Atenção: esta reportagem tem detalhes de crimes cometidos pelo acusado que podem ser perturbadores.
Um julgamento na Alemanha envolvendo o principal suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann foi abruptamente adiado na sexta-feira (16/2) após seus advogados se oporem à participação de uma juíza na audiência por postagens feitas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os advogados do acusado, Christian Brückner, alegaram que a juíza em questão expressou opiniões "radicais" nas redes sociais e incitou a violência contra Bolsonaro nos posts publicados em agosto de 2019.
Na mensagem, reproduzida pela juíza em inglês, português e alemão, a juíza disse que Bolsonaro "é o diabo", disse que "ele destrói tudo" e incentivou atos violentos contra o ex-presidente.
Ela faz parte de um painel de cinco juízes responsáveis por apreciar o caso, dos quais três são juízes profissionais e dois são cidadãos que atuam como juízes leigos.
Na Alemanha, onde os julgamentos não têm jurados, os juízes leigos desempenham um papel semelhante de representação do público no caso.
Um dos advogados de Brückner, Philipp Marquort, disse à BBC que seu cliente os instruiu a “excluir” a juíza leiga.
Após um breve intervalo no tribunal, foi acordado que o processo seria suspenso enquanto as reivindicações eram examinadas.
O julgamento deverá ser retomado em uma semana.
Brückner foi a julgamento na sexta-feira sob três acusações de estupro e duas de abuso sexual que datam de um período que vai de 2000 a 2017. Os cinco casos ocorreram em Portugal.
As acusações não têm relação com o desaparecimento de Madeleine, no qual Brückner nega envolvimento.
Madeleine tinha 3 anos quando sumiu de um apartamento de veraneio na Praia da Luz, na região do Algarve, em Portugal, em 2007.
O caso teve uma grande repercussão em todo mundo e, após 17 anos, ainda não foi solucionado.
Imediatamente após o desaparecimento, Brückner não foi investigado. A polícia portuguesa chegou a considerar na época os pais da menina como suspeitos.
A suspeição de Kate e Gerry McCann foi retirada em 2008, e o casal recebeu mais tarde um pedido de desculpas pela forma como o caso foi conduzido.
Brückner foi apontado como principal suspeito pelo sumiço da menina por investigadores alemães em junho de 2020 em uma investigação que tratou o caso como um homicídio.
Depois disso, ele foi considerado formalmente suspeito por autoridades portuguesas, mas nunca chegou a ser acusado formalmente, e os detalhes completos da investigação alemã nunca foram divulgados.
As acusações que ele enfrenta no tribunal alemão dizem respeito a cinco crimes de natureza sexual não relacionados cometidos em Portugal:
Nos três casos de estupro, Brückner é acusado de chicotear as vítimas e filmar as agressões.
Isto aconteceu três semanas e meia antes do desaparecimento de Madeleine McCann.
O julgamento está ocorrendo no Estado da Baixa Saxônia, no noroeste da Alemanha, porque foi lá que Brückner foi oficialmente registrado como residente pela última vez.
De acordo com o Código Penal alemão, ele poderá pegar uma pena de 5 a 15 anos de prisão se for considerado culpado.
O advogado de Brückner disse anteriormente que as acusações são baseadas em fatos “questionáveis”.
Ele disse ainda recentemente à BBC que espera que seu cliente permaneça em silêncio na maioria do julgamento, mas ressaltou que “nenhuma conclusão negativa” poderia feita a partir disso.
Brückner nasceu na Baviera, Alemanha, em dezembro de 1976 e supostamente passou algum tempo sob cuidados médicos durante sua juventude.
Segundo procuradores, ele teria vivido “de forma mais ou menos permanente” no Algarve entre 1995 e 2007, trabalhando em bicos.
A BBC teve acesso a partes do seu processo criminal português, que mostra que ele teve diversas condenações anteriores por pequenos crimes, roubo e estupro.
Brückner cumpre pena de sete anos de prisão por estuprar uma turista americana de 72 anos em 2005, na Praia da Luz.
Este julgamento poderá determinar se ele permanecerá atrás das grades após essa sentença, que deverá terminar em dezembro de 2026.
Fonte: correiobraziliense
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