utilizados na fabricação do fentanil são exportados em massa da China e processados no México por grupos criminosos.

Acompanhado pelo prefeito de Portland, Ted Wheeler, e pela presidente do condado de Multnomah, Jessica Vega Pederson, a governadora anunciou na terça-feira uma nova ação das três instâncias de governo para enfrentar a crise do fentanil.

A ordem estabelece um centro de comando temporário onde "funcionários estaduais, municipais e do condado se reunirão para coordenar estratégias e esforços de resposta", disseram Kotek, Wheeler e Vega Pederson em comunicado conjunto.

O plano também prevê uma campanha da Secretaria de Saúde do Oregon com propagandas em outdoors, transporte público e na internet para promover a prevenção e o tratamento da dependência de drogas.

A campanha também pede recursos para os dependentes e faz um apelo à polícia para reprimir o tráfico aberto de droga.

A governadora disse que os líderes do condado, da cidade e do Estado agirão com "urgência e unidade" para apresentar progressos contra o fentanil.

"Os próximos 90 dias levarão a uma colaboração e recursos sem precedentes centrados no fentanil e fornecerão um roteiro para os próximos passos", acrescentou.

Todos em Portland sabem que o desafio não será fácil.

Em 2020, os habitantes do Oregon aprovaram a Medida 110, que descriminalizou o consumo da maior parte das drogas e estabeleceu que quando a polícia encontra consumidores de fentanil deve encaminhá-los para centros de tratamento. Muitos deles, porém, não aparecem.

De acordo com dados estaduais, as mortes por opioides em Oregon aumentaram de 738 em 2021, primeiro ano em que a lei entrou em vigor, para 956 em 2022.

A governadora já havia pedido aos legisladores estaduais que aprovassem uma lei que criminalizasse o uso público de drogas, semelhante às leis para álcool em muitos lugares dos EUA.

Mas as tentativas de endurecer as políticas estatais em matéria de drogas poderão enfrentar a oposição dos grupos de tratamento da dependência, que afirmam que a recriminalização levará muitos a usar fentanil em privado, o que, segundo eles, aumentaria os riscos e o número de overdoses.

Fonte: correiobraziliense

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