Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que uma bituca de cigarro pode contaminar cerca de 67 litros de água do mar. O estudo, feito pelo Instituto do Mar (IMAR), Campus Baixada Santista, é um dos primeiros no Brasil a analisar os impactos nos animais marinhos e mostrou como os resíduos podem ser prejudiciais e até mesmo causar a morte de espécies.
E não é a simples contaminação por um resíduo sólido. Nesse caso, os perigos podem estar nas toxinas que o cigarro libera na água. Professor da Unifesp e um dos autores do estudo, Rodrigo Choueri explica que as bitucas podem liberar elementos potencialmente tóxicos como arsênio, cobalto, zinco, amônia e HPAs (que são considerados Poluentes Orgânicos Persistentes - POPs).
“A gente não consegue testar analiticamente todos os poluentes possíveis porque o cigarro tem muitas toxinas, muitos contaminantes junto com ele, mas alguns deles a gente detectou”, comenta o pesquisador. Ele explica que a intenção desse estudo não foi analisar impactos diretos na saúde humana. “O que a gente pode dizer é que há potenciais impactos ecossistêmicos e isso pode se desdobrar em desequilíbrios (ambientais) em regiões que têm uma poluição muito grande”.
Para fazer a pesquisa, o grupo utilizou cigarros artificialmente fumados por uma máquina e dissolveu os componentes na água em diferentes proporções. Entre os animais pesquisados, estavam a bolacha do mar, o ouriço-do-mar e microcrustáceos importantes para a cadeia alimentar marinha.