22 de Novembro de 2024

Especialista esclarece possível contração de HIV com 'agulhadas' criminosas


A Secretaria de Saúde de Pernambuco informou que 29 pessoas procuraram atendimento após terem sido furadas com agulhas em meio à multidão no carnaval de Recife e de Olinda. As vítimas estão passando por Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que é uma medida de prevenção de urgência para ser utilizada em situação de risco de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). O Correio conversou com o infectologista André Bon Fernandes, do Hospital Universitário de Brasília (HUB), para entender sobre os riscos dessas "agulhadas".

"Acidentes perfurocortantes com material biológico são de risco para a transmissão de diversas doenças infecciosas, principalmente hepatite B, hepatite C, HIV, sífilis. Vale dizer que o HIV não é transmitido por meio do sangue seco, pois a vida do HIV fora do corpo humano é muito curto. Mas existe sim a possibilidade de, em um acidente com agulha com sangue fresco, ocorrer a transmissão de HIV", explica o especialista. Cabe destacar que o HIV é o vírus causador da Aids — doença que causa enfraquecimento do sistema de defesa do corpo.

O infectologista pontua que nos casos de acidentes com agulhas, principalmente se no objeto houver sangue, é necessário buscar atendimento médico imediato e realizar a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). "Porque é um acidente de fonte desconhecida, não se sabe quem estava fazendo uso daquela agulha. Nesse sentido, fica indicado a Profilaxia Pós-Exposição para HIV, avaliação do cartão vacinal em relação a hepatite B para ver se o paciente precisa fazer proxalia para essa doença infecciosa, com vacina e soro", ressalta André.

Depois do acidente, também é importante lavar a área ferida com água e sabão, além de evitar colocar outros produtos. "Atenção também aos riscos relacionados a tétano, a conferência da carteira de vacinação sobre vacina antitetânica é super importante, pois se não tiver dentro do período adequado, a pessoa precisa passar pela vacinação", frisa o infectologista.

O Código Penal brasileiro estabelece pena de detenção, de três meses a um ano a quem expor a vida ou a saúde de uma pessoa a perigo direto e iminente.

A Profilaxia Pós-Exposição consiste no uso de medicamentos ou imunobiológicos para reduzir o risco de adquirir essas infecções. Segundo o Ministério da Saúde, existe profilaxia específica para o vírus do HIV, da hepatite B e para outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). Essa medida deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio, como violência sexual, relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com seu rompimento) ou em casos de acidentes ocupacionais (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico).

"Como profilaxia para o risco de infecção pelo HIV, a PEP tem por base o uso de medicamentos antirretrovirais com o objetivo de reduzir o risco de infecção em situações de exposição ao vírus. Trata-se de uma urgência médica e deve ser iniciada o mais rápido possível, preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição de risco e no máximo em até 72 horas. A profilaxia deve ser realizada por 28 dias e a pessoa tem que ser acompanhada pela equipe de saúde, inclusive após esse período, realizando os exames necessários", diz o Ministério da Saúde.

Fonte: correiobraziliense

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